Em assembleia realizada na manhã de hoje (16) na fábrica da Volkswagen em São Bernardo, na região do ABC paulista, os trabalhadores decidiram pôr fim à greve que durou dez dias. A decisão foi tomada depois de a montadora decidir suspender as 800 demissões comunicadas aos funcionários no final do ano. Eles deverão retomar atividades na segunda-feira (19). Além disso, conforme acordo discutido durante reunião realizada ontem, a empresa dará este ano reajuste com base na variação da inflação. As informações são do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
O acordo deve assegurar ainda a chegada de um novo modelo a São Bernardo, uma reivindicação dos metalúrgicos. Em nota divulgada pouco depois das 10h, a Volks disse ver "com satisfação" a aprovação de um acordo de competitividade. Segundo a empresa, as partes chegaram a uma proposta "balanceada que possibilitará a adequação da estrutura de custos e efetivo da unidade", mantendo medidas como programas de demissões voluntárias e "desterceirizações" temporárias, para absorver mão de obra considera excedente pela companhia. "Além disto, assegura a vinda de uma nova plataforma mundial de produto e modelos, solidificando as bases de um futuro sustentável para a Unidade Anchieta."
A paralisação começou no dia 6, no retorno das férias coletivas. Oitocentos trabalhadores haviam informados, por telegrama, que não deveriam retornar ao serviço. A empresa alegou necessidade de ajustes ao mercado, destacando ter adotado antes outras alternativas. O sindicato afirma que a montadora já deveria estar fabricando um novo modelo de carro médio em São Bernardo, conforme acordo de 2012, que garantia mais investimentos e manutenção de postos de trabalho.
A fábrica da Volks no ABC, inaugurada em 1959, produz o Novo Gol, Polo, Polo Sedan, Saveiro e Saveiro Cross. Há pouco mais de um ano, a empresa deixou de produzir o Gol G4 e a Kombi. A unidade tem 13 mil trabalhadores.
O presidente do sindicato, Rafael Marques, disse que vai insistir nas propostas encaminhadas ao governo federal para estimular o setor, que incluem a adoção de um sistema de proteção ao emprego, renovação da frota de caminhões e ampliação do crédito. Na última terça (13), quando entregou a pauta ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, ele falou da urgência da implementação de um programa para proteger o emprego. "Além destas 800 demissões anunciadas, o Brasil tem hoje cerca de 4 mil trabalhadores em montadoras com contrato de trabalho suspenso, o lay-off, que podem se beneficiar do programa."
Na posse do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, dia 7, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Cayres, também apresentou a proposta. Há uma pauta entregue ainda ao governo do estado de São Paulo.
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