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No domingo passado (8), o blogueiro Luis Nassif postou uma grave denúncia sobre a seletividade da Rede Globo na cobertura da Operação Lava-Jato, que apura o escândalo de corrupção na Petrobras:
Ontem, a diretora da Central Globo de Jornalismo, Silvia Faria, enviou um e-mail a todos os chefes de núcleo com o seguinte conteúdo:
“Assunto: Tirar trecho que menciona FHC nos VTs sobre Lava a Jato
Atenção para a orientação
Sergio e Mazza: revisem os vts com atenção! Não vamos deixar ir ao ar nenhum com citação ao Fernando Henrique”.
Ainda segundo Luis Nassif, a ordem “se deveu ao fato da reportagem ter procurado FHC para repercutir as declarações de Pedro Barusco – de que recebia propinas antes do governo Lula. No Jornal Nacional, o realismo foi maior. Não se divulgou a acusação de Barusco, mas deu-se todo destaque à resposta de FHC assegurando que, no seu governo, as propinas eram fruto de negociação individual de Barusco com fornecedores; e no governo Lula, de acertos políticos. Proibiu-se também a divulgação da denúncia da revista Época (do próprio grupo) contra Gilmar Mendes”.
Diante da grave denúncia, que indica mais um crime de sonegação informativa, a direção da TV Globo preferiu se fingir de morta. Não desmentiu nem confirmou a informação. Passado quatro dias, os telejornais da emissora até informaram que o nome de FHC havia sido citado nas delações premiadas da Lava-Jato. Mas pegaram bem leve. Bem ao contrário do escândalo feito com as acusações, sem prova, contra o ex-ministro José Dirceu. O Jornal Nacional tem dedicado vários minutos para atacar diariamente o líder petista. Já no que se refere ao tucano FHC, ele segue as ordens expressas da diretora do império global: “Não vamos deixar ir ao ar nenhum com citação ao Fernando Henrique”.
Emissora seria punida em outro país
Em qualquer outro país um pouco mais civilizado, a “orientação” da chefona da TV Globo resultaria em imediata investigação. Afinal, a emissora explora uma concessão pública de televisão e deveria seguir normas rígidas de imparcialidade e pluralidade informativas. Mas no Brasil não há qualquer órgão que garanta estes preceitos democráticos. Nos EUA, país tão paparicado pela mídia colonizada, existe a Federal Communications Commission (FCC), criada em 1934, que fiscaliza as emissoras da rádio e televisão. Seu papel principal é evitar a monopolização no setor, mas ela também recebe queixas sobre conteúdos distorcidos das programações e faz recomendações.
Já na Europa, os órgãos reguladores são ainda mais rígidos na questão do conteúdo. No Reino Unido, o Office of Communications (Ofcom) tem a missão, entre outras, de zelar pela qualidade e diversidade nas programações. Abusos comprovados são punidos de acordo com legislação. Em outros países europeus, como Portugal, Itália, França e Espanha, também existem órgãos formados pelas empresas de mídia, poderes públicos e entidades da sociedade civil para fiscalizar o conteúdo das concessões públicas de rádio e televisão. No período mais recente, a América Latina também deu passos importantes no sentido de coibir a “ditadura midiática” – seja na Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador e outros.
Já o Brasil segue na “vanguarda do atraso” neste campo tão estratégico. Isto ajuda a explicar a ordem da diretora da Rede Globo para esconder o grão-tucano FHC. Ela sabe que o império global não será investigado e nem punido.
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