Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Sei que muitos de nós – eu, particularmente – preferiríamos um enfrentamento direto.
Mas está claro que o mundo da política real – dada a mediocridade de seus atores e, sobretudo, de seus narradores da mídia – divide-se hoje em dois segmentos.
Um mudo, outro estridente.
Ou nem tanto, talvez um meio do caminho entre isso e aquela folclórica divisão da multidão nos linchamentos, entre os “mata” e o “esfola”.
O dos profissionais da política, que trabalham para devorar, migalha após migalha, o poder que não tem apelo para conquistar nas urnas e sugar o poder legalmente instituído, num processo de drenagem que ao mesmo tempo os fortalece naquilo que podem: a absorção de vantagens “fisiológicas” e econômicas, que não são poucas, diante de um governo fraco, aparentemente exangue.
O poder – congressual e político – vale muito. E não é preciso dizer quem ( ou “quens”, porque sua figura mais notória, Eduardo Cunha, não é o que é de per si, mas porque os representa) leva com isso a vantagem de ser o detentor de mando que as urnas não lhes daria e interlocutor sonante dos interesses das ações e omissões do governo.
Não pense que este grupo exclui parte do PSDB, não.
Ouça o silêncio da “velha guarda” dos tucanos e verá que eles observam lá adiante, o rompimento destas forças do Governo, costurado por Lula há perto, já, de uma década, e a possibilidade de adesão que se abre para 2018.
Ou a discrição de José Serra e os ótimos modos de Geraldo Alckmin não querem dizer nada?
Outro grupo é o da histeria direitista, que cresceu exponencialmente desde 2013.
Ou a parcela da oposição que resolveu ser aquilo que a ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito, dizia que era um papel vago, que a mídia assumia: o de “verdadeira” oposição.
Moralista, barulhenta, alimentada pela arrogante ignorância de parte das classes médias despolitizadas, alimentou-se do ambiente que o próprio PT fomentou: a ascensão despolitizada de setores da pobreza à festejada “classe C” e o moralismo que atirava a política e aos políticos todos num (desprezível) saco só: o dos ladrões.
Quem achar que estou delirando, tente lembrar ou pesquisar porque Leonel Brizola dizia que havia no PT algo como uma “UDN de tamancos”, uma ironia com a UDN de “punhos de renda” que representava as classes médias urbanas no pré-64.
É uma força disponível, órfã de líderes com alguma densidade, à procura de rostos que possam, como conseguiu Aécio Neves, representá-la em toda a sua babugenta histeria, da qual só cuidam de maquiar as erupções de fascismo explícito.
Cada vez parece mais claro que o Governo Dilma optou pela turma do “esfola” como forma de evitar a do “mata”.
E espera conservar o núcleo do poder, aguardando ter forças para reagir.
Resta saber se, de tão esfolados, não acabamos irreconhecíveis.
A sabedoria do povo brasileiro, em duas eleições desfavoráveis – 2006 e 2014 – pôde identificar neste cerne onde estavam seus interesses e venceu.
Mas os homens e mulheres se sucedem e, para as novas gerações, órfãs do discurso político-ideológico, acabamos nos aproximando daquela idéia de “um saco só” que serviu, a certa altura, para negar a política e endeusar a “pureza” que, nesta e em outras acepções, sabemos pela história em que termina.
Sei que muitos de nós – eu, particularmente – preferiríamos um enfrentamento direto.
Mas está claro que o mundo da política real – dada a mediocridade de seus atores e, sobretudo, de seus narradores da mídia – divide-se hoje em dois segmentos.
Um mudo, outro estridente.
Ou nem tanto, talvez um meio do caminho entre isso e aquela folclórica divisão da multidão nos linchamentos, entre os “mata” e o “esfola”.
O dos profissionais da política, que trabalham para devorar, migalha após migalha, o poder que não tem apelo para conquistar nas urnas e sugar o poder legalmente instituído, num processo de drenagem que ao mesmo tempo os fortalece naquilo que podem: a absorção de vantagens “fisiológicas” e econômicas, que não são poucas, diante de um governo fraco, aparentemente exangue.
O poder – congressual e político – vale muito. E não é preciso dizer quem ( ou “quens”, porque sua figura mais notória, Eduardo Cunha, não é o que é de per si, mas porque os representa) leva com isso a vantagem de ser o detentor de mando que as urnas não lhes daria e interlocutor sonante dos interesses das ações e omissões do governo.
Não pense que este grupo exclui parte do PSDB, não.
Ouça o silêncio da “velha guarda” dos tucanos e verá que eles observam lá adiante, o rompimento destas forças do Governo, costurado por Lula há perto, já, de uma década, e a possibilidade de adesão que se abre para 2018.
Ou a discrição de José Serra e os ótimos modos de Geraldo Alckmin não querem dizer nada?
Outro grupo é o da histeria direitista, que cresceu exponencialmente desde 2013.
Ou a parcela da oposição que resolveu ser aquilo que a ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito, dizia que era um papel vago, que a mídia assumia: o de “verdadeira” oposição.
Moralista, barulhenta, alimentada pela arrogante ignorância de parte das classes médias despolitizadas, alimentou-se do ambiente que o próprio PT fomentou: a ascensão despolitizada de setores da pobreza à festejada “classe C” e o moralismo que atirava a política e aos políticos todos num (desprezível) saco só: o dos ladrões.
Quem achar que estou delirando, tente lembrar ou pesquisar porque Leonel Brizola dizia que havia no PT algo como uma “UDN de tamancos”, uma ironia com a UDN de “punhos de renda” que representava as classes médias urbanas no pré-64.
É uma força disponível, órfã de líderes com alguma densidade, à procura de rostos que possam, como conseguiu Aécio Neves, representá-la em toda a sua babugenta histeria, da qual só cuidam de maquiar as erupções de fascismo explícito.
Cada vez parece mais claro que o Governo Dilma optou pela turma do “esfola” como forma de evitar a do “mata”.
E espera conservar o núcleo do poder, aguardando ter forças para reagir.
Resta saber se, de tão esfolados, não acabamos irreconhecíveis.
A sabedoria do povo brasileiro, em duas eleições desfavoráveis – 2006 e 2014 – pôde identificar neste cerne onde estavam seus interesses e venceu.
Mas os homens e mulheres se sucedem e, para as novas gerações, órfãs do discurso político-ideológico, acabamos nos aproximando daquela idéia de “um saco só” que serviu, a certa altura, para negar a política e endeusar a “pureza” que, nesta e em outras acepções, sabemos pela história em que termina.
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