terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

HSBC, Beto Richa e a mídia seletiva

Por Altamiro Borges

A mídia nativa está cada vez mais descarada na sua seletividade e partidarismo. Isto tem gerado desconforto nas próprias redações dos jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão. Muitos jornalistas mais íntegros – e eles existem aos montes e cumprem importante papel na trincheira inimiga – têm se rebelado. De forma corajosa, eles apontam as distorções e sacanagens dos seus próprios veículos – na maioria das vezes citando o crime, sem dar o nome dos criminosos. Nesta semana, dois fatos marcantes causaram repulsa nas redações da mídia tradicional: o escândalo da sonegação do banco HSBC e a radicalizada greve dos servidores do Paraná. Ambos foram retirados das capas dos veículos impressos e não mereceram os comentários ácidos dos “calunistas” das emissoras de rádio e televisão. O que há por trás desta visível manipulação?

O jornalista Ricardo Melo, uma das poucas vozes críticas que ainda restam na Folha tucana, não se conteve diante destas omissões descaradas e escreveu um duro artigo nesta segunda-feira (16). Reproduzo-o abaixo e volto em seguida:

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HSBC e Beto Richa

Por Ricardo Melo

Escândalo financeiro mundial e vitória contra austeridade ficam escondidos na imprensa

Aproveitando a mais do que merecida folga da querida e competente Vera Guimarães, vou dar uma de ombudsman acidental.

É de estranhar, para dizer o mínimo, o laconismo com que a imprensa "mainstream" local vem tratando um dos maiores escândalos da história financeira mundial.

Falo da revelação de que o HSBC na Suíça ajudou milionários a ocultar bilhões de dólares e assim fugir do fisco em seus países de origem. A lista é ecumênica: inclui desde ricaços tidos como "limpos" até traficantes, ditadores e criminosos dos mais variados.

São mais de 100 mil contas. O valor da maracutaia internacional passa de US$ 100 bilhões. Em moeda local, algo perto de R$ 300 bilhões. O argumento de que o tema está distante do leitor nacional não resiste aos fatos: cerca de 9.000 clientes envolvidos na falcatrua são brasileiros; o HSBC é um dos maiores bancos a operar no país; e, pelo que a investigação conseguiu apurar, a roubalheira decolou depois da aquisição, pelo HSBC, de um banco e de uma holding de propriedade de Edmond Safra. A familiaridade do sobrenome com o Brasil, embora não seja prova de nada, dispensa comentários e deveria ser suficiente para aguçar a curiosidade de qualquer jornalista.

Surpresa: o assunto praticamente desapareceu, a não ser quando encontraram supostas conexões com o pessoal da Lava Jato. Esquisito. E os outros milhares de correntistas brasileiros premiados, desapareceram? A história não fecha. Aliás, é a segunda vez que um trabalho do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos recebe tratamento desprezível no Brasil.

Há pouco tempo, a mesma equipe escancarou manobras tributárias de bancos e multinacionais, brasileiros incluídos, para fugir de impostos com operações em Luxemburgo. Uma das empresas acusadas na artimanha, a Pricewaterhouse, por acaso vem a ser uma das que aprovavam balanços podres de instituições protagonistas da crise de 2008. Hoje a Price examina a contabilidade da Petrobras...

Detalhe: o premiê de Luxemburgo na época das sonegações, Jean-Claude Juncker, é o atual presidente da Comissão Europeia. E o homem forte do HSBC no período do vale-tudo da Suíça virou ministro no governo britânico do conservador David Cameron. Precisa mais?

Paraná na moda; e na mídia?

Curitiba viveu recentemente uma das maiores manifestações de sua história. Milhares de servidores públicos, trabalhadores e estudantes obrigaram o governador reeleito Beto Richa, do PSDB, a recuar no chamado "pacote de maldades" enviado à Assembleia Legislativa.

Entre outros disparates, o tucano propunha confiscar a previdência dos servidores para tapar rombos da antiga administração --dirigida por ele mesmo!

Deputados chegaram de camburão, reuniram-se no restaurante e, ainda assim, não conseguiram votar o pacote. Notícia daquelas, de repercussão nacional, exceto na mídia de fora da região.

Foi na capital do Paraná. Mesmo Estado onde fica a Londrina do juiz Sérgio Moro, sede do antigo Bamerindus vendido a preço simbólico ao HSBC e do Banestado (Banco do Estado do Paraná), pivô da CPI que durante os anos 90 catapultou o doleiro Alberto Yousseff para manchetes. Mera coincidência, talvez.


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No mesmo dia em que Ricardo Melo detonou o “laconismo” da mídia hegemônica, a Folha publicou duas notas minúsculas sobre o escândalo do HSBC. A primeira informa que o presidente do banco, Stuart Gulliver, “em um anúncio de página inteira, veiculado em jornais britânicos no domingo (15), pediu desculpas aos clientes e investidores, depois de virem a público as alegações de que seu banco privado na Suíça ajudou centenas de clientes a burlar impostos no passado”. E a Folha tucana conclui esta notinha com o seu tema predileto. “Na lista de contas secretas do banco vazada no Swissleaks há ao menos 11 pessoas ligadas ao escândalo na Petrobras”. Nada mais! Já a segunda, de três linhas, diz que “a Receita Federal vai apurar as operações realizadas por brasileiros em contas secretas mantidas pelo HSBC na Suíça. Em nota, o fisco diz que teve acesso à lista vazada no Swissleaks e divulgada por uma associação internacional de jornalistas... Entre os citados estão ao menos 11 pessoas ligadas ao escândalo na Petrobras”. Nada mais!

Ao mesmo tempo em que o jornal da honestíssima famiglia Frias gasta toda a sua munição com o chamado “petrolão”, num bombardeio diário e implacável, a ação criminosa do HSBC vira notinha. Isto apesar do grupo empresarial, que também edita o UOL, contar com o único jornalista brasileiro que teve acesso as contas dos 9 mil sonegadores do Brasil. Qual o motivo de Fernando Rodrigues, da Folha e do restante da mídia darem tão pouca atenção a um assunto tão explosivo, que agita a mídia internacional? Será que a lista contém nomes de empresários, celebridades midiáticas e até jornalistas que sonegaram impostos e mandaram a grana ilegalmente para paraísos fiscais? Será que a lista vai confirmar as recentes denúncias, ainda não comprovadas, de que a Rede Globo sonegou bilhões em tributos? Será?

Já no caso da convulsão social no Paraná, o pouco destaque dado pela mídia é mais fácil de decifrar. Beto Richa, o governador reeleito no Estado, pertence ao time dos tucanos blindados pela imprensa partidarizada. Seu “pacote de maldades” contra o funcionalismo público é o mesmo que o cambaleante Aécio Neves pretendia impor caso fosse eleito presidente da República, com a ajuda inestimável dos barões da mídia. Os protestos diários de milhares de grevistas e outras cenas impactantes, como a fuga dos deputados e do próprio secretário de Segurança Pública num camburão da PM, são evitados pela mídia para não prejudicar o já decadente PSDB. A sigla elegeu apenas cinco governadores em 2014 – contra oito em 2010 – e teve sua bancada de deputados federais estagnada. Para que divulgar uma combativa greve que pode fragilizar ainda mais os tucanos?

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3 comentários:

  1. Já vi vários filmes parecidos com esse.
    Principalmente dois deles com os mesmo atores.
    Banestado, Youssef, Moro. TUCANALHA.

    Bamerindus, HSBC, TUCANALHA.

    Lava Jato, Youssef, Moro. TUCANALHA.

    Mensalão Mineiro, STF, Tucanalha.

    Trensalão, MP, Tucanalha

    etc... etc ... etc ... etc ... ....

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  2. TCE-PR ajudou Beto Richa (PSDB) a quebrar o Paraná. O governador tucano colocou seus amigos como conselheiros do Tribunal para aprovarem suas contas. Veja isso:
    https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20150218041953AAjoPhW

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  3. O gov. de Beto Richa é uma vergonha nacional. A Educação e todos os setores do Estado tem sofrido com a má gestão do gov. PSDB.

    http://datotalidadeaolugar.blogspot.com.br/2015/02/universidades-podem-fechar-as-portas.html
    As universidades estão em condição precária.

    Os professores continuam de greve!
    http://datotalidadeaolugar.blogspot.com.br/2015/02/educacao-no-parana-professores-nao-se.html

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