Da coluna "Notas Vermelhas", no site Vermelho:
Manchetes esbravejantes por dias seguidos, com sentenças afirmativas e duras, editoriais indignados, nada disso existia durante os oito anos do governo FHC. Buscando mostrar mais uma vez que O Globo tem apenas e tão somente interesses econômicos e políticos, vamos dar um exemplo simples, acompanhando como o jornal tratou um dos escândalos mais claros e comprovados da época FHC, entre tantos que ocorreram na gestão tucana e foram jogados para debaixo do tapete.
No dia 13 de maio de 1997, o jornal Folha de S. Paulo revelou a existência de uma fita de áudio com o diálogo entre o deputado federal Ronivon Santiago (PFL-AC) e interlocutores onde este confessava que vendeu o voto a favor da emenda que aprovou a reeleição de FHC por R$ 200 mil reais, o que em valores corrigidos pela poupança representa hoje mais de R$ 930 mil reais por voto. A votação havia sido realizada no dia 28 de janeiro e Ronivon cita o nome de outros deputados que do mesmo modo receberam o suborno, comentando ainda que “malas de dinheiro de empreiteiras e financiadores de campanha circulavam nas bancadas”.
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O leitor mais novo deve estar achando que no dia seguinte (14/05) o jornal O Globo, intimorato defensor da moralidade, estamparia a manchete: “Gravação revela que governo comprou votos para a reeleição”, seguido de um editorial onde o PSDB era acusado de ter aparelhado o estado para se perpetuar no poder. Ledo engano, a manchete principal de O Globo no dia 14 foi “Novo Laudo Reforça a Tese de que Zuzu Angel foi assassinada”.
Outro deputado, João Maia (PFL-AC), também aparece em gravação de áudio confirmando ter recebido os R$ 200 mil. Os detalhes que os dois parlamentares dão da operação de compra e venda dos votos é rico e incrimina diretamente Sérgio Motta, ministro de FHC e seu principal articulador político. Os dois deputados são expulsos do PFL (hoje DEM). Para os mais jovens terem uma ideia, ser expulso do PFL por corrupção é o mesmo que um nazista ser expulso da SS por crueldade e mostrava cabalmente que o suborno aconteceu de fato.
No dia 16 de maio de 1997 a manchete principal de O Globo era “Governistas se unem para tentar evitar criação de CPI”. O editorial reclamava dos elevados preços das taxas judiciárias. Do dia 17 ao dia 21 de maio o tema simplesmente não é abordado com destaque em nenhuma das cinco capas de O Globo. No dia 21 (apenas oito dias depois de estourar o escândalo) os dois deputados apanhados pelas gravações renunciaram, entregando à mesa diretora ofícios idênticos onde alegavam razões de “foro íntimo”, motivando comentário mordaz de Delfim Neto, então deputado federal: “nunca vi ganhar um boi para entrar e uma boiada para sair”.
A operação abafa de O Globo foi repetida por todos os veículos de comunicação do sistema Globo. A CPI nem chegou a ser instalada. Quem conta o final da história é o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo: “apesar da fartura de provas documentais, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, não acolhe nenhuma representação que pedia a ele o envio de uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (...) Em 27.junho.1997, indicado por FHC, Geraldo Brindeiro toma posse para iniciar o seu segundo mandato como procurador-geral da República. Sempre reconduzido por FHC, Brindeiro ficou oito anos na função, de julho de 1995 a junho de 2003 (...) A Polícia Federal não investigou? De maneira quase surrealista, sim. O repórter responsável pela reportagem foi intimado a dizer o que sabia a respeito do caso em… 4 de junho de 2001. O inquérito era apenas protocolar. Não deu em absolutamente nada”. Da mesma forma que a Globo sempre conduziu para que através da pressão midiática nada fosse investigado dos inúmeros roubos e escândalos da era FHC, a Globo agora conduz no sentido de eliminar seus inimigos políticos que, como bem disse o Lula, já entram no tribunal julgados e condenados pela “opinião publicada”.
O que disse Bendine, o que disse a mídia
O novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, tem feito uma maratona de entrevistas onde responde com firmeza às perguntas mais capciosas. Mas de acordo com o manual Ali Kamel de redação, só são destacadas, fora do contexto, as declarações que interessam ao clima de terra arrasada criado pela mídia hegemônica. Por exemplo, todos os jornalões destacam em letras garrafais: “Bendine anuncia que a Petrobras vai cortar investimentos”.
Manchetes esbravejantes por dias seguidos, com sentenças afirmativas e duras, editoriais indignados, nada disso existia durante os oito anos do governo FHC. Buscando mostrar mais uma vez que O Globo tem apenas e tão somente interesses econômicos e políticos, vamos dar um exemplo simples, acompanhando como o jornal tratou um dos escândalos mais claros e comprovados da época FHC, entre tantos que ocorreram na gestão tucana e foram jogados para debaixo do tapete.
No dia 13 de maio de 1997, o jornal Folha de S. Paulo revelou a existência de uma fita de áudio com o diálogo entre o deputado federal Ronivon Santiago (PFL-AC) e interlocutores onde este confessava que vendeu o voto a favor da emenda que aprovou a reeleição de FHC por R$ 200 mil reais, o que em valores corrigidos pela poupança representa hoje mais de R$ 930 mil reais por voto. A votação havia sido realizada no dia 28 de janeiro e Ronivon cita o nome de outros deputados que do mesmo modo receberam o suborno, comentando ainda que “malas de dinheiro de empreiteiras e financiadores de campanha circulavam nas bancadas”.
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O leitor mais novo deve estar achando que no dia seguinte (14/05) o jornal O Globo, intimorato defensor da moralidade, estamparia a manchete: “Gravação revela que governo comprou votos para a reeleição”, seguido de um editorial onde o PSDB era acusado de ter aparelhado o estado para se perpetuar no poder. Ledo engano, a manchete principal de O Globo no dia 14 foi “Novo Laudo Reforça a Tese de que Zuzu Angel foi assassinada”.
Na capa o assunto da compra de votos é mencionado com a seguinte chamada: “Ronivon pode ter cassação sumária”, abaixo da chamada, o texto: “Decisão tomada pela cúpula do PFL tem apoio do Planalto e do Presidente da Câmara, Michel Temer”. Mesmo tendo que abordar um fato como este, O Globo conseguia colocar o governo FHC em um contexto positivo! E o editorial? O editorial reclamava do excesso de liminares que atrasaram a privatização da Vale do Rio Doce.
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Outro deputado, João Maia (PFL-AC), também aparece em gravação de áudio confirmando ter recebido os R$ 200 mil. Os detalhes que os dois parlamentares dão da operação de compra e venda dos votos é rico e incrimina diretamente Sérgio Motta, ministro de FHC e seu principal articulador político. Os dois deputados são expulsos do PFL (hoje DEM). Para os mais jovens terem uma ideia, ser expulso do PFL por corrupção é o mesmo que um nazista ser expulso da SS por crueldade e mostrava cabalmente que o suborno aconteceu de fato.
No dia 15 de maio de 1997 como O Globo acompanhou o desenrolar dos acontecimentos? A manchete principal era: “Vandalismo faz FH intervir na PM/DF”. Os vândalos em questão eram camponeses do MST. Ao lado da manchete principal finalmente uma chamada sobre o caso: “Comissão chama ministros e governadores para depor”, com o subtítulo: “objetivo era esclarecer as denúncias de compra de votos de deputados”. O editorial? Reclamava de que apenas oito dos 25 servidores condenados por fraude na previdência estavam presos. Início do editorial: “O Sistema Legal brasileiro deu uma demonstração de eficiência ao pôr atrás das grades boa parte da quadrilha que desviou quase R$ 600 milhões de previdência”.
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No dia 16 de maio de 1997 a manchete principal de O Globo era “Governistas se unem para tentar evitar criação de CPI”. O editorial reclamava dos elevados preços das taxas judiciárias. Do dia 17 ao dia 21 de maio o tema simplesmente não é abordado com destaque em nenhuma das cinco capas de O Globo. No dia 21 (apenas oito dias depois de estourar o escândalo) os dois deputados apanhados pelas gravações renunciaram, entregando à mesa diretora ofícios idênticos onde alegavam razões de “foro íntimo”, motivando comentário mordaz de Delfim Neto, então deputado federal: “nunca vi ganhar um boi para entrar e uma boiada para sair”.
O Globo só volta a dar relevância ao assunto no dia 22, quando o senado aprova em primeira votação a emenda da reeleição, já aprovada na Câmara, manchete: “Reeleição é aprovada e renúncia de dois deputados esvazia a CPI”. O editorial foi publicado na capa. O título era “A lei da turba” e pedia maior repressão policial ao MST.
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A operação abafa de O Globo foi repetida por todos os veículos de comunicação do sistema Globo. A CPI nem chegou a ser instalada. Quem conta o final da história é o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo: “apesar da fartura de provas documentais, o então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, não acolhe nenhuma representação que pedia a ele o envio de uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (...) Em 27.junho.1997, indicado por FHC, Geraldo Brindeiro toma posse para iniciar o seu segundo mandato como procurador-geral da República. Sempre reconduzido por FHC, Brindeiro ficou oito anos na função, de julho de 1995 a junho de 2003 (...) A Polícia Federal não investigou? De maneira quase surrealista, sim. O repórter responsável pela reportagem foi intimado a dizer o que sabia a respeito do caso em… 4 de junho de 2001. O inquérito era apenas protocolar. Não deu em absolutamente nada”. Da mesma forma que a Globo sempre conduziu para que através da pressão midiática nada fosse investigado dos inúmeros roubos e escândalos da era FHC, a Globo agora conduz no sentido de eliminar seus inimigos políticos que, como bem disse o Lula, já entram no tribunal julgados e condenados pela “opinião publicada”.
O que disse Bendine, o que disse a mídia
O novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, tem feito uma maratona de entrevistas onde responde com firmeza às perguntas mais capciosas. Mas de acordo com o manual Ali Kamel de redação, só são destacadas, fora do contexto, as declarações que interessam ao clima de terra arrasada criado pela mídia hegemônica. Por exemplo, todos os jornalões destacam em letras garrafais: “Bendine anuncia que a Petrobras vai cortar investimentos”.
É certo que ele disse isso, mas no contexto em que ele também declara: “o (corte) não vai ser algo drástico porque a Petrobras teve um plano massivo de investimento nos últimos anos, inclusive já começou a capturar os recursos desses investimentos”. Inquirido sobre o sonho da oposição, que é obrigar o governo a entregar o pré-sal às multinacionais, disse Bendine: “A grande geração de valor para a Petrobras é o aumento de sua produção (...) O aumento da exploração é o ‘core’ (coração) da empresa, é o que dá resultado (...) Vou entregar o ouro?”.
Os valores tortos de Ricardo Rodríguez
O articulista do jornal O Estado de S. Paulo, Ricardo Rodríguez, que se apresenta como professor, escreveu um artigo publicado nesta quinta-feira (12) intitulado “Crise política e falência de valores”. O senhor Rodríguez está preocupado com o mau comportamento dos alunos em sala de aula e acha que a “crise vem de baixo, da grande massa das famílias”. Em determinado momento ele encontra brecha para afirmar que “a presidente Dilma Rousseff tenta acobertar os corruptores do PT no caso do Petrolão”. Diz também que ao comparecer à comemoração (que ele coloca entre aspas) dos 35 anos do PT, a presidenta teria se solidarizado “com os larápios e petralhas”.
Os valores tortos de Ricardo Rodríguez
O articulista do jornal O Estado de S. Paulo, Ricardo Rodríguez, que se apresenta como professor, escreveu um artigo publicado nesta quinta-feira (12) intitulado “Crise política e falência de valores”. O senhor Rodríguez está preocupado com o mau comportamento dos alunos em sala de aula e acha que a “crise vem de baixo, da grande massa das famílias”. Em determinado momento ele encontra brecha para afirmar que “a presidente Dilma Rousseff tenta acobertar os corruptores do PT no caso do Petrolão”. Diz também que ao comparecer à comemoração (que ele coloca entre aspas) dos 35 anos do PT, a presidenta teria se solidarizado “com os larápios e petralhas”.
Em apenas um parágrafo o articulista mente (não existe fato que mostre solidariedade da presidenta com a corrupção), falsifica (a presidenta comparecer ao aniversário do seu partido só é motivo de condenação por parte de alguém cego de ódio ideológico) e calunia (todos os presentes à comemoração do aniversário são larápios e petralhas, linguajar que por si só releva o nível de argumentação do “professor”). Mentir, falsificar fatos e caluniar em nome do ódio político... Rodríguez, em sua casa, quando você era pequeno, não te ensinaram que isso é feio?
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