quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O golpe das fotos no ato da Petrobras



Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A questão é esta: por que os sites das grandes empresas jornalísticas deram apenas fotos em que aparecem apanhando os antipetistas que foram atazanar os manifestantes pró-Petrobras ontem no Rio?

Isso se chama torcida. Isso se chama descaro. Isso se chama trapaça. Isso se chama antijornalismo.

O objetivo é transmitir a analfabetos políticos vítimas de manipulação a sensação de que o Brasil está se transformando numa Venezuela.

A rigor, o que aconteceu foi o seguinte. Imbecis parecidos com os que hostilizaram Mantega no Einstein – sem a menor consideração pela mulher que se trata de câncer – foram vandalizar num ato que não era para eles.

Como os ânimos estão exaltados, houve brigas. As fotos que circulam na internet (não nos sites) mostram gente de vermelho – petistas – batendo e apanhando.

O que é uma aberração é que só foram publicadas fotos em que os petistas apareciam como agressores.

É como se num jogo de futebol duas torcidas brigassem. Corintianos e são-paulinos, por exemplo. E só fossem chegassem aos leitores imagens de corintianos atacando.

Falei outro dia do diretor de mídia digital da Globo, Erick Bretas, um sem noção que prega no Facebook a cassação de 54 milhões de votos de Dilma com argumentos que incluem “reportagens” – logo de quem – da Veja.

O principal produto digital da Globo é o G1, e então é presumível que Bretas o comande de perto.

Como um militante antipetista edita um artigo sobre o confronto de ontem?

Bem, é só ver o G1.

E qual é o mundo retratado por alguém que queira abertamente a deposição do governo?

É a distopia infernal que você vê todos os dias no G1. A escolha dos assuntos é inacreditavelmente mórbida. Quem leva a sério – e os analfabetos políticos são presas fáceis – conclui que o Brasil acabou.

Só há coisas ruins. Disse outro dia: se fosse uma pessoa, o G1 seria diagnosticado facilmente com depressão cava.

Navegue por portais que são referência no mundo. Em nenhum deles você vai encontrar tanta notícia ruim concentrada.

Pode haver um pouco de inépcia editorial aí, mas o grosso mesmo é manipulação.

Você pode observar, hoje, a Globo se encaminhando para onde a Veja está já há alguns anos.

Nem sempre a Veja foi este simulacro abjeto de jornalismo. Num certo momento, a revista começou a publicar colunas de Diogo Mainardi, textos digitais de Reinaldo Azevedo – e terminou no lixo que é.

A Globo parece ir pelo mesmo caminho. O pudor vai sendo deixado de lado, e é neste quadro que você vê a ascensão de “jornalistas” como Bretas e a supressão de fotos que ajudam a entender os lastimáveis confrontos de ontem.

A culpa quase irreparável do PT foi não ter feito nada, em doze anos, para coibir o serviço sujo da mídia.

Sequer o dinheiro copioso e fácil da publicidade federal foi submetido a uma revisão.

O resultado é que, mesmo com audiências cada vez menores em face da internet, foi crescendo o dinheiro publicitário oficial em empresas como Globo e Abril.

Esse dinheiro financia o pelotão de colunistas, editores, comentaristas dedicados a defender privilégios e mamatas que levaram o Brasil a ser um campeão mundial da desigualdade.

O PT não quis brigar com os barões da mídia. O problema é que a recíproca jamais foi verdadeira.

Publicar fotos seletivas das brigas de ontem é apenas uma demonstração a mais do espírito bélico dos barões – que aliás estão muito mais para coronéis do que para qualquer outra coisa.

2 comentários:

  1. Com inflação de 17%, privataria em curso, e governo que não investigava nada, a globo, veja e folha não reclamavam tanto. Não é o fim do mundo, é o fim da credibilidade da Imprensa brasileira que está em jogo. Apoiar ditaduras, torturas e mortes, privatizações criminosas, compra de parlamentares, não dá nada, pedem desculpas à população que sofre à 50 anos, enquanto isso, as manipulações resultaram em gigantes da informações e empresas milionárias. Não será fácil vencer a luta contra a corrupção no Brasil, tá tudo dominado.

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  2. Discordo que o pessoal da mídia esteja no papel de coronéis.
    Na verdade, não passam de jagunços.

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