Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
A prática do jornalismo está sendo impactada por uma sucessão de mudanças desde a criação da internet. Essas transformações se aceleraram após advento da chamada Web 2.0, que rompeu o sistema de domínio de “territórios” e estabeleceu um modelo de relacionamento no qual os conteúdos são fragmentados, arquivados em “nuvens computacionais” e servidos a partir de diversas fontes, ampliando a autonomia dos usuários.
Com esse caminho aberto por novos e poderosos protagonistas, como o Google, inverteu-se a equação proposta pelo guru da estratégia de negócios Michael Porter, segundo a qual as possibilidades de sucesso de novos entrantes em determinado setor dependem das barreiras de entrada existentes e da reação dos competidores dominantes. O que aconteceu, e segue acontecendo, foi que a tecnologia criou novos interesses, que rapidamente se tornaram necessidades, ampliando as opções do público e derrubando essas barreiras.
A Web 3.0, também chamada de Web Semântica, é o processo pelo qual estamos agora passando, e se caracteriza pela ação cooperativa entre o homem e o computador, que pode ter a forma de um aparelho sobre a mesa, de um telefone celular, de um relógio, de aparelho auditivo ou praticamente qualquer coisa. A maioria dos telefones disponíveis no mercado já tem programas capazes de formular uma noção aproximada dos hábitos de seu portador, e de se adaptar a eles.
Paralelamente a essa revolução na oferta de aplicativos, desenvolve-se um novo ecossistema comunicacional no qual as interações são produzidas e controladas pelo indivíduo, com uma autonomia muito ampla, que dispensa progressivamente a ação mediadora ou a função de filtro exercida antes pelas empresas tradicionais de comunicação. A chamada mídia tradicional se desloca para uma posição marginal e se torna um dos agentes – e não o agente único ou principal – desse sistema.
O jornalismo, semeado nessas nuvens de informações, deixa de ser uma linha de montagem que começa com a suposição de um fato – a pauta –, sua verificação – a reportagem – e sua apresentação a um determinado público – a edição e publicação. A notícia pode nascer de um clique num celular, que colhe imagens, grava o som de quem descreve a cena, e com outro clique coloca o conteúdo numa rede digital, onde a informação primária será enriquecida com outras contribuições.
Para onde vão os jornalistas?
Os céticos dirão que isso não é jornalismo. Mas seria menos jornalismo do que um editor apanhando num conjunto de documentos um pacote de declarações para, com elas, compor uma manchete de jornal ou o assunto principal de um noticioso da televisão?
Emily Bell, diretora do Centro Tow de Jornalismo Digital, da Universidade Columbia, observa que a sociedade contemporânea se caracteriza, entre outras coisas, por um novo conceito de “esfera pública” e que esse ambiente é agora administrado por um reduzido número de empresas de tecnologia.
Onde estão as empresas de mídia? As empresas da mídia tradicional, historicamente consideradas as casas da imprensa, estão lutando para preservar seu papel de avalistas da realidade e tentam usar as redes de relacionamento digital como mercado para seus produtos. Os jornalistas, em sua maioria, estão procurando um emprego na mídia tradicional ou tentando sobreviver como mão de obra eventual em processos paralelos ao jornalismo, como a comunicação corporativa.
O futuro das empresas vai depender da disposição dos produtores de tecnologia de admiti-las no jogo, mas os jornalistas têm potencial para se tornarem protagonistas importantes nesse novo contexto. Basta observar como a Web Semântica amplia a autonomia dos usuários para constatar que usuários como habilidades para a comunicação podem se tornar muito mais relevantes nessas redes de relacionamento.
O problema é que, na maioria das vezes, o jornalista participa dessas interações como opinador privilegiado, e não como avalista das informações. Nesse novo contexto, em que a sociedade hipermediada se encontra imersa em informações, o jornalista é o profissional com as habilidades necessárias para “auditar” os simulacros de realidade que proliferam nesse ecossistema e apontar para os demais usuários onde estão os significados.
O primeiro passo para entender essa possibilidade é abandonar a ilusão de um emprego na chamada mídia tradicional. O futuro pertence ao jornalismo, não necessariamente à imprensa.
Com esse caminho aberto por novos e poderosos protagonistas, como o Google, inverteu-se a equação proposta pelo guru da estratégia de negócios Michael Porter, segundo a qual as possibilidades de sucesso de novos entrantes em determinado setor dependem das barreiras de entrada existentes e da reação dos competidores dominantes. O que aconteceu, e segue acontecendo, foi que a tecnologia criou novos interesses, que rapidamente se tornaram necessidades, ampliando as opções do público e derrubando essas barreiras.
A Web 3.0, também chamada de Web Semântica, é o processo pelo qual estamos agora passando, e se caracteriza pela ação cooperativa entre o homem e o computador, que pode ter a forma de um aparelho sobre a mesa, de um telefone celular, de um relógio, de aparelho auditivo ou praticamente qualquer coisa. A maioria dos telefones disponíveis no mercado já tem programas capazes de formular uma noção aproximada dos hábitos de seu portador, e de se adaptar a eles.
Paralelamente a essa revolução na oferta de aplicativos, desenvolve-se um novo ecossistema comunicacional no qual as interações são produzidas e controladas pelo indivíduo, com uma autonomia muito ampla, que dispensa progressivamente a ação mediadora ou a função de filtro exercida antes pelas empresas tradicionais de comunicação. A chamada mídia tradicional se desloca para uma posição marginal e se torna um dos agentes – e não o agente único ou principal – desse sistema.
O jornalismo, semeado nessas nuvens de informações, deixa de ser uma linha de montagem que começa com a suposição de um fato – a pauta –, sua verificação – a reportagem – e sua apresentação a um determinado público – a edição e publicação. A notícia pode nascer de um clique num celular, que colhe imagens, grava o som de quem descreve a cena, e com outro clique coloca o conteúdo numa rede digital, onde a informação primária será enriquecida com outras contribuições.
Para onde vão os jornalistas?
Os céticos dirão que isso não é jornalismo. Mas seria menos jornalismo do que um editor apanhando num conjunto de documentos um pacote de declarações para, com elas, compor uma manchete de jornal ou o assunto principal de um noticioso da televisão?
Emily Bell, diretora do Centro Tow de Jornalismo Digital, da Universidade Columbia, observa que a sociedade contemporânea se caracteriza, entre outras coisas, por um novo conceito de “esfera pública” e que esse ambiente é agora administrado por um reduzido número de empresas de tecnologia.
Onde estão as empresas de mídia? As empresas da mídia tradicional, historicamente consideradas as casas da imprensa, estão lutando para preservar seu papel de avalistas da realidade e tentam usar as redes de relacionamento digital como mercado para seus produtos. Os jornalistas, em sua maioria, estão procurando um emprego na mídia tradicional ou tentando sobreviver como mão de obra eventual em processos paralelos ao jornalismo, como a comunicação corporativa.
O futuro das empresas vai depender da disposição dos produtores de tecnologia de admiti-las no jogo, mas os jornalistas têm potencial para se tornarem protagonistas importantes nesse novo contexto. Basta observar como a Web Semântica amplia a autonomia dos usuários para constatar que usuários como habilidades para a comunicação podem se tornar muito mais relevantes nessas redes de relacionamento.
O problema é que, na maioria das vezes, o jornalista participa dessas interações como opinador privilegiado, e não como avalista das informações. Nesse novo contexto, em que a sociedade hipermediada se encontra imersa em informações, o jornalista é o profissional com as habilidades necessárias para “auditar” os simulacros de realidade que proliferam nesse ecossistema e apontar para os demais usuários onde estão os significados.
O primeiro passo para entender essa possibilidade é abandonar a ilusão de um emprego na chamada mídia tradicional. O futuro pertence ao jornalismo, não necessariamente à imprensa.
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