Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
A crise política atual é uma crise de poder da Presidência da República. É lá que se cria o vácuo político. Vários grupos tentam prevalecer-se desse vácuo para ampliar seu poder e influência no país. E, nesse jogo oportunista, acabam se constituindo em fatores de desestabilização política.
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O principal fator de desestabilização reside na aliança pontual - e precária - de três grupos principais: o Ministério Público Federal, os grupos de mídia e a geleia geral representada pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha, na qual se misturam evangélicos, baixo clero, interesses econômicos obscuros entre suspeitas mais graves.
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No primeiro momento, há quase um triângulo em que a hipotenusa são os grupos de mídia e os catetos o MPF e o grupo de Cunha. Ao mesmo tempo, o MPF investiga Cunha, o que aumenta a confusão e a instabilidade da tríplice aliança.
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A recente visita do procurador Deltan Dallagnol à Folha e o prêmio de O Globo recebido pelo juiz Sérgio Moro são a parte mais visível e menos importante dessa parceria. O MPF e o juiz Moro conseguiram midiatizar o julgamento da Lava Jato e, com isso, se impor sobre o Judiciário e sobre as restrições constitucionais ao seu trabalho.
É sintomática a maneira como levaram o caso José Dirceu para esse campo. O procurador diz que Dirceu recebeu pagamento de empreiteiras da Lava Jato. Dirceu mostra que houve trabalho de consultoria visando abrir mercado em países onde mantém relacionamento político. As empreiteiras confirmam. Ai o procurador diz que, de fato, o trabalho ocorreu, mas o pagamento foi descontado da propina do PT.
A informação não está em nenhum prova ou mesmo em delação premiada. Um dos prisioneiros comentou com um dos procuradores. Simples assim. Quem necessita de Código Penal tendo a chance de fazer justiça com as próprias mãos e as próprias manchetes?
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A mídia dá respaldo a essas arbitrariedades, da mesma maneira que puxou o tapete do MPF quando o alvo foi Daniel Dantas, da Operação Satiagraha, ou a Camargo Correia, da Operação Castelo de Areia. Aliás, na consultoria internacional de Dirceu não há nenhuma explicação para o contrato com uma empresa do grupo de Nizan Guanaes.
A pauta está com a mídia e será tirada sempre que ela quiser. Os procuradores e o juiz Moro sabem disso, mas aproveitam o momento para manobras oportunistas.
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Por sua vez, Eduardo Cunha aproveitou o vácuo para avançar firmemente sobre a estrutura de poder. Como atrapalha Dilma, recebe blindagem dos grupos de mídia. E aí o jogo fica curioso.
Numa ponta, o MPF investiga Cunha; na outra, a mídia blinda, escondendo sua biografia da forma mais canhestra possível - já que não existe político mais notório que Cunha.
Acontece que Cunha representa, também, os grupos evangélicos, que cada vez mais se apresentam como força política e midiática - a maior ameaça ao predomínio da Globo vem dos canais evangélicos e a maior ameaça às democracias têm sido de grupos religiosos que resolvem militar na política.
Em algum ponto do futuro, a parceria deixará de interessar ao establishment da mídia. Aí trará à tona a extensa capivara de Cunha e o MPF dará o golpe final.
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Resta saber qual o grau de influência que cada grupo acumulará até a implosão da Santa Aliança.
A crise política atual é uma crise de poder da Presidência da República. É lá que se cria o vácuo político. Vários grupos tentam prevalecer-se desse vácuo para ampliar seu poder e influência no país. E, nesse jogo oportunista, acabam se constituindo em fatores de desestabilização política.
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O principal fator de desestabilização reside na aliança pontual - e precária - de três grupos principais: o Ministério Público Federal, os grupos de mídia e a geleia geral representada pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha, na qual se misturam evangélicos, baixo clero, interesses econômicos obscuros entre suspeitas mais graves.
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No primeiro momento, há quase um triângulo em que a hipotenusa são os grupos de mídia e os catetos o MPF e o grupo de Cunha. Ao mesmo tempo, o MPF investiga Cunha, o que aumenta a confusão e a instabilidade da tríplice aliança.
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A recente visita do procurador Deltan Dallagnol à Folha e o prêmio de O Globo recebido pelo juiz Sérgio Moro são a parte mais visível e menos importante dessa parceria. O MPF e o juiz Moro conseguiram midiatizar o julgamento da Lava Jato e, com isso, se impor sobre o Judiciário e sobre as restrições constitucionais ao seu trabalho.
É sintomática a maneira como levaram o caso José Dirceu para esse campo. O procurador diz que Dirceu recebeu pagamento de empreiteiras da Lava Jato. Dirceu mostra que houve trabalho de consultoria visando abrir mercado em países onde mantém relacionamento político. As empreiteiras confirmam. Ai o procurador diz que, de fato, o trabalho ocorreu, mas o pagamento foi descontado da propina do PT.
A informação não está em nenhum prova ou mesmo em delação premiada. Um dos prisioneiros comentou com um dos procuradores. Simples assim. Quem necessita de Código Penal tendo a chance de fazer justiça com as próprias mãos e as próprias manchetes?
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A mídia dá respaldo a essas arbitrariedades, da mesma maneira que puxou o tapete do MPF quando o alvo foi Daniel Dantas, da Operação Satiagraha, ou a Camargo Correia, da Operação Castelo de Areia. Aliás, na consultoria internacional de Dirceu não há nenhuma explicação para o contrato com uma empresa do grupo de Nizan Guanaes.
A pauta está com a mídia e será tirada sempre que ela quiser. Os procuradores e o juiz Moro sabem disso, mas aproveitam o momento para manobras oportunistas.
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Por sua vez, Eduardo Cunha aproveitou o vácuo para avançar firmemente sobre a estrutura de poder. Como atrapalha Dilma, recebe blindagem dos grupos de mídia. E aí o jogo fica curioso.
Numa ponta, o MPF investiga Cunha; na outra, a mídia blinda, escondendo sua biografia da forma mais canhestra possível - já que não existe político mais notório que Cunha.
Acontece que Cunha representa, também, os grupos evangélicos, que cada vez mais se apresentam como força política e midiática - a maior ameaça ao predomínio da Globo vem dos canais evangélicos e a maior ameaça às democracias têm sido de grupos religiosos que resolvem militar na política.
Em algum ponto do futuro, a parceria deixará de interessar ao establishment da mídia. Aí trará à tona a extensa capivara de Cunha e o MPF dará o golpe final.
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Resta saber qual o grau de influência que cada grupo acumulará até a implosão da Santa Aliança.
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