O olhar sobre o cotidiano da imprensa no Brasil, por meio da qual o cidadão pode acompanhar o desempenho de suas representações institucionais, tende a esconder uma realidade espantosa: a extinção da política. Esse fenômeno alcança outros campos que compõem tradicionalmente o chamado espaço público, como a cultura, a economia, a religião e outras formas pelas quais os indivíduos se interligam em comunidades no mundo contemporâneo.
O ambiente midiático nacional se oferece como um imenso laboratório para teses sobre a relação entre a sociedade e seus símbolos. Os perfis ideológicos são substituídos pelas pesquisas de opinião sobre cada tema da agenda pública.
Uma das hipóteses que podem ser facilmente constatadas é a de que a realidade foi substituída por simulacros, no sentido que o filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007) deu ao termo: praticamente tudo que compõe o noticiário e as opiniões veiculadas pela mídia tradicional são cópias de elementos que não existem mais na realidade.
A política, por exemplo, desapareceu completamente de seu habitat natural – os corredores do Congresso Nacional, as sedes de entidades republicanas e suas projeções no território comunicacional continuam lá, mas lá já não se faz política. Em seu lugar se desenvolve um jogo com características de um comércio que simula a realidade das negociações de poder. O Estado, cujo controle representava o objeto final desse jogo, passou a ser um meio pelo qual os protagonistas buscam um novo objetivo: o de ganhar o poder de permanecer no poder.
Nesse universo-simulacro, também a cultura, a religião, a economia, assim como a sexualidade, a individualidade e as autonomias, são substituídas por símbolos e signos que formam uma realidade paralela, distanciando cada vez mais o ser humano da vida real. Tudo se transformou num programa de “realidade virtual”, e o que a mídia nos apresenta é esse conjunto que se tenta passar por real.
O tema abrange toda a complexidade da vida cotidiana, por isso temos que restringir nossa observação, por enquanto, ao campo da política. Já analisamos simulacros da economia e poderemos observar também simulacros da cultura, da religião e de outros aspectos da vida comum.
A dança das siglas
Os partidos jogam para a imprensa, que faz o agenciamento da opinião pública. Eventualmente, uma ou outra dessas agremiações, criadas sem o respaldo de um programa capaz de sensibilizar grandes contingentes de eleitores, perde o volume de apoios necessário para se manter no jogo. O que fazem seus controladores? Criam nova sigla, adaptando-se ao que lhes parece ser um nome com mais potencial para arregimentar agentes capazes de conquistar correligionários.
No fundo, o sistema funciona como um grande esquema de pirâmide, que periodicamente precisa quebrar aqui e ali, deixando muitos protagonistas sem teto. Os mais espertos se movem rapidamente para a casa mais próxima, de preferência uma que possua em sua sigla a letra que combina com seus posicionamentos anteriores.
A legislação favorece escancaradamente a criação de partidos por quem já está no jogo, e dificulta o surgimento de agremiações com origem mais autêntica na própria sociedade. O caso da Rede Sustentabilidade, projeto da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, é típico: formulado no seio do movimento ambientalista, que evoluiu para um conceito mais amplo de sistema que inclui a busca da sustentabilidade econômica e social, além da ambiental, o sonho de Marina Silva foi contaminado pelo pragmatismo dos partidos que participam do simulacro de política. O que se viu foi uma candidata idealista emaranhada em contradições e apanhada em posicionamentos conservadores que decepcionaram muitos de seus apoiadores.
E o que a imprensa tem com isso?
O papel da mídia tradicional é fundamental nesse processo, porque é no ecossistema midiático que se constrói esse simulacro e é a imprensa que conduz o jogo. Esse processo evolui na medida em que corrompe as bases do sistema representativo, até o ponto em que a mídia substitui a sociedade e os partidos passam a ser tributários do sistema da comunicação.
Ao contrário do que nos faz crer, o sistema da imprensa não interpreta a realidade – ele cria um simulacro, que se torna verossímil porque seus signos fazem sentido. Quem sonha em representar a sociedade – ou uma parcela significativa dela – precisa ter coragem de romper essa dependência, comunicar-se diretamente com o público e esquecer a imprensa.
Se a midia incita o ódio em pessoas da classe-média, média alta e os ricos, que efeito ela teria então sobre os menos educados e propensos à criminalidade ? A reposta a meu ver é que a mídia incita a violência neste grupo. Gostaria de ver um antropólogos, sociólogos ou filósofos elaborando uma tese nesta questão. Eu continuo afirmando, nossa midia é responsável pela violência no Brasil. Paises com midia nacionalista e até certo ponto ufanista, cria um clima positivo em todas as camadas sociais e consequentementa na nação como um todo. Uma midia que não publica nada de positivo, notícias boas acontecem neste Brasil todos os dias em algum lugar, cria um clima de negativismo que contagia todas as camadas sociais, sendo que a camada mais vulnerável reage através da violencia física, como assaltos, latrocínios e homicídios.
ResponderExcluir