Ficou curioso sobre a razão de nenhum parlamentar do PSDB ter assinado o pedido de instalação de Comissão Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do SwissLeaks-HSBC protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL) na quinta-feira (26) no Senado Federal? Bem, talvez o Blog da Cidadania possa ajudá-lo a entender o “fenômeno”.
No dia 19 do mês passado, este Blog publicou o post Abertura de contas brasileiras no HSBC suíço teve pico durante privatizações de FHC. A matéria revelou que as 6.606 contas de 8.667 brasileiros abertas naquela instituição desde 1970 tiveram picos de abertura em três períodos. O gráfico abaixo foi extraído do site do The International Consortium of Investigative Journalists (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) e mostra a movimentação.
No site oficial do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, ao passar o mouse sobre os pontos de intersecção entre os anos marcados no gráfico reproduzido acima, aparece quanto aumentou o número de contas abertas por brasileiros naquela instituição desde 1988. O que se descobre nessa pesquisa é o que o Blog passa a demonstrar abaixo.
Em 1988, foram abertas 8 contas
Em 1989, foram abertas 419 contas
Em 1990, foram abertas 378 contas
Em 1991, foram abertas 582 contas
Em 1992, foram abertas 120 contas
Em 1993, foram abertas 43 contas
Em 1994, foram abertas 12 contas
Em 1995, foram abertas 24 contas
Em 1996, foram abertas 4 contas
Em 1997, foram abertas 65 contas
Em 1998, foram abertas 54 contas
Em 1999, foram abertas 81 contas
Em 2000, foram abertas 25 contas
Em 2001, foram abertas 43 contas
Em 2002, foram abertas 49 contas
Em 2003, foram fechadas 63 contas
Em 2004, foram fechadas 63 contas
Em 2005, foram fechadas 84 contas
Em 2006, foram abertas 20 contas
Em 2007, foram abertas 187 contas
Desses dados, extrai-se que houve três períodos de pico de abertura de contas de brasileiros na instituição suíça:
De 1988 a 1991, foram abertas 1387 contas
De 1997 a 2001, foram abertas 317 contas
De 2006 a 2007, foram abertas 207 contas
Estranhamente, a grande mídia brasileira comenta apenas o pico de 2006 e 2007 como período suspeito por terem sido criadas 207 contas após terem sido fechadas 210 contas de 2003 a 2005, mas a mesma mídia não comenta um pico muito maior de 1997 a 2002, quando foram abertas 317 contas.
Ocorre que o período que vai de 1997 a 2002 marcou também o pico de privatizações no Brasil, a dita “privataria tucana”, que até virou livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., um best-seller com mais de 200 mil cópias vendidas.
A mídia brasileira pode noticiar o que quiser, mas o fato é que tanto a CPI que está praticamente aberta no Senado quanto a investigação que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mandou abrir na Polícia Federal por certo não vão escolher um único período para investigar e, devido ao grande volume de abertura de contas durante as privatizações de Fernando Henrique Cardoso, o Estado brasileiro irá querer saber quem são os titulares das contas abertas naquele período.
A recusa do PSDB em assinar a CPI do HSBC suíço torna-se extremamente eloquente diante dos dados acima, não acha, leitor?
Pelo que vi, o pico foi na transição do governo militar para a democracia.
ResponderExcluirMuito revelador, Eduardo!
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