domingo, 8 de março de 2015

Chefão da ‘Veja’ é defenestrado

Por Altamiro Borges

Depois de fazer o trabalho sujo no Grupo Abril – demissões de funcionários, fechamento de publicações, venda de parte da corporação midiática e inúmeras capas criminosas da revista ‘Veja’ –, o executivo Fábio Barbosa foi defenestrado na semana passada. Segundo o site “Comunique-se”, ele “pediu desligamento”, mas há quem garanta que ele foi enxotado porque não conseguiu salvar o império familiar – que corre sério risco de falência. O ex-banqueiro, que comandou a Abril Mídia por três anos e meio, agora terá um cargo decorativo. Com a sua saída, Giancarlo Civita, herdeiro de Roberto Civita e presidente do conselho da AbrilPar, reassume a presidência-executiva da empresa.

Segundo matéria da Folha deste domingo (8), “Fábio Barbosa assumiu o cargo no fim de 2011, a convite de Roberto Civita, morto em 2013, com a missão de reestruturar a empresa e prepará-la para a nova realidade do mercado de mídia. Diversos títulos deixaram de circular e a empresa se desfez de negócios importantes, como a Abril Educação, vendida para o fundo brasileiro Tarpon... A convite de Giancarlo e Victor Civita Neto, presidente do Conselho Editorial, Barbosa continuará participando das reuniões de pauta da ‘Veja’”. De chefão da empresa, responsável pela capa criminosa da revista na reta final das eleições presidenciais do ano passado, ele agora poderá ser “convidado” para suas reuniões de pauta.

Em comunicado formal, Fábio Barbosa até tentou relativizar o impacto da mudança, que confirma a difícil situação do falido império midiático. “Deixo a gestão da Abril Mídia com a certeza de ter cumprido um importante ciclo e confiante de que a empresa está mais forte para enfrentar os desafios em um mercado que está passando por mudanças profundas em todo o mundo” , afirmou. Já uma nota oficial do Grupo Abril alega que o executivo sai da empresa para “dedicar-se a projetos dos quais já faz parte e para ter tempo livre para envolver-se em outros”. Giancarlo Civita também fez questão de elogiar o carrasco, que reduziu os custos operacionais da empresa. “Fabio contribuiu muito com a nossa missão”.

Para o jornalista Paulo Nogueira, do blog “Diário do Centro do Mundo”, a passagem do executivo pelo Grupo Abril foi “lastimável”. Conhecedor dos bastidores do império da famiglia Civita, no qual trabalhou por muito tempo, ele ironizou a nota que justifica a mudança no comando da empresa. “Ali está dito, em tom triunfal, que Fabio Barbosa recebeu e aceitou um convite para participar das reuniões de pauta da Veja. Vou repetir: um convite para participar das reuniões de pauta da Veja. É como se oferecessem assento a Barbosa na reunião semanal de Obama com seus principais homens. Entre as pessoas que leram a nota, o convite provocou, compreensivelmente, gargalhadas”.

Ele lembra que estas reuniões – inclusive nos “anos de ouro” da revista, na década de 1980 – sempre foram “enfadonhas, repetitivas” e nunca serviram para muita coisa. “Agora, quando a revista agoniza na Era Digital e é objeto não de admiração, mas de ódio por ter se convertido num panfleto mentiroso de ultradireita, você pode imaginar o valor de uma reunião de pauta. Pois foi isso que ofereceram a Fabio Barbosa, em meio a longas linhas em que se tentava achar alguma contribuição dele à empresa. Duas sílabas resumem a passagem de Fabio Barbosa pela Abril: na e da. Nada. Ele fez nada. Barbosa fracassou miseravelmente em pelo menos mitigar o declínio da Abril e suas revistas”.

E o blogueiro Paulo Nogueira conclui sua postagem de forma demolidora. “Sua biografia executiva ficou manchada pela passagem pela Abril. Ao fiasco nos números dos balanços se juntou a associação de seu nome a uma publicação que perdeu qualquer sentido de decência. No universo dos custos, ele simplesmente ficou caro demais para a Abril. Muito sangue tem corrido na empresa, e muito sangue haverá de correr. O ajuste da Abril é infinitamente mais dramático que o ajuste da economia brasileira... Mas Fabio Barbosa não estará na casa quando a morte da Veja vier. O máximo a que ele pode aspirar, agora, é participar da última reunião de pauta”.

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