Da coluna "Notas Vermelhas", no site Vermelho:
Nos primeiros cinco anos da era FHC a palavra “corrupção” apareceu no caderno país do jornal O Globo 1.989 vezes. Nestes últimos cinco anos da era Dilma, a mesma palavra apareceu no caderno país 5.419 vezes. Um massacre que repete a velha tática já usada contra Getúlio e contra Jango pela União Democrática Nacional (UDN) agrupamento pretensamente moralista (vivia a bradar contra a corrupção) e defensor da legalidade (contra a “ameaça comunista”).
A história mostra o saldo da hipocrisia: a esmagadora maioria dos membros da UDN apoiou o golpe militar, a repressão, a tortura, e com o mesmo discurso cândido da defesa da ética, os “udenistas” encheram a burra de dinheiro roubado do estado durante as mais de duas décadas de ditadura, durante as quais os verdadeiros democratas nada podiam denunciar a não ser com risco de suas vidas ou de sua liberdade. E muitos patriotas pagaram este preço. Nenhum deles da UDN.
Os óculos da UDN
Em 1994 FHC, então ministro da fazenda de Itamar Franco, foi eleito presidente usando como trunfo ser “o pai do plano real”. Candidato da máquina, fez campanha milionária e montou uma base de sustentação na Câmara que incluía o PMDB, PFL (hoje DEM) e muitos outros partidos, garantindo ao PSDB confortável maioria, que enterrou todas as CPIs e não deixava prosperar qualquer investigação.
Nos primeiros cinco anos da era FHC a palavra “corrupção” apareceu no caderno país do jornal O Globo 1.989 vezes. Nestes últimos cinco anos da era Dilma, a mesma palavra apareceu no caderno país 5.419 vezes. Um massacre que repete a velha tática já usada contra Getúlio e contra Jango pela União Democrática Nacional (UDN) agrupamento pretensamente moralista (vivia a bradar contra a corrupção) e defensor da legalidade (contra a “ameaça comunista”).
A história mostra o saldo da hipocrisia: a esmagadora maioria dos membros da UDN apoiou o golpe militar, a repressão, a tortura, e com o mesmo discurso cândido da defesa da ética, os “udenistas” encheram a burra de dinheiro roubado do estado durante as mais de duas décadas de ditadura, durante as quais os verdadeiros democratas nada podiam denunciar a não ser com risco de suas vidas ou de sua liberdade. E muitos patriotas pagaram este preço. Nenhum deles da UDN.
Os óculos da UDN
Em 1994 FHC, então ministro da fazenda de Itamar Franco, foi eleito presidente usando como trunfo ser “o pai do plano real”. Candidato da máquina, fez campanha milionária e montou uma base de sustentação na Câmara que incluía o PMDB, PFL (hoje DEM) e muitos outros partidos, garantindo ao PSDB confortável maioria, que enterrou todas as CPIs e não deixava prosperar qualquer investigação.
Além da sólida base de apoio parlamentar, os tucanos contavam também com a blindagem da mídia e com uma procuradoria geral da união e uma polícia federal completamente aparelhadas politicamente. Colunistas amestrados de diversas matizes, naquela época não enxergavam problemas éticos ou de perpetuação no poder de “grupos políticos”. Por algum milagre da oftalmologia, agora enxergam até demais, mas usam os mesmos óculos da velha UDN. São óculos especiais, que só fazem ver o que convêm e às vezes mostrando coisas de ângulos absolutamente inusitados.
A mesma tática, o mesmo cinismo
A Vale do Rio Doce, maior mineradora do mundo, foi privatizada por menos do que seu lucro anual e a sua compra foi financiada com dinheiro público, através do BNDES. O prestigiado jornalista Amaury Ribeiro Júnior, ex-repórter especial de O Globo, consumiu 12 anos de investigações para fazer o livro “A privataria tucana”, que traz indícios claros de bilhões de reais desviados no processo de privatização. Mas Ricardo Noblat escreve nesta segunda-feira (6) no jornal O Globo, que foi com os governos Lula e Dilma que “a corrupção disseminou-se por toda a parte com a cumplicidade dos governantes”.
A mesma tática, o mesmo cinismo
A Vale do Rio Doce, maior mineradora do mundo, foi privatizada por menos do que seu lucro anual e a sua compra foi financiada com dinheiro público, através do BNDES. O prestigiado jornalista Amaury Ribeiro Júnior, ex-repórter especial de O Globo, consumiu 12 anos de investigações para fazer o livro “A privataria tucana”, que traz indícios claros de bilhões de reais desviados no processo de privatização. Mas Ricardo Noblat escreve nesta segunda-feira (6) no jornal O Globo, que foi com os governos Lula e Dilma que “a corrupção disseminou-se por toda a parte com a cumplicidade dos governantes”.
A compra de votos promovida por FHC na ocasião da aprovação da emenda da reeleição teve até gravação de deputados (que renunciaram depois ao mandato) confessando o recebimento da propina e falando em “malas de dinheiro” circulando pelo plenário, mas para o colunista amestrado de O Globo, a corrupção “engordou alimentada pelo projeto do partido (PT) de não se afastar do poder”. O candidato do udenista Noblat, Aécio Neves, gasta milhões do governo de Minas Gerais para construir um aeroporto particular no terreno do titio, mas para Noblat, um udenista do século XXI, foi o PT que usou o mensalão para “controlar o aparelho do estado”. O tempo passa mas a história se repete com novos personagens usando a velha cantilena e o mesmo cinismo.
O modelo histórico do Noblat
Sem perceber, o colunista amestrado confessa os motivos de sua “udenização”. Segundo ele, o PT tentou “evitar por todos os meios legítimos ou não a alternância do poder”. A parte do “legítimos ou não” merece uma reflexão. Um partido que está no poder tem ou não o direito de tentar permanecer no poder através da vontade popular? O próprio Noblat diria provavelmente que sim. Se o Partido que está no poder consegue se reeleger o que tornaria ilegítima sua eleição? Se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disser que a eleição é legítima, quem o desautorizará? O Globo? O Noblat? A classe média? Onde estaria a ilegitimidade? No modelo de financiamento da campanha? O Noblat então acha que, por exemplo, o PSDB adota outro tipo de financiamento de campanha?
O modelo histórico do Noblat
Sem perceber, o colunista amestrado confessa os motivos de sua “udenização”. Segundo ele, o PT tentou “evitar por todos os meios legítimos ou não a alternância do poder”. A parte do “legítimos ou não” merece uma reflexão. Um partido que está no poder tem ou não o direito de tentar permanecer no poder através da vontade popular? O próprio Noblat diria provavelmente que sim. Se o Partido que está no poder consegue se reeleger o que tornaria ilegítima sua eleição? Se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disser que a eleição é legítima, quem o desautorizará? O Globo? O Noblat? A classe média? Onde estaria a ilegitimidade? No modelo de financiamento da campanha? O Noblat então acha que, por exemplo, o PSDB adota outro tipo de financiamento de campanha?
Na verdade, Noblat segue o exemplo do seu modelo histórico, a UDN: Noblat, assim como FHC, prega o golpe de forma subterrânea, mantendo ao máximo sua fachada democrática. A cientista política Maria Victoria Benevides, no livro “A UDN e o udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro”, analisa da seguinte forma os dilemas da antiga organização:
“Os udenistas eram sinceramente liberais, mas o liberalismo era contraditório, pois desejavam uma democracia cada vez mais aperfeiçoada mas nunca se conformavam com o resultado das urnas. Tinham a plena consciência que formavam a elite brasileira e viam que essa elite nunca conseguia chegar ao poder pelo voto. Então chegavam a conclusão: alguma coisa está errada. O eleitor está votando errado. E, para corrigir, precisamos de uma ação drástica; então vinha a pregação dos golpes, para depor aqueles que tinham sido eleitos e não pertenciam a elite, e por a elite no lugar deles. E ver se, colocando a elite no lugar daqueles que haviam sido eleitos, esta elite preparava, de fato, o povo para votar ‘certo’. Ou seja, o golpe para corrigir aquilo que o povo havia feito errado”.
É por aí que Noblat vai. Para o grupo Globo e seus colunistas amestrados, o melhor seria uma democracia sem povo ou com o povo manietado. Não é o caso de levar isso na brincadeira. Eles já alcançaram este objetivo algumas vezes.
“Os udenistas eram sinceramente liberais, mas o liberalismo era contraditório, pois desejavam uma democracia cada vez mais aperfeiçoada mas nunca se conformavam com o resultado das urnas. Tinham a plena consciência que formavam a elite brasileira e viam que essa elite nunca conseguia chegar ao poder pelo voto. Então chegavam a conclusão: alguma coisa está errada. O eleitor está votando errado. E, para corrigir, precisamos de uma ação drástica; então vinha a pregação dos golpes, para depor aqueles que tinham sido eleitos e não pertenciam a elite, e por a elite no lugar deles. E ver se, colocando a elite no lugar daqueles que haviam sido eleitos, esta elite preparava, de fato, o povo para votar ‘certo’. Ou seja, o golpe para corrigir aquilo que o povo havia feito errado”.
É por aí que Noblat vai. Para o grupo Globo e seus colunistas amestrados, o melhor seria uma democracia sem povo ou com o povo manietado. Não é o caso de levar isso na brincadeira. Eles já alcançaram este objetivo algumas vezes.
Nenhuma novidade.O jornalista, no caso, é pago para escrever o que pensa o dono do jornal.
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