Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Uma das coisas mais difíceis é enxergar o óbvio.
Lula,em sua visita ao Acre, mostrou que é muito bom nisso.
Ele lembrou algo que todo mundo parece ter esquecido no calor das discussões políticas: Dilma está há apenas cinco meses em seu segundo mandato.
É cedo, absurdamente cedo, para um julgamento definitivo.
Num jogo de futebol, seria o equivalente a tecer considerações com base em dez minutos de partida.
Tirada toda a espuma, o que há de concreto neste começo de Dilma 2?
A Petrobras acabou? Não.
O dólar desembestou? Não.
A inflação saiu do controle? Não.
O desemprego deslanchou? Não.
Note: tudo isso, e muito mais, era propagado freneticamente pela imprensa e por políticos como Aécio e FHC.
De concreto, o que existe é que, como basicamente todos os países do mundo, o Brasil vai enfrentar um 2015 desafiador na economia.
As previsões giram em torno de uma queda de 1% no PIB. Não é muito diferente do cenário de outros países.
A Rússia, para ficar num caso, trabalha com a hipótese de uma redução de 5% no PIB.
A própria China dos 14% de crescimento anual refez para baixo suas contas. Se avançar 7% em 2015, a China vai fazer muita festa.
Há um fator psicológico neste outono do descontentamento brasileiro.
A palavra-chave, aí, é “ajuste”.
Acho que o governo deveria, espertamente, ter trocado “ajuste” por qualquer outra coisa: “acerto”, “equilíbrio” etc.
Se você olhar sem paixão, vai entender que ajuste é uma coisa rotineira na vida das pessoas, das empresas e dos países.
O que faz a diferença é o teor dos cortes.
Em meus dias de executivo de mídia, promovi vários ajustes. Estávamos gastando além de nossas possibilidades e de nossas receitas.
Sempre procurei poupar, nos cortes, o conteúdo. Evitei demitir jornalistas e coisas do gênero.
Num governo é a mesma coisa. Cortes de despesas muitas vezes são vitais para que, logo depois, você volte a crescer mais.
Dilma está fazendo um acerto, e Aécio também faria.
Qual seria a diferença?
Dilma tem um compromisso com os “descamisados”. E Aécio é um homem do 1%.
Nos primeiros quatro anos, os fatos comprovaram o foco social de Dilma.
Agora é uma nova etapa.
Dizer que ela esqueceu os pobres neste momento, com cinco meses de mandato, é uma afirmação míope, cínica ou, simplesmente, tola.
Há que esperar.
Quando se trata de governo, você julga pela floresta, e não por uma árvore.
Dilma pode fazer um péssimo segundo governo, é verdade. Mas ainda é mais verdade que não existe a mais remota base para afirmar isto agora, em maio de 2015.
O maior talento de Lula talvez seja o de ver as coisas óbvias quando outros políticos, incluídos gente de seu próprio círculo, enxergam brumas e interrogações.
No Acre, ele fez isso.
Voltando à parábola futebolística, é como se você estivesse na arquibancada e, logo no começo do jogo, alguém gritasse, ululante: “Perdemos!”
Você diria: “Calma. Deixa o jogo ser jogado.”
Lula,em sua visita ao Acre, mostrou que é muito bom nisso.
Ele lembrou algo que todo mundo parece ter esquecido no calor das discussões políticas: Dilma está há apenas cinco meses em seu segundo mandato.
É cedo, absurdamente cedo, para um julgamento definitivo.
Num jogo de futebol, seria o equivalente a tecer considerações com base em dez minutos de partida.
Tirada toda a espuma, o que há de concreto neste começo de Dilma 2?
A Petrobras acabou? Não.
O dólar desembestou? Não.
A inflação saiu do controle? Não.
O desemprego deslanchou? Não.
Note: tudo isso, e muito mais, era propagado freneticamente pela imprensa e por políticos como Aécio e FHC.
De concreto, o que existe é que, como basicamente todos os países do mundo, o Brasil vai enfrentar um 2015 desafiador na economia.
As previsões giram em torno de uma queda de 1% no PIB. Não é muito diferente do cenário de outros países.
A Rússia, para ficar num caso, trabalha com a hipótese de uma redução de 5% no PIB.
A própria China dos 14% de crescimento anual refez para baixo suas contas. Se avançar 7% em 2015, a China vai fazer muita festa.
Há um fator psicológico neste outono do descontentamento brasileiro.
A palavra-chave, aí, é “ajuste”.
Acho que o governo deveria, espertamente, ter trocado “ajuste” por qualquer outra coisa: “acerto”, “equilíbrio” etc.
Se você olhar sem paixão, vai entender que ajuste é uma coisa rotineira na vida das pessoas, das empresas e dos países.
O que faz a diferença é o teor dos cortes.
Em meus dias de executivo de mídia, promovi vários ajustes. Estávamos gastando além de nossas possibilidades e de nossas receitas.
Sempre procurei poupar, nos cortes, o conteúdo. Evitei demitir jornalistas e coisas do gênero.
Num governo é a mesma coisa. Cortes de despesas muitas vezes são vitais para que, logo depois, você volte a crescer mais.
Dilma está fazendo um acerto, e Aécio também faria.
Qual seria a diferença?
Dilma tem um compromisso com os “descamisados”. E Aécio é um homem do 1%.
Nos primeiros quatro anos, os fatos comprovaram o foco social de Dilma.
Agora é uma nova etapa.
Dizer que ela esqueceu os pobres neste momento, com cinco meses de mandato, é uma afirmação míope, cínica ou, simplesmente, tola.
Há que esperar.
Quando se trata de governo, você julga pela floresta, e não por uma árvore.
Dilma pode fazer um péssimo segundo governo, é verdade. Mas ainda é mais verdade que não existe a mais remota base para afirmar isto agora, em maio de 2015.
O maior talento de Lula talvez seja o de ver as coisas óbvias quando outros políticos, incluídos gente de seu próprio círculo, enxergam brumas e interrogações.
No Acre, ele fez isso.
Voltando à parábola futebolística, é como se você estivesse na arquibancada e, logo no começo do jogo, alguém gritasse, ululante: “Perdemos!”
Você diria: “Calma. Deixa o jogo ser jogado.”
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