sexta-feira, 22 de maio de 2015

Monsanto, México e os obesos do império

Por Marco Dávila, no site da Adital:

Ser semeadores de drogas para satisfazer suas necessidades viciosas, oferecer-lhe uma numerosa massa de migrantes para ser usada como mão de obra barata, fornecer-lhes recursos naturais como o petróleo para sua segurança energética, estar gordinho para beneficiar suas farmacêuticas... são apenas alguns dos serviços que, em uma troca desigual, o México ofereceu a um império norte-americano abusivo e mal-agradecido.

Os Estados Unidos não procuram apenas adonar-se das soberanias e recursos naturais de outros, mas trabalham com vistas a controlar a alimentação do mundo. Os Estados Unidos, consciente ou inconscientemente, por meio de suas monstruosas empresas multinacionais estão contaminando e destruindo o campo mexicano, e apostam em que o México seja não apenas seu mascote ou sua prostituta, mas também seu gordinho.

Para os Estados Unidos, o negócio da agricultura é um elemento chave para expandir seu controle sobre o resto do mundo. Não é uma mera coincidência que o México, estando ao seu lado geograficamente, depois dos Estados Unidos, seja o país com mais obesos. Com um punhado de companhias imperiais que se dedicam à biotecnologia, está em perigo a diversidade do milho no México, sua soberania e sua segurança alimentar, seu direito a alimentar-se de maneira saudável com alimentos orgânicos e tradicionais, seu bem-estar...

Ao mesmo tempo em que o México é o berço do milho, os produtos com transgênicos (alterações antinaturais à agricultura) estão por todas as partes, são baratos e atrativos para as modas do momento. O que à vida levou milhões de anos, os promotores dos organismos geneticamente modificados, com o bom pretexto de buscar "benefícios para a humanidade”, estão trabalhando arduamente na alteração e manipulação da vida e da natureza. O que eles chamam de "benefícios para a humanidade” é uma grande mentira já que só buscam beneficiar negócios imperialistas como a Monsanto, uma empresa para a qual o que menos importa são os danos a longo prazo que vai provocar.

Conclusão: porque a natureza não pode ser patenteada; porque queremos que o México esteja livre dos alimentos mecânicos; porque a alimentação saudável não é nem deve ser coisa de ricos; porque queremos que o México conte com um povo, física e mentalmente em bom estado; porque na questão alimentar o México tem condições de ser autossuficiente; porque quem pagará os pratos quebrados quando saírem para mostrar os diversos danos ao ambiente e à saúde humana seremos nós mesmos; porque ao ser vizinho dos Estados Unidos, a esta altura deveríamos saber que quem imita perde, o objetivo segue sendo o de tirar os criminosos de colarinho branco do poder e instalar um governo do povo.

Um governo do povo será fundamental para o bem-estar, orientação, informação de seus cidadãos, trabalhará em benefício da terra e cuidará de seus camponeses e os proverá com suas necessidades para continuar seus cultivos, não permitirá que império algum converta os seus camponeses em camponeses "piratas”, assegurará que o empregador não pague salários míseros que não dão nem para comer o mais básico, zelará pelo bem-estar do povo e nos contagiará com um espírito de confiança, para não nos odiarmos a nós mesmos, menosprezando-nos a nós mesmos e nos conformarmos em ser um povo obeso, propenso a males que disso derivam.

Caso o México continuar a imitar os Estados Unidos, em breve deixará de ser uma raça de milho para ser uma raça de gordinhos doentes.

* Publicado originalmente no site espanhol Rebelión. Tradução de André Langer.

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