Por Pablo Villaça, no blog Limpinho e Cheiroso:
Algo havia acontecido. De repente, dezenas de tuites, comentários no Facebook e mesmo mensagens inbox chegavam trazendo o grito de guerra da neodireita. Havia algo errado. Além, claro, do erro na concordância verbal e da falta de vírgula e de argumentos.
Curioso, fui diretamente ao UOL, pois se há um lugar que é repositório constante de retórica reacionária, é este portal. Eu poderia ter ido ao site daVeja, mas a Vigilância Sanitária barrou o acesso a este título aqui em meu escritório.
Em dez segundos, a causa da gritaria: “Lula confessou a Mujica que sabia do ‘mensalão’”.
Uau. “Realmente, esta era uma informação bombástica”, pensei. “Claro, não fazia o menor sentido: mesmo que soubesse, por que Lula confessaria algo assim a Mujica? E mesmo que Lula tivesse confessado, por que Mujica revelaria isso? Mas certamente o UOL não publicaria uma mentir… HaHaHaHaHaHa.
Respirei fundo, parei de rir e cliquei na notícia. Ou “notícia”. Vi que a informação havia sido gerada em O Globo e extraída da biografia de Mujica, escrita por dois autores uruguaios. Li o trecho que os jornalistas de O Globousavam como prova de que Lula sabia do “mensalão”.
De imediato, notei que as frases pareciam tiradas do contexto original. Notei também que a manchete trazia a palavra “confissão” sem aspas, mas que a matéria em si usava as aspas, o que era revelador. Finalmente, percebi que os “jornalistas” (com aspas) haviam inserido um “o mensalão” antes de uma frase na qual Lula confessaria ter sido obrigado a lidar com algo. Também revelador. Se eu quisesse colocar um “o dildo gigante” na mesma frase, poderia, claro – e a notícia ficaria ainda mais chamativa. Mas isto não a transformaria em realidade.
Pensei em escrever algo sobre o assunto, mas fiquei com preguiça. É claro que se tratava de uma matéria mentirosa. Sim, havia sido reproduzida por veículos que supostamente deveriam ser referência de bom jornalismo, mas há muito desisti de ver isso no Brasil, um país onde todas as principais emissoras de tevê, publicações impressas e portais na internet reproduzem o modo “Fox News” de operar.
As mensagens de “chupa petralhas” continuaram. Eu poderia apontar que o fato de ser de esquerda não faz de mim um “petista”, mas a vontade de corrigir a concordância era ainda maior e eu havia resistido. Deixei pra lá.
Tuitei (ei, me “segue leitores”: http://www.twitter.com/pablovillaca) que O Globo estava claramente manipulando a informação e imediatamente fui chamada de “canalha” por alguns integrantes desta neodireita que ama insultar e teme argumentar. Um deles chegou a dizer que estava com o livro a sua frente e que confirmava a informação. Eu e outros leitores pedimos fotos do livro, mas ele disse apenas que “petista era tudo preguiçoso”. Pensei em novamente apontar a diferença entre ser de esquerda e ser petista, mas a construção da frase me incomodava mais e ainda assim ignorei o impulso.
E, então, um dos autores do livro se manifestou oficialmente. Desmentindo a informação de O Globo, é claro, e afirmando categoricamente que Lula nada falou sobre o “mensalão”. Para aqueles que ainda se interessam por um conceito chamado “fato”, um dos links para o desmentido é aqui).
Por alguns segundos, considerei que todos aqueles que reproduziram a “confissão” de Lula deveriam estar embaraçados: Noblat, colunistas da Veja, “jornalistas” de UOL, Globo etc. Certamente ficariam envergonhados por terem espalhado uma informação calunios… HaHaHaHaHaHa.
Ai, ai. Eu me divirto sozinho.
Pensei no estado da imprensa brasileira: O Globo divulgou que Lula havia confessado saber sobre o “mensalão”. Um dos autores do livro no qual a “confissão” estaria desmentiu.
Época divulgou que o Ministério Público estava investigando Lula. O Ministério Público desmentiu.
Sheherazade disse que Black Blocs haviam sido presos entre os professores no Paraná. A Defensoria Pública do estado desmentiu.
E, ainda assim, esta neodireita brasileira abraça esta mídia e espalha as informações mentirosas em páginas e perfis no Facebook e no Twitter – sempre acompanhadas de insultos a qualquer um que aponte os erros factuais. E ainda assim esta neodireita não hesita em afirmar sempre “agir em nome da ética e contra a corrupção”.
Certamente devem sentir vergonha diante da hipocrisi… HaHaHaHaHaHa.
Interrompi a gargalhada. A situação era triste demais para despertar o riso.
Algo havia acontecido. De repente, dezenas de tuites, comentários no Facebook e mesmo mensagens inbox chegavam trazendo o grito de guerra da neodireita. Havia algo errado. Além, claro, do erro na concordância verbal e da falta de vírgula e de argumentos.
Curioso, fui diretamente ao UOL, pois se há um lugar que é repositório constante de retórica reacionária, é este portal. Eu poderia ter ido ao site daVeja, mas a Vigilância Sanitária barrou o acesso a este título aqui em meu escritório.
Em dez segundos, a causa da gritaria: “Lula confessou a Mujica que sabia do ‘mensalão’”.
Uau. “Realmente, esta era uma informação bombástica”, pensei. “Claro, não fazia o menor sentido: mesmo que soubesse, por que Lula confessaria algo assim a Mujica? E mesmo que Lula tivesse confessado, por que Mujica revelaria isso? Mas certamente o UOL não publicaria uma mentir… HaHaHaHaHaHa.
Respirei fundo, parei de rir e cliquei na notícia. Ou “notícia”. Vi que a informação havia sido gerada em O Globo e extraída da biografia de Mujica, escrita por dois autores uruguaios. Li o trecho que os jornalistas de O Globousavam como prova de que Lula sabia do “mensalão”.
De imediato, notei que as frases pareciam tiradas do contexto original. Notei também que a manchete trazia a palavra “confissão” sem aspas, mas que a matéria em si usava as aspas, o que era revelador. Finalmente, percebi que os “jornalistas” (com aspas) haviam inserido um “o mensalão” antes de uma frase na qual Lula confessaria ter sido obrigado a lidar com algo. Também revelador. Se eu quisesse colocar um “o dildo gigante” na mesma frase, poderia, claro – e a notícia ficaria ainda mais chamativa. Mas isto não a transformaria em realidade.
Pensei em escrever algo sobre o assunto, mas fiquei com preguiça. É claro que se tratava de uma matéria mentirosa. Sim, havia sido reproduzida por veículos que supostamente deveriam ser referência de bom jornalismo, mas há muito desisti de ver isso no Brasil, um país onde todas as principais emissoras de tevê, publicações impressas e portais na internet reproduzem o modo “Fox News” de operar.
As mensagens de “chupa petralhas” continuaram. Eu poderia apontar que o fato de ser de esquerda não faz de mim um “petista”, mas a vontade de corrigir a concordância era ainda maior e eu havia resistido. Deixei pra lá.
Tuitei (ei, me “segue leitores”: http://www.twitter.com/pablovillaca) que O Globo estava claramente manipulando a informação e imediatamente fui chamada de “canalha” por alguns integrantes desta neodireita que ama insultar e teme argumentar. Um deles chegou a dizer que estava com o livro a sua frente e que confirmava a informação. Eu e outros leitores pedimos fotos do livro, mas ele disse apenas que “petista era tudo preguiçoso”. Pensei em novamente apontar a diferença entre ser de esquerda e ser petista, mas a construção da frase me incomodava mais e ainda assim ignorei o impulso.
E, então, um dos autores do livro se manifestou oficialmente. Desmentindo a informação de O Globo, é claro, e afirmando categoricamente que Lula nada falou sobre o “mensalão”. Para aqueles que ainda se interessam por um conceito chamado “fato”, um dos links para o desmentido é aqui).
Por alguns segundos, considerei que todos aqueles que reproduziram a “confissão” de Lula deveriam estar embaraçados: Noblat, colunistas da Veja, “jornalistas” de UOL, Globo etc. Certamente ficariam envergonhados por terem espalhado uma informação calunios… HaHaHaHaHaHa.
Ai, ai. Eu me divirto sozinho.
Pensei no estado da imprensa brasileira: O Globo divulgou que Lula havia confessado saber sobre o “mensalão”. Um dos autores do livro no qual a “confissão” estaria desmentiu.
Época divulgou que o Ministério Público estava investigando Lula. O Ministério Público desmentiu.
Sheherazade disse que Black Blocs haviam sido presos entre os professores no Paraná. A Defensoria Pública do estado desmentiu.
E, ainda assim, esta neodireita brasileira abraça esta mídia e espalha as informações mentirosas em páginas e perfis no Facebook e no Twitter – sempre acompanhadas de insultos a qualquer um que aponte os erros factuais. E ainda assim esta neodireita não hesita em afirmar sempre “agir em nome da ética e contra a corrupção”.
Certamente devem sentir vergonha diante da hipocrisi… HaHaHaHaHaHa.
Interrompi a gargalhada. A situação era triste demais para despertar o riso.
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