Por René Ruschel, na revista CartaCapital:
O governo Beto Richa (PSDB) aos poucos se esfacela. Na história política do Paraná, só o ex-governador Haroldo Leon Perez teve uma queda tão vertiginosa. Indicado pelo general Emilio Garrastazu Médici, sobreviveu por apenas sete meses no cargo. Acusado de corrupção, foi exonerado pelo mesmo ditador de plantão. Como vivemos numa democracia é preciso respeitar o resultado das urnas. Enquanto isso, o tucano começa a soçobrar.
Em dezembro, dois meses após sua reeleição, Richa tinha o apoio de 64% dos eleitores. Em fevereiro, menos de 60 dias depois, a rejeição atingiu 76%. Do céu ao inferno. Ao tentar impor um pacote de medidas econômicas goela abaixo, enfrentou mais de 50 mil servidores nas ruas de Curitiba. Foi obrigado a recuar. A seguir, seu governo foi acusado de cumplicidade com um esquema de extorsão e corrupção comandado por um “primo distante”. Entre os envolvidos está um dirigente da Receita Estadual, ainda foragido da Justiça e seu parceiro de provas automobilísticas no autódromo de Londrina, acusado de ser o mentor operacional de toda operação.
O Centro Cívico, em Curitiba, onde está localizado o Palácio Iguaçu e Assembleia Legislativa, se transformou numa verdadeira praça de guerra. A pedido do governador, a Justiça determinou que policiais “garantissem a segurança dos prédios públicos” contra uma manifestação dos professores da rede estadual de ensino. As ruas que circundam os edifícios foram cercadas por mais de 2 mil policiais fortemente armados. O resultado dessa beligerância foi “um verdadeiro massacre”, como classificou a nota de desagravo da OAB do Paraná.
O protesto, além de pacífico, procedia. Os servidores só queriam defender seus interesses contra os desmandos do governador. Exigiam apenas poder entrar no plenário da Assembleia para assistir aos debates e pressionar os deputados a não votar a mensagem do Executivo. Aliás, como acontece em qualquer Parlamento, essa regra faz parte do processo democrático.
No Paraná, em pouco mais de quatro anos, Richa provocou caos nas finanças públicas. A dívida com fornecedores ultrapassa a 1,6 bilhão de reais. Para tentar recompor esse déficit, um dos projetos enviado e aprovado pela Assembleia prevê que 34,5 mil aposentados com mais de 73 anos passem a receber seus benefícios do Fundo de Previdência e não mais do governo. Essa medida vai sangrar a poupança previdenciária dos servidores em 142,5 milhões de reais mensais, e até o final da gestão peessedebista a soma atingirá 7,4 bilhões de reais. A partir de agora, o futuro dos funcionários públicos paranaense estará seriamente comprometido.
Richa culpou os manifestantes pela batalha. Afirmou que sete pessoas ligadas ao black blocs estariam envolvidas nos protestos e foram presas. Não fosse trágico, seria cômica sua declaração. Ora, milhares de policiais espalhados pelas ruas, helicópteros voando em rasante sobre a massa e no teto do Palácio Iguaçu agentes com binóculos não foram capazes de prender os baderneiros? Mesmo que a iniciativa de enfrentamento tenha partido dos manifestantes, faltou à PM preparo para agir em situações de risco.
Ao governador faltaram bom senso, equilíbrio e responsabilidade. A praça era um barril de pólvora prestes a explodir a qualquer momento. Da mesma forma, parlamentares da base de apoio foram insensíveis às manifestações. Em nenhum momento aceitaram discutir a possibilidade de suspender a sessão a fim de evitar que o tumulto fosse ainda pior.
O episódio da Praça Nossa Senhora da Salete ficará na história e o governador Beto Richa marcado como seu algoz. Ainda é muito cedo para prever o futuro político daquele que já foi uma promessa tucana, mas pode ter selado sua sorte entre balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e jatos d’água.
Em dezembro, dois meses após sua reeleição, Richa tinha o apoio de 64% dos eleitores. Em fevereiro, menos de 60 dias depois, a rejeição atingiu 76%. Do céu ao inferno. Ao tentar impor um pacote de medidas econômicas goela abaixo, enfrentou mais de 50 mil servidores nas ruas de Curitiba. Foi obrigado a recuar. A seguir, seu governo foi acusado de cumplicidade com um esquema de extorsão e corrupção comandado por um “primo distante”. Entre os envolvidos está um dirigente da Receita Estadual, ainda foragido da Justiça e seu parceiro de provas automobilísticas no autódromo de Londrina, acusado de ser o mentor operacional de toda operação.
O Centro Cívico, em Curitiba, onde está localizado o Palácio Iguaçu e Assembleia Legislativa, se transformou numa verdadeira praça de guerra. A pedido do governador, a Justiça determinou que policiais “garantissem a segurança dos prédios públicos” contra uma manifestação dos professores da rede estadual de ensino. As ruas que circundam os edifícios foram cercadas por mais de 2 mil policiais fortemente armados. O resultado dessa beligerância foi “um verdadeiro massacre”, como classificou a nota de desagravo da OAB do Paraná.
O protesto, além de pacífico, procedia. Os servidores só queriam defender seus interesses contra os desmandos do governador. Exigiam apenas poder entrar no plenário da Assembleia para assistir aos debates e pressionar os deputados a não votar a mensagem do Executivo. Aliás, como acontece em qualquer Parlamento, essa regra faz parte do processo democrático.
No Paraná, em pouco mais de quatro anos, Richa provocou caos nas finanças públicas. A dívida com fornecedores ultrapassa a 1,6 bilhão de reais. Para tentar recompor esse déficit, um dos projetos enviado e aprovado pela Assembleia prevê que 34,5 mil aposentados com mais de 73 anos passem a receber seus benefícios do Fundo de Previdência e não mais do governo. Essa medida vai sangrar a poupança previdenciária dos servidores em 142,5 milhões de reais mensais, e até o final da gestão peessedebista a soma atingirá 7,4 bilhões de reais. A partir de agora, o futuro dos funcionários públicos paranaense estará seriamente comprometido.
Richa culpou os manifestantes pela batalha. Afirmou que sete pessoas ligadas ao black blocs estariam envolvidas nos protestos e foram presas. Não fosse trágico, seria cômica sua declaração. Ora, milhares de policiais espalhados pelas ruas, helicópteros voando em rasante sobre a massa e no teto do Palácio Iguaçu agentes com binóculos não foram capazes de prender os baderneiros? Mesmo que a iniciativa de enfrentamento tenha partido dos manifestantes, faltou à PM preparo para agir em situações de risco.
Ao governador faltaram bom senso, equilíbrio e responsabilidade. A praça era um barril de pólvora prestes a explodir a qualquer momento. Da mesma forma, parlamentares da base de apoio foram insensíveis às manifestações. Em nenhum momento aceitaram discutir a possibilidade de suspender a sessão a fim de evitar que o tumulto fosse ainda pior.
O episódio da Praça Nossa Senhora da Salete ficará na história e o governador Beto Richa marcado como seu algoz. Ainda é muito cedo para prever o futuro político daquele que já foi uma promessa tucana, mas pode ter selado sua sorte entre balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e jatos d’água.
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