Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
A mídia política não surpreende. É previsível como um jogo de sinuca comprado.
A entrevista de Dilma no Jô, por exemplo.
Você sabia, muito antes de ela ir ao ar, que só haveria cacetadas. Os textos, a rigor, poderiam ser escritos sem que os jornalistas perdessem seu tempo precioso vendo o programa.
Não importa o nível das perguntas de Jô e nem o conteúdo das respostas. Só virão pedradas.
Um dos efeitos, não notados pelos jornalistas, é que você não precisa lê-los para saber o que eles dirão.
Me chamou a atenção, particularmente, o blogueiro Josias de Souza.
Em sua avaliação sobre a entrevista, ele acusou Dilma de ser “autocongratulatória”.
Se eu fosse editor de Josias, perguntaria: “O que você queria? Que ela atacasse a si própria, como se já não bastassem tantos caras como você? Que ela elogiasse o Aécio?”
Na ânsia desvairada de atacar Dilma, perde-se a noção do ridículo, como você percebe pelo artigo de Josias.
Ela falou o óbvio: não se pode falar em promessas descumpridas quando você está apenas no começo de um mandato.
E então Josias replica: mas e os primeiros quatro anos? De novo, caso eu o chefiasse: “Caramba, o povo acabou de fazer seu julgamento, nas urnas, sobre se ela cumpriu ou não as promessas do primeiro mandato. Isso apesar de uma multidão de jornalistas como você vociferarem contra ela o tempo todo. Que mais você quer?”
Josias também criticou a entrevista por ser “amável”.
Ele não é exatamente um jornalista mirim, e deveria saber que Dilma – e nem ninguém, incluído o próprio Josias – toparia dar uma entrevista voluntariamente se houvesse o risco de receber tiros.
O DCM tentou entrevistar, para ficar num caso, Fernando Rodrigues, colega de Josias no UOL, sobre o Swissleaks.
Estamos esperando resposta até hoje.
A entrevista, em si, foi boa. De um a dez, nota sete. Tanto funcionou que, no horário, Jô teve um Ibope acima do habitual: 6,7 pontos, com pico de 8,7. Jô deixou muito para trás Danilo Gentili, com 4,4%. Você pode imaginar o que aconteceria caso Gentili tivesse batido Jô.
Dilma estava à vontade, e se saiu bem. Falou mais pausadamente que de costume, se dispersou pouco nas respostas e quase não cometeu erros no português.
Jô, cavalheirescamente, deixou-a falar. Interveio apenas quando necessário.
Soube fazer perguntas que quase todos os jornalistas antes dele ignoraram. Por exemplo: as leituras da Bíblia por Dilma na época da prisão.
A Bíblia foi, muitas vezes, a única leitura possível para ela. Dilma, com toda a razão, sublinhou a extraordinária riqueza literária da Bíblia. (Dostoievski também só pode ler a Bíblia no tempo em que esteve preso, registrado em Recordação da Casa dos Mortos.)
Jô tocou num ponto que desperta curiosidade em todo mundo: como ela se sente diante das críticas ininterruptas?
Foi sábia a resposta de Dilma. Quem milita na política tem que saber distinguir as coisas. Não pode levar críticas para o campo pessoal, ou vive martirizado.
Jô citou sua própria dificuldade com críticas. Conheço bem, aliás.
Escrevi, quando editava a Exame, um artigo sobre um romance de Jô. Ele me telefonou tão logo saiu a revista, furioso.
A redação se juntou em torno de mim para acompanhar a conversa tensa que tivemos. Lembro que ele disse que na França o romance tinha sido elogiado. “E daí?”, respondi.
Também recordo que ele disse: “Sou amigo do Roberto Civita.” E eu, de novo: “E daí?”
Dilma também se saiu bem quando perguntada se tinha pavio curto. Ironicamente, disse que é uma “mulher dura no meio de homens meigos”.
Dilma deveria conceder mais entrevistas. Mas não a jornalistas como Josias e tantos outros, interessados apenas em destruí-la porque pensam assim agradar seus patrões.
A entrevista de Dilma no Jô, por exemplo.
Você sabia, muito antes de ela ir ao ar, que só haveria cacetadas. Os textos, a rigor, poderiam ser escritos sem que os jornalistas perdessem seu tempo precioso vendo o programa.
Não importa o nível das perguntas de Jô e nem o conteúdo das respostas. Só virão pedradas.
Um dos efeitos, não notados pelos jornalistas, é que você não precisa lê-los para saber o que eles dirão.
Me chamou a atenção, particularmente, o blogueiro Josias de Souza.
Em sua avaliação sobre a entrevista, ele acusou Dilma de ser “autocongratulatória”.
Se eu fosse editor de Josias, perguntaria: “O que você queria? Que ela atacasse a si própria, como se já não bastassem tantos caras como você? Que ela elogiasse o Aécio?”
Na ânsia desvairada de atacar Dilma, perde-se a noção do ridículo, como você percebe pelo artigo de Josias.
Ela falou o óbvio: não se pode falar em promessas descumpridas quando você está apenas no começo de um mandato.
E então Josias replica: mas e os primeiros quatro anos? De novo, caso eu o chefiasse: “Caramba, o povo acabou de fazer seu julgamento, nas urnas, sobre se ela cumpriu ou não as promessas do primeiro mandato. Isso apesar de uma multidão de jornalistas como você vociferarem contra ela o tempo todo. Que mais você quer?”
Josias também criticou a entrevista por ser “amável”.
Ele não é exatamente um jornalista mirim, e deveria saber que Dilma – e nem ninguém, incluído o próprio Josias – toparia dar uma entrevista voluntariamente se houvesse o risco de receber tiros.
O DCM tentou entrevistar, para ficar num caso, Fernando Rodrigues, colega de Josias no UOL, sobre o Swissleaks.
Estamos esperando resposta até hoje.
A entrevista, em si, foi boa. De um a dez, nota sete. Tanto funcionou que, no horário, Jô teve um Ibope acima do habitual: 6,7 pontos, com pico de 8,7. Jô deixou muito para trás Danilo Gentili, com 4,4%. Você pode imaginar o que aconteceria caso Gentili tivesse batido Jô.
Dilma estava à vontade, e se saiu bem. Falou mais pausadamente que de costume, se dispersou pouco nas respostas e quase não cometeu erros no português.
Jô, cavalheirescamente, deixou-a falar. Interveio apenas quando necessário.
Soube fazer perguntas que quase todos os jornalistas antes dele ignoraram. Por exemplo: as leituras da Bíblia por Dilma na época da prisão.
A Bíblia foi, muitas vezes, a única leitura possível para ela. Dilma, com toda a razão, sublinhou a extraordinária riqueza literária da Bíblia. (Dostoievski também só pode ler a Bíblia no tempo em que esteve preso, registrado em Recordação da Casa dos Mortos.)
Jô tocou num ponto que desperta curiosidade em todo mundo: como ela se sente diante das críticas ininterruptas?
Foi sábia a resposta de Dilma. Quem milita na política tem que saber distinguir as coisas. Não pode levar críticas para o campo pessoal, ou vive martirizado.
Jô citou sua própria dificuldade com críticas. Conheço bem, aliás.
Escrevi, quando editava a Exame, um artigo sobre um romance de Jô. Ele me telefonou tão logo saiu a revista, furioso.
A redação se juntou em torno de mim para acompanhar a conversa tensa que tivemos. Lembro que ele disse que na França o romance tinha sido elogiado. “E daí?”, respondi.
Também recordo que ele disse: “Sou amigo do Roberto Civita.” E eu, de novo: “E daí?”
Dilma também se saiu bem quando perguntada se tinha pavio curto. Ironicamente, disse que é uma “mulher dura no meio de homens meigos”.
Dilma deveria conceder mais entrevistas. Mas não a jornalistas como Josias e tantos outros, interessados apenas em destruí-la porque pensam assim agradar seus patrões.
Rapaz, coxinhas viralatas reacinhas estão trucidando o Jo Soares.
ResponderExcluirHilário.
O gordo era o máximo quando se reunia com as jornalixos da mídia canalha e sentava o pau no governo, sem qualquer contra argumentação. Nada contra sentar o pau no governo. Tudo contra a falta de ouvir o outro lado.
Jô apenas entrevistou o presidente da nação para ouvir o que tinha a dizer (conhecido tb como o outro lado da história)... E agora não presta. Traidor. Judas. Sem audiência. Fim de carreira. Gordo (hein?). Até um obituário do homem fizeram!
Nunca vi tanta gente ressentida passar recibo de recalque raivoso no meu timeline. E gente formada, adulta, supostamente intelectual, religiosa, de vida boa, empregada, comendo bem, viajada, carro imported, de família, filhos em escola particular, do bem e outros sinais de afluência espiritual, educacional e material. Hoje em dia fujo de gente que qualifica em 3 de todos esses itens de "grandeza".
Lógica argumentativa zero, porém. Sutileza de um raciocínio mais elaborado, ausente. Comportamento facistóide anti-democrático, 100%.
Por que não se deve ouvir o outro lado? Por que não se deve fazer perguntas ao presidente eleito de-mo-cra-ti-ca-men-te (para um segundo mandato) da nação?
Tipo de atitude burra que explica a derrota eleitoral do pensamento contrário pela 4a vez consecutiva. Eu disse pela 4a vez? E vem uma 5a por aí?
Burrice, meus caros, quando gruda é pior que mancha de sangue de boi em seda pura branca. E essa burrice contribui em muito a favor da dinastia do poder executivo atual. Como substituir o atual se a opção é pateticamente burra? Perpetuam aquilo que querem não perpetuar.
Essa gente participa, voluntariamente, de um campeonato particular auto induzido de MMA da idiotice crônica, da burrice admitida, da ignorância por opção, do entorpecimento do raciocínio, do orgulho de ser um perfeito mentecapto. Neste campeonato, um faz questão de relinchar, babando colerizado, ser mais imbecil do que o outro...por escrito (!) compartilhado (!!) e, pasmem, EM PÚBLICO!!!
E pior... acho que esse campeonato vai terminar empatado.
Pobre país que não tem opção.
ResponderExcluirA CONVERGÊNCIA DE DUAS FORMAS DE HUMANISMO
O Jô Soares, conscientemente, optou por adornar os píncaros da vida dele mediante o legado da generosidade.
O ser humano Dilma Rousseff paira sobre os lobos que tentam, insana e estupidamente, devorá-la;
o lombo refratário forjado na paciência diante dos suplícios impingidos pelos canalhas e covardes;
das agruras, a lição revelada pelo equilíbrio moral;
o discernimento cunhado a partir das experiências acumuladas;
a coragem autêntica que não admite bravatas;
a [linda] intuição feminina;
pensar o Brasil e o seu povo não somente através das sinapses:
coração e lealdade!
[Coração] Valente – e terno!
E os olhos arrebatados pela vontade indômita de transformar!
(…)
Parabéns ao Jô Soares!
Como se semeando despedidas!
Retribuição a um povo?!
O certo é que o Jô Soares demonstrou que a civilidade é possível!
E que ainda cabe:
o devido recato quando se tem como interlocutor uma presidente da República!
E o devido respeito pelos semelhantes:
“em trilhos que só comportam a viagem de ida!”
[E a devida permissão para parafrasear uma frase do ‘Gordo’ durante a entrevista!]
Messias Franca de Macedo
Feira de Santana, Bahia
BRASIL – em homenagem ao Jô Soares e à presidente Dilma Vana Rousseff!
ResponderExcluir… O gesto do Jô Soares propicia um momento de distensão!
Resta saber se haverá o mínimo de grandeza por parte dos arautos da intolerância!
Os mesmos radicais que, sistematicamente, destilam ódio figadal na tentativa inglória e espúria de voltarem ao poder através das vias não democráticas!
***
A média da entrevista?
10!
O somatório do 10 concernente à condução da entrevista pelo Jô Soares! E a contribuição do ‘Gordo’ à civilidade e à honestidade jornalística!
Sobretudo em tempos bicudos (sic);
e o 10 pelo desempenho da presidente Dilma Rousseff, A Magnífica!
E o resgate da pureza d´alma!
Virtude tão escassa nos nossos tenebrosos dias!
BRASIL – em homenagem à conspícua presidente da República Dilma Vana Rousseff!
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo
Me parece que Jô Soares simplesmente mostrou o que ele é, EDUCADO E POLIDO, também sentiu que talvez o povo brasileiro já esteja cansado de tanta baixaria correndo por aí.
ResponderExcluirMiguel Gouveia, você me permite assinar embaixo o seu comentário? Foi o mais lúcido e inteligente comentário sobre a estupidez humana! Parabéns!
ResponderExcluirO mais feroz contra Jô partiu de quem? Adivinhe... Olavo de Carvalho. Vide blog da socialista morena
ResponderExcluirMiguel Gouveia, parabéns!
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