quarta-feira, 10 de junho de 2015

Eduardo Cunha é refém da mídia

Por Altamiro Borges

A revista "Veja" até já implorou aos seus leitores para esquecerem o passado de Eduardo Cunha, o atual presidente da Câmara dos Deputados. Afinal, argumentou, o "peemedebista rebelde" é hoje o maior entrave ao governo Dilma e ao "lulopetismo". O restante da mídia também evita dar destaque para a extensa ficha corrida do lobista. Como gratidão, Eduardo Cunha tem feito reiteradas declarações em defesa da "sagrada" liberdade de imprensa. Logo que assumiu o comando da Câmara, ele jurou que o debate sobre a regulação da mídia "só passa sobre o meu cadáver". No domingo (7), Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, ele interrompeu seu passeio por Moscou para reafirmar que segue como refém dos barões da mídia.

Em seus perfis oficiais nas redes sociais - Twitter e Facebook -, o "democrata convicto" postou: "As tentativas de controle dos meios de comunicação não prosperarão no Legislativo". No maior cinismo, ele ainda escreveu que "praticamos todos os dias o direito constitucional à manifestação livre, que é da atividade parlamentar" - logo ele que já foi apelidado de "imperador" da Câmara Federal por suas práticas de rolo compressor nas votações, de desrespeito ao voto dos parlamentares (como ocorreu no golpe das doações privadas paras as campanhas eleitorais) e de repressão selvagem aos que protestam contra os seus retrocessos (como na fatídica votação do projeto de terceirização).

Prova da sua gratidão à mídia-amiga - que mantém no gatilho a sua ficha corrida -, Eduardo Cunha ainda enfatizou que "é inaceitável a censura travestida de regulação. Essa Casa jamais dará acolhida e repudiará qualquer tentativa que possa resvalar em atitude autoritária, qualquer tentativa de controle dos meios de comunicação não irá prosperar no Legislativo". Ao final, ele ainda parabenizou os jornalistas pelo Dia da Liberdade de Imprensa. Lógico que este carinho não se estende aos inúmeros profissionais - inclusive da velha imprensa - que já foram processados pelo lobista.

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