Por Altamiro Borges
O jornal O Globo divulgou na semana passada uma compilação de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que confirma o descrédito dos jovens com os partidos políticos. Segundo a pesquisa, o número de filiados entre 16 e 24 anos em cinco siglas (PT, PMDB, PSDB, PDT e PP) caiu 56% nos últimos sete anos. Os jovens nessa faixa etária somam hoje 132.292 filiados. Em 2009, eram cerca de 300 mil. "Dos governistas à oposição, os principais partidos brasileiros estão envelhecendo", conclui a matéria. Para o jornal da famiglia Marinho, que diariamente promove a escandalização da política e a negação da ação coletiva, o PT é a principal vítima deste crescente descrédito dos partidos.
"O PT sofreu a maior variação negativa. Apesar de ainda ter, entre as cinco siglas pesquisadas, o maior número de jovens em seus quadros, o partido registrou – do fim do governo Lula ao início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff – perda de 60% de filiados até 24 anos: de 94.798, em 2009, para 38.002, em 2015... O PMDB teve, proporcionalmente, a segunda maior perda de filiados: 59%... O PDT apresentou variação negativa de 53%, enquanto o principal partido de oposição, o PSDB, nos últimos anos teve um déficit de 51%. O PP, por sua vez, apresentou a menor perda, mas viu encolher pela metade a participação dos mais jovens em suas fileiras".
O jornal O Globo divulgou na semana passada uma compilação de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que confirma o descrédito dos jovens com os partidos políticos. Segundo a pesquisa, o número de filiados entre 16 e 24 anos em cinco siglas (PT, PMDB, PSDB, PDT e PP) caiu 56% nos últimos sete anos. Os jovens nessa faixa etária somam hoje 132.292 filiados. Em 2009, eram cerca de 300 mil. "Dos governistas à oposição, os principais partidos brasileiros estão envelhecendo", conclui a matéria. Para o jornal da famiglia Marinho, que diariamente promove a escandalização da política e a negação da ação coletiva, o PT é a principal vítima deste crescente descrédito dos partidos.
"O PT sofreu a maior variação negativa. Apesar de ainda ter, entre as cinco siglas pesquisadas, o maior número de jovens em seus quadros, o partido registrou – do fim do governo Lula ao início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff – perda de 60% de filiados até 24 anos: de 94.798, em 2009, para 38.002, em 2015... O PMDB teve, proporcionalmente, a segunda maior perda de filiados: 59%... O PDT apresentou variação negativa de 53%, enquanto o principal partido de oposição, o PSDB, nos últimos anos teve um déficit de 51%. O PP, por sua vez, apresentou a menor perda, mas viu encolher pela metade a participação dos mais jovens em suas fileiras".
O jornal ainda aponta a fuga dos eleitores jovens. "Em 2014, o número de adolescentes com 16 e 17 anos que optaram por votar caiu 31,4% em relação à disputa de 2010: de 2,39 milhões para 1,638 milhão... Esse desinteresse ainda se manifesta no acompanhamento das principais pautas da agenda política do país. Segundo pesquisa divulgada pelo DataSenado há duas semanas, sobre a aprovação da reforma política, 63% dos jovens de 16 a 19 anos ouvidos não sabiam que o Congresso Nacional e a sociedade debatem o assunto – a maior porcentagem entre todas as faixas etárias consultadas".
No essencial, a reportagem é honesta – o que foge aos padrões maniqueístas do jornal. O Globo até aborda algumas das várias causas reais do descrédito nos partidos – que é um fenômeno mundial e não representa, obrigatoriamente, o desinteresse político dos jovens. Mas evita analisar criticamente a própria ação nefasta da mídia privada, que na sua escandalização diária da política joga no ceticismo generalizado e na negação da ação coletiva. A matéria poderia exibir outros dados que evidenciam o crescimento das visões fascistas na sociedade, que rejeitam a democracia e pregam golpes e ditaduras militares. Se fizesse isto, admitiria a própria culpa da famiglia Marinho e de outros barões da mídia.
"O desapreço à democracia" da mídia
"O desapreço à democracia" da mídia
No início de abril, o jornal Estadão publicou uma pesquisa que evidencia o "desapreço à democracia" – conforme destaca o título do editorial. Ela foi realizada pelo Projeto de Opinião Pública da América Latina (Lapop) e apontou que 47,6% dos brasileiros são favoráveis a um golpe militar. "O porcentual, como enfatizam os responsáveis pelo levantamento, não significa que o Brasil corra risco de viver um novo levante dos quartéis, mas indica a clara descrença na capacidade das instituições democráticas para combater a corrupção. Há, portanto, uma simpatia por soluções autoritárias ante a percepção de que os Poderes constituídos são ineficientes e venais", conclui o jornalão golpista, que ainda instiga:
"O número é tão mais impressionante quando se observa que as entrevistas para a pesquisa foram feitas entre março e abril de 2014 – antes, portanto, que o escândalo da Petrobrás viesse plenamente à luz. É lícito supor, portanto, que a indisposição dos brasileiros com a democracia, ao menos no que diz respeito à suposta vulnerabilidade desse regime aos corruptos, tenha se acentuado desde então". O Lapop é um projeto da Universidade Vanderbilt (Tennessee) e reflete os interesses do império ianque na América Latina. Há 60 anos a instituição estuda a "opinião pública" no continente para produzir o "Barômetro das Américas". Nesta edição, foram entrevistadas 49.738 pessoas em 27 países da região.
"No quadro comparativo, o Brasil aparece entre os que apresentam maior desapreço pela democracia na região. 'O porcentual de brasileiros que acham justificável uma intervenção militar para conter a corrupção é alto em comparação com outros países e cresceu significativamente nos últimos dois anos', disse o pesquisador Guilherme Russo, que apresentou os resultados da pesquisa. Em 2012, o apoio a um golpe era de 36,3%; no ano passado, atingiu quase 48%... Um dado muito significativo, destacado por Russo, é que um levante militar foi aceito tanto por entrevistados que desaprovam o governo de Dilma Rousseff quanto pelos que com ele simpatizam".
A criminalização dos partidos
Outra pesquisa, realizada pelo instituto Datafolha em fevereiro deste ano, também indicou a queda de credibilidade dos partidos. Ela apontou que 71% dos brasileiros não tinham partidos de preferências, um recorde na história recente. Para alegria da Folha, do mesmo grupo empresarial, ela ainda indicou "a fatia dos entrevistados que declara preferência pelo PT encolheu de 22%, em dezembro, para 12% agora". Em editorial intitulado "Todos iguais", o jornalão da famiglia Frias comemorou os resultados. "Ainda se trata da legenda com mais simpatizantes, mas já não se distancia tanto de PSDB (5%) e do PMDB (4%). Em seu melhor momento, registrado em abril de 2012, o PT tinha o apoio de 31% dos brasileiros, no mínimo 27 pontos a mais do que qualquer outro partido".
Vale lembrar que na década de 1960 toda a mídia privada promoveu a escandalização da política para criar o clima necessário ao golpe militar. Pouco depois, o Estadão – que sonhava com a chegada à presidência do seu pupilo Carlos Lacerda, "compadre da famiglia Mesquita – foi escanteado pelos generais e sofreu censura. Já a Folha manteve o apoio ao setor "linha dura" da ditadura, que torturava e assassinava, até os estertores do regime – no final, mudou de postura por uma questão de marketing. No caso da famiglia Marinho, a ditadura foi essencial para a construção do império da Globo.
Na época, a mídia apostou no descrédito da política e na negação dos partidos, o que abriu as portas para o fascismo no Brasil – a exemplo do que já havia ocorrido na Itália, Alemanha e outros países. Mas os barões da mídia não se importam com estes efeitos perversos. Eles são falsos democratas!
*****
Leia também:
- A mídia e o golpe militar de 1964
- O apoio da mídia ao golpe e à ditadura
- Mídia: Do golpe militar às Diretas-Já
- O papel da mídia no golpe do Chile
- A mídia nativa e o golpe na Venezuela
- Mídia patrocinou o golpe em Honduras
- A ditadura e a mídia colaboracionista
"O número é tão mais impressionante quando se observa que as entrevistas para a pesquisa foram feitas entre março e abril de 2014 – antes, portanto, que o escândalo da Petrobrás viesse plenamente à luz. É lícito supor, portanto, que a indisposição dos brasileiros com a democracia, ao menos no que diz respeito à suposta vulnerabilidade desse regime aos corruptos, tenha se acentuado desde então". O Lapop é um projeto da Universidade Vanderbilt (Tennessee) e reflete os interesses do império ianque na América Latina. Há 60 anos a instituição estuda a "opinião pública" no continente para produzir o "Barômetro das Américas". Nesta edição, foram entrevistadas 49.738 pessoas em 27 países da região.
"No quadro comparativo, o Brasil aparece entre os que apresentam maior desapreço pela democracia na região. 'O porcentual de brasileiros que acham justificável uma intervenção militar para conter a corrupção é alto em comparação com outros países e cresceu significativamente nos últimos dois anos', disse o pesquisador Guilherme Russo, que apresentou os resultados da pesquisa. Em 2012, o apoio a um golpe era de 36,3%; no ano passado, atingiu quase 48%... Um dado muito significativo, destacado por Russo, é que um levante militar foi aceito tanto por entrevistados que desaprovam o governo de Dilma Rousseff quanto pelos que com ele simpatizam".
A criminalização dos partidos
Outra pesquisa, realizada pelo instituto Datafolha em fevereiro deste ano, também indicou a queda de credibilidade dos partidos. Ela apontou que 71% dos brasileiros não tinham partidos de preferências, um recorde na história recente. Para alegria da Folha, do mesmo grupo empresarial, ela ainda indicou "a fatia dos entrevistados que declara preferência pelo PT encolheu de 22%, em dezembro, para 12% agora". Em editorial intitulado "Todos iguais", o jornalão da famiglia Frias comemorou os resultados. "Ainda se trata da legenda com mais simpatizantes, mas já não se distancia tanto de PSDB (5%) e do PMDB (4%). Em seu melhor momento, registrado em abril de 2012, o PT tinha o apoio de 31% dos brasileiros, no mínimo 27 pontos a mais do que qualquer outro partido".
Vale lembrar que na década de 1960 toda a mídia privada promoveu a escandalização da política para criar o clima necessário ao golpe militar. Pouco depois, o Estadão – que sonhava com a chegada à presidência do seu pupilo Carlos Lacerda, "compadre da famiglia Mesquita – foi escanteado pelos generais e sofreu censura. Já a Folha manteve o apoio ao setor "linha dura" da ditadura, que torturava e assassinava, até os estertores do regime – no final, mudou de postura por uma questão de marketing. No caso da famiglia Marinho, a ditadura foi essencial para a construção do império da Globo.
Na época, a mídia apostou no descrédito da política e na negação dos partidos, o que abriu as portas para o fascismo no Brasil – a exemplo do que já havia ocorrido na Itália, Alemanha e outros países. Mas os barões da mídia não se importam com estes efeitos perversos. Eles são falsos democratas!
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