Editorial do site Vermelho:
Nesta segunda-feira (20) ocorreu a reabertura da embaixada cubana em Washington, com a bandeira de Cuba sendo içada naquele local depois de 54 anos. No dia 14 de agosto será a vez da embaixada norte-americana ser reaberta em Havana.
Uma breve retrospectiva histórica é o suficiente para se ter ideia do que significou este momento.
Quando no início dos anos 1990, aconteceu a debacle do campo socialista, os vaticínios sobre o futuro de Cuba eram invariavelmente negativos. Inebriada pela vitória, a burguesia, através dos seus órgãos de comunicação, proclamava a certeza da queda iminente do regime.
Famosa revista, porta voz da extrema direita no Brasil, chegou a fazer várias matérias sobre como seria o futuro da Ilha depois da “volta do capitalismo”, coisa que segundo eles, estaria fadada a acontecer em poucos meses.
E na verdade, forças gigantescas se moviam na direção de quebrantar a soberania da nação caribenha.
Anticomunista fanático, Ronald Reagan, então presidente americano, anunciou que os EUA jamais voltariam a ter qualquer relação com Cuba enquanto o socialismo não caísse.
Em 1992, George H. W. Bush, cria uma nova legislação interna com a finalidade de aumentar a pressão e o isolamento comercial de Cuba, que já sofria sanções dos EUA desde 1962 e que naquela oportunidade sentia o forte impacto do fim da relação com a URSS. É desta época a chamada Emenda Torricelli que, entre outras medidas, ampliou as sanções contra empresas norte-americanas, barcos e até mesmo governos estrangeiros que comerciassem com Cuba ou prestassem qualquer tipo de assistência ao governo cubano, contrariando todas as normas do direito internacional
Em 1996, durante o mandato do presidente “democrata” Bill Clinton, foi sancionada a “Lei de Liberdade e Solidariedade Democrática Cubana”, conhecida como Lei Helms-Burton, que tornava ainda mais duro o cerco.
George W. Bush (presidente de 2001-2009) adicionou novas medidas para reforçar o já implacável bloqueio ao mesmo tempo em que se intensificaram as campanhas para derrubar o governo de Fidel Castro, inclusive através de atos de sabotagem, terrorismo e espionagem.
Em 2007, quando Raúl Castro sucedeu a Fidel no comando da revolução, Bush filho declarou que os EUA “não iriam tolerar a troca de ditadores”, anunciou que “em breve o povo da Ilha será livre” e mandou um arrogante “recado para o governo comunista: seu dia está chegando”.
Cuba, no entanto, angariava ampla solidariedade internacional. Com a ascensão de sucessivos governos progressistas na América Latina nos últimos 15 anos, a política estadunidense em relação a Cuba foi ficando cada vez mais isolada na região.
Mas o determinante para superar o período mais difícil, foi a postura altiva da liderança comunista respaldada pela formidável unidade do povo cubano em torno do socialismo.
Exemplos desta postura, que mescla habilidade com a defesa inflexível da dignidade nacional e dos interesses do povo, nos dão dois recentes discursos de dirigentes cubanos (ambos podem ser lidos em português no Portal Vermelho). Um, do presidente Raúl Castro, outro do Ministro das Relações Exteriores da República de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla.
O discurso de Raúl foi feito no encerramento do 5º Período de Sessões da 8ª Legislatura da Assembleia Nacional, na última quinta-feira (15). Prestando contas perante o parlamento das iniciativas do governo, Raúl, ao saudar a retomada do diálogo, cuja abertura das embaixadas representa a conclusão da primeira fase do processo iniciado em 17 de dezembro, enfatizou que para se falar em relações normais com os EUA, além de acabar com o injusto bloqueio que continua em pleno vigor, será necessário ainda “que se devolva o território ilegalmente ocupado pela base naval em Guantânamo, que cessem as transmissões de rádio e TV ilegais, que se eliminem os programas dirigidos a promover a subversão e a desestabilização interna, e se compense o povo cubano pelos danos humanos e econômicos provocados por conta das políticas dos Estados Unidos”.
Ao tratar da atualização do modelo econômico cubano, Raúl deixa claro que esse processo “foi decidido soberanamente, com o apoio majoritário do povo, visando a construção de um socialismo próspero e sustentável, garantia essencial de nossa independência”. E para não deixar margem a qualquer dúvida, reafirmou Raúl que “mudar tudo o que deva ser mudado é assunto soberano e exclusivo dos cubanos”.
Esta atualização do modelo econômico, é baseada em três premissas, conforme definem as autoridades cubanas: 1) o predomínio da propriedade estatal sobre os meios fundamentais de produção; 2) o exercício do papel principal na economia pela empresa estatal socialista e 3) o uso da planificação econômica como principal ferramenta da direção da economia.
Já o Ministro das Relações Exteriores de Cuba discursou nesta segunda-feira (20) na própria cerimônia de reabertura da embaixada cubana em Washington. Diante de autoridades do governo estadunidense e de parlamentares do Congresso norte-americano, Bruno Rodriguéz Parrilla fez um pronunciamento onde elogiava os avanços obtidos, mas sem deixar de enviar importantes mensagens. Disse Rodriguéz:
“Invocamos a memória de José Martí, que consagrou a vida à luta pela liberdade de Cuba e conheceu profundamente os Estados Unidos. Em seu livro ‘Cenas Norte-Americanas’, Martí nos deu uma nítida descrição da grande nação do Norte e fez o elogio do que existe de melhor nela. Também nos deixou a advertência do seu desmedido apetite por dominação que toda uma história de desencontros tem confirmado”.
“Chegamos até aqui graças a condução firme e sábia do líder histórico da Revolução Cubana Fidel Castro Ruz, a cujas ideias sempre guardaremos lealdade suprema”.
“Em 1959, os Estados Unidos não aceitaram a existência de uma pequena e vizinha ilha totalmente independente e alguns anos depois, muito menos aceitou uma revolução socialista que teve que defender-se e, desde então, encarna a vontade de nosso povo. Cito a história para afirmar que hoje se abre a oportunidade de iniciarmos o trabalho para fundar relações bilaterais novas e distintas a todo o período anterior. Para isso o governo cubano compromete toda sua vontade”.
Estes discursos mostram que não existem, por parte da liderança cubana, quaisquer ilusões sobre os Estados Unidos, o que representa o imperialismo e, consequentemente, sobre os desafios do novo período. Mas releva principalmente que a reabertura das embaixadas é, fora de qualquer dúvida, uma importante vitória política. Vitória política de um povo altaneiro. Vitória política de uma pequena nação que se agigantou perante a história por sua nobreza de ideais e por sua incorruptível dignidade.
Enquanto isso, as Pitonisas da direita brasileira, que por décadas previam o derrube do regime cubano, continuarão a mesma cantilena até que, como aconteceu com as Pitonisas da antiguidade, caiam no descrédito e no esquecimento que a história inevitavelmente lhes reserva.
Viva Cuba socialista!
Nesta segunda-feira (20) ocorreu a reabertura da embaixada cubana em Washington, com a bandeira de Cuba sendo içada naquele local depois de 54 anos. No dia 14 de agosto será a vez da embaixada norte-americana ser reaberta em Havana.
Uma breve retrospectiva histórica é o suficiente para se ter ideia do que significou este momento.
Quando no início dos anos 1990, aconteceu a debacle do campo socialista, os vaticínios sobre o futuro de Cuba eram invariavelmente negativos. Inebriada pela vitória, a burguesia, através dos seus órgãos de comunicação, proclamava a certeza da queda iminente do regime.
Famosa revista, porta voz da extrema direita no Brasil, chegou a fazer várias matérias sobre como seria o futuro da Ilha depois da “volta do capitalismo”, coisa que segundo eles, estaria fadada a acontecer em poucos meses.
E na verdade, forças gigantescas se moviam na direção de quebrantar a soberania da nação caribenha.
Anticomunista fanático, Ronald Reagan, então presidente americano, anunciou que os EUA jamais voltariam a ter qualquer relação com Cuba enquanto o socialismo não caísse.
Em 1992, George H. W. Bush, cria uma nova legislação interna com a finalidade de aumentar a pressão e o isolamento comercial de Cuba, que já sofria sanções dos EUA desde 1962 e que naquela oportunidade sentia o forte impacto do fim da relação com a URSS. É desta época a chamada Emenda Torricelli que, entre outras medidas, ampliou as sanções contra empresas norte-americanas, barcos e até mesmo governos estrangeiros que comerciassem com Cuba ou prestassem qualquer tipo de assistência ao governo cubano, contrariando todas as normas do direito internacional
Em 1996, durante o mandato do presidente “democrata” Bill Clinton, foi sancionada a “Lei de Liberdade e Solidariedade Democrática Cubana”, conhecida como Lei Helms-Burton, que tornava ainda mais duro o cerco.
George W. Bush (presidente de 2001-2009) adicionou novas medidas para reforçar o já implacável bloqueio ao mesmo tempo em que se intensificaram as campanhas para derrubar o governo de Fidel Castro, inclusive através de atos de sabotagem, terrorismo e espionagem.
Em 2007, quando Raúl Castro sucedeu a Fidel no comando da revolução, Bush filho declarou que os EUA “não iriam tolerar a troca de ditadores”, anunciou que “em breve o povo da Ilha será livre” e mandou um arrogante “recado para o governo comunista: seu dia está chegando”.
Cuba, no entanto, angariava ampla solidariedade internacional. Com a ascensão de sucessivos governos progressistas na América Latina nos últimos 15 anos, a política estadunidense em relação a Cuba foi ficando cada vez mais isolada na região.
Mas o determinante para superar o período mais difícil, foi a postura altiva da liderança comunista respaldada pela formidável unidade do povo cubano em torno do socialismo.
Exemplos desta postura, que mescla habilidade com a defesa inflexível da dignidade nacional e dos interesses do povo, nos dão dois recentes discursos de dirigentes cubanos (ambos podem ser lidos em português no Portal Vermelho). Um, do presidente Raúl Castro, outro do Ministro das Relações Exteriores da República de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla.
O discurso de Raúl foi feito no encerramento do 5º Período de Sessões da 8ª Legislatura da Assembleia Nacional, na última quinta-feira (15). Prestando contas perante o parlamento das iniciativas do governo, Raúl, ao saudar a retomada do diálogo, cuja abertura das embaixadas representa a conclusão da primeira fase do processo iniciado em 17 de dezembro, enfatizou que para se falar em relações normais com os EUA, além de acabar com o injusto bloqueio que continua em pleno vigor, será necessário ainda “que se devolva o território ilegalmente ocupado pela base naval em Guantânamo, que cessem as transmissões de rádio e TV ilegais, que se eliminem os programas dirigidos a promover a subversão e a desestabilização interna, e se compense o povo cubano pelos danos humanos e econômicos provocados por conta das políticas dos Estados Unidos”.
Ao tratar da atualização do modelo econômico cubano, Raúl deixa claro que esse processo “foi decidido soberanamente, com o apoio majoritário do povo, visando a construção de um socialismo próspero e sustentável, garantia essencial de nossa independência”. E para não deixar margem a qualquer dúvida, reafirmou Raúl que “mudar tudo o que deva ser mudado é assunto soberano e exclusivo dos cubanos”.
Esta atualização do modelo econômico, é baseada em três premissas, conforme definem as autoridades cubanas: 1) o predomínio da propriedade estatal sobre os meios fundamentais de produção; 2) o exercício do papel principal na economia pela empresa estatal socialista e 3) o uso da planificação econômica como principal ferramenta da direção da economia.
Já o Ministro das Relações Exteriores de Cuba discursou nesta segunda-feira (20) na própria cerimônia de reabertura da embaixada cubana em Washington. Diante de autoridades do governo estadunidense e de parlamentares do Congresso norte-americano, Bruno Rodriguéz Parrilla fez um pronunciamento onde elogiava os avanços obtidos, mas sem deixar de enviar importantes mensagens. Disse Rodriguéz:
“Invocamos a memória de José Martí, que consagrou a vida à luta pela liberdade de Cuba e conheceu profundamente os Estados Unidos. Em seu livro ‘Cenas Norte-Americanas’, Martí nos deu uma nítida descrição da grande nação do Norte e fez o elogio do que existe de melhor nela. Também nos deixou a advertência do seu desmedido apetite por dominação que toda uma história de desencontros tem confirmado”.
“Chegamos até aqui graças a condução firme e sábia do líder histórico da Revolução Cubana Fidel Castro Ruz, a cujas ideias sempre guardaremos lealdade suprema”.
“Em 1959, os Estados Unidos não aceitaram a existência de uma pequena e vizinha ilha totalmente independente e alguns anos depois, muito menos aceitou uma revolução socialista que teve que defender-se e, desde então, encarna a vontade de nosso povo. Cito a história para afirmar que hoje se abre a oportunidade de iniciarmos o trabalho para fundar relações bilaterais novas e distintas a todo o período anterior. Para isso o governo cubano compromete toda sua vontade”.
Estes discursos mostram que não existem, por parte da liderança cubana, quaisquer ilusões sobre os Estados Unidos, o que representa o imperialismo e, consequentemente, sobre os desafios do novo período. Mas releva principalmente que a reabertura das embaixadas é, fora de qualquer dúvida, uma importante vitória política. Vitória política de um povo altaneiro. Vitória política de uma pequena nação que se agigantou perante a história por sua nobreza de ideais e por sua incorruptível dignidade.
Enquanto isso, as Pitonisas da direita brasileira, que por décadas previam o derrube do regime cubano, continuarão a mesma cantilena até que, como aconteceu com as Pitonisas da antiguidade, caiam no descrédito e no esquecimento que a história inevitavelmente lhes reserva.
Viva Cuba socialista!
Profecia de Fidel Castro feita em 1973 se concretiza em 2015
ResponderExcluir0 Barack Obama, cuba, Curiosidades, EUA, Fidel Castro, Mundo, Papa Francisco 7/23/2015 04:19:00 PM
Em plena Guerra Fria, no ano de 1973, o líder cubano Fidel Castro fez uma assombrosa previsão que acaba de se concretizar em 2015, mais de 40 anos depois
Ano de 1973. A Guerra Fria está mais fria do que nunca: Richard Nixon está no seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos (renunciaria no ano seguinte) e a Guerra do Vietnã chega ao fim. Ao regressar do país situado no sudeste asiático, o líder cubano Fidel Castro participa de uma de suas habituais reuniões com a imprensa internacional.
Em um ambiente descontraído, Brian Davis, jornalista de uma agência de notícias britânica, questionou: “Quando você [Fidel] acredita que serão restabelecidas relações entre Cuba e Estados Unidos, dois países tão distantes, embora próximos geograficamente?”
O líder da revolução cubana, olhando firmemente nos olhos de Brian, respondeu em alto e bom som para que todos os presentes pudessem escutá-lo: “Os Estados Unidos só voltarão a dialogar conosco quando tiverem um presidente negro e quando houver no mundo um Papa latino-americano”.
Alguns jornalistas riram da declaração, outros, incrédulos, esboçaram expressões faciais irônicas. Ninguém acreditou na previsão de um ‘Castro metido a Nostradamus’. Todo esse episódio foi resgatado pelo jornalista e escritor argentino, Pedro Jorge Solans, durante recente viagem que fez a Cuba para produzir uma reportagem que tratava da reabertura das relações da ilha caribenha com os EUA. A matéria foi originalmente publicada no El Diario de Carlos Paz.
Esse episódio histórico é explicado por Eduardo de la Torre, que na época era estudante universitário. Naqueles tempos, era impossível imaginar que Barack Obama, um homem negro, podia chegar a ser presidente do país mais poderoso do mundo. Tampouco parecia viável que um argentino fosse eleito Papa quando a maioria dos que disputavam e assumiam o posto máximo da Igreja Católica eram nascidos na Itália, mais precisamente em Roma.