Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Agosto promete. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou neste sábado, 26, que pretende permanecer no cargo mesmo que venha a ser objeto de denúncia do Procurador Geral da República Rodrigo Janot ao STF: “Não cogito qualquer afastamento”. Apesar de sua disposição para resistir, a história recente de presidentes encalacrados das duas casas legislativas ensina que, quando o desgaste aumenta, o acusado acaba sendo ejetado da cadeira pela pressão de seus pares.
A denúncia de Janot é esperada até pelo próprio Cunha para o mês de agosto. Aliás, ele chegou a temer que fosse apresentada durante o recesso. Fontes do Ministério Público têm dito a parlamentares que ela será forte e consistente. Tendo adotado a estratégia de salvar-se espalhando o fogo, Cunha deve criar todo tipo de dificuldade para o governo logo que os trabalhos da Câmara forem reabertos, em agosto.
Para se manter no cargo, entretanto, não bastará a coragem e a determinação, virtudes que não lhe faltam. Será preciso também “combinar com os russos”, o conjunto de partidos e de deputados. Estarão eles dispostos a enfrentar um eventual clamor externo pelo afastamento de Cunha? Vejamos os exemplos mais recentes de presidentes ejetados, que são os de Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho, no Senado, e o de Severino Cavalcanti, na Câmara.
ACM, rei da Bahia desde o regime militar, manteve-se poderoso e intocável na era FHC. Presidiu o Senado no biênio 1997-1999 e foi reeleito para o período 1999-2001. Desgastou-se numa querela com Jáder Barbalho, que o sucedeu no cargo, e logo depois se envolveu no rumoroso escândalo da violação do painel eletrônico do Senado. Acabara de deixar a presidência mas sua influência virou pó, e quando viu que seria cassado, renunciou para não se tornar inelegível.
Jáder, por sua vez, mesmo depois de assumir a presidência do Senado derrotando o candidato de ACM, continuou sendo alvo de frequentes denúncias de corrupção pela mídia. Embora seu PMDB fosse majoritário no Senado, para contornar a pressão da casa pediu licença do cargo por 60 dias. Mas quando a pressão aumentou, renunciou à presidência em setembro e ao próprio mandato no início de outubro.
Severino Cavalcanti era um deputado do baixo clero quando se elegeu presidente da Câmara em 2005, graças à divisão nas hostes governistas. Em setembro estoura o escândalo do “mensalinho”, em que o dono de um restaurante concedido pela Câmara o acusa de cobrar-lhe uma propina de R$ 10 mil mensais para manter a concessão. Severino tenta resistir mas diante do desgaste da Câmara não resiste à pressão dos deputados, renuncia ao cargo e depois ao mandato de deputado.
Para ter um destino diferente, Cunha precisará de um apoio inabalável da maioria dos partidos e de deputados, dispostos a enfrentar um grande desgaste para mantê-lo no cargo. Por ora, o PMDB não o acompanhou na decisão de romper com o governo e o único apoio externo recebido foi do Solidariedade. O PSDB mantém-se convenientemente distante do furacão que ronda cunha. Não o apoia, temendo a contaminação. Não o ataca, temendo a reação do aliado com quem até há poucos dias conspirava para derrubar Dilma.
Agosto promete. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou neste sábado, 26, que pretende permanecer no cargo mesmo que venha a ser objeto de denúncia do Procurador Geral da República Rodrigo Janot ao STF: “Não cogito qualquer afastamento”. Apesar de sua disposição para resistir, a história recente de presidentes encalacrados das duas casas legislativas ensina que, quando o desgaste aumenta, o acusado acaba sendo ejetado da cadeira pela pressão de seus pares.
A denúncia de Janot é esperada até pelo próprio Cunha para o mês de agosto. Aliás, ele chegou a temer que fosse apresentada durante o recesso. Fontes do Ministério Público têm dito a parlamentares que ela será forte e consistente. Tendo adotado a estratégia de salvar-se espalhando o fogo, Cunha deve criar todo tipo de dificuldade para o governo logo que os trabalhos da Câmara forem reabertos, em agosto.
Para se manter no cargo, entretanto, não bastará a coragem e a determinação, virtudes que não lhe faltam. Será preciso também “combinar com os russos”, o conjunto de partidos e de deputados. Estarão eles dispostos a enfrentar um eventual clamor externo pelo afastamento de Cunha? Vejamos os exemplos mais recentes de presidentes ejetados, que são os de Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho, no Senado, e o de Severino Cavalcanti, na Câmara.
ACM, rei da Bahia desde o regime militar, manteve-se poderoso e intocável na era FHC. Presidiu o Senado no biênio 1997-1999 e foi reeleito para o período 1999-2001. Desgastou-se numa querela com Jáder Barbalho, que o sucedeu no cargo, e logo depois se envolveu no rumoroso escândalo da violação do painel eletrônico do Senado. Acabara de deixar a presidência mas sua influência virou pó, e quando viu que seria cassado, renunciou para não se tornar inelegível.
Jáder, por sua vez, mesmo depois de assumir a presidência do Senado derrotando o candidato de ACM, continuou sendo alvo de frequentes denúncias de corrupção pela mídia. Embora seu PMDB fosse majoritário no Senado, para contornar a pressão da casa pediu licença do cargo por 60 dias. Mas quando a pressão aumentou, renunciou à presidência em setembro e ao próprio mandato no início de outubro.
Severino Cavalcanti era um deputado do baixo clero quando se elegeu presidente da Câmara em 2005, graças à divisão nas hostes governistas. Em setembro estoura o escândalo do “mensalinho”, em que o dono de um restaurante concedido pela Câmara o acusa de cobrar-lhe uma propina de R$ 10 mil mensais para manter a concessão. Severino tenta resistir mas diante do desgaste da Câmara não resiste à pressão dos deputados, renuncia ao cargo e depois ao mandato de deputado.
Para ter um destino diferente, Cunha precisará de um apoio inabalável da maioria dos partidos e de deputados, dispostos a enfrentar um grande desgaste para mantê-lo no cargo. Por ora, o PMDB não o acompanhou na decisão de romper com o governo e o único apoio externo recebido foi do Solidariedade. O PSDB mantém-se convenientemente distante do furacão que ronda cunha. Não o apoia, temendo a contaminação. Não o ataca, temendo a reação do aliado com quem até há poucos dias conspirava para derrubar Dilma.
As Instituições brasileiras podem conviver com um achacador no governo do País ou na Presidência da Câmara. Se precisar condenar sem provas, precisa ser adversário político da parte aparelhada da Instituição e seus partidos 'amigos'. A Dilma precisa tomar o governo da globo.
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