Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
O momento político é um dos mais estranhos desde a redemocratização do país. E por mais que se tente jogar isso no colo da crise econômica, não cola.
A crise é real, mas ao mesmo tempo não é assim uma Brastemp. O desemprego cresceu, mas ainda é administrável. A inflação está alta, mas já dá sinais de que vai arrefecer no ano que vem. O comércio está em crise, mas a indústria nacional ampliou a exportação. O ajuste radical é uma sandice, mas ele não vai passar do jeito que o deus mercado e o deus Levy desejavam. Enfim, o momento é ruim, mas tende a ficar regular em curto prazo. O que pode mudar essa perspectiva é uma crise internacional sem precedentes, que poderia vir com uma freada brusca da China e uma retração grande da Europa por conta do aprofundamento da crise na Grécia.
O pepino da economia ainda não foi descascado, mas seu gosto amargo também não foi sentido amplamente. E pode nem vir a ser. Afinal há possibilidades de uma retomada.
Mas por que mesmo assim o momento político é um dos mais confusos das últimas décadas?
Só há um motivo que explica isso, o país parece órfão de lideranças políticas. Principalmente de sua grande liderança política, a presidenta em curso.
Em política não existe vácuo e nem espaço vazio. Quando se percebe que pode estar surgindo uma fresta, muitos correm para ocupá-la.
E após a eleição, Dilma não se comportou como líder.
Ao contrário, assumiu um comportamento quase de derrotada já na celebração da vitória. Só faltou pedir desculpas ao país por não ter ganhado de uma diferença maior. E ao invés de afirmar que iria aprofundar as mudanças que haviam levado Lula a se eleger em 2002 e em 2006. E ela em 2010 e 2014. Preferiu dizer que iria tentar unir o Brasil e coisas do gênero.
O país não estava dividido. O país tinha dois caminhos diferentes. E uma maioria preferiu seguir o que ela propunha tanto nos debates como no marketing eleitoral. Um país que falava em crescimento com distribuição de renda. Um país que falava em ampliar a democracia, inclusive na área de comunicação. Um país que falava em justiça social, com pré-sal para a educação. Que falava em defender a Petrobras e em manter altivez nas relações diplomáticas.
Dilma não ganhou pela direita, como em 2010, quando foi beijar a santa e teve que jurar que era contra o aborto. Dilma venceu a eleição de 2014 pela esquerda. Falando em mudar mais e não em ajustes.
E esse é o grande problema da hora.
O centro do seu discurso foi jogado no lixo depois da eleição e as pessoas que estavam dispostas a enfrentar o fundamentalismo de direita que sempre foi extremamente pesado e forte no Brasil, ficaram sem sua liderança.
Sem a presidenta que foi eleita pra aprofundar mudanças.
E daria pra manter a liderança fazendo ajustes necessários na economia?
Claro que sim. Uma coisa não era incompatível com a outra. Mas como Dilma não fez isso, Cunha, Renan, Aécio e outros malandros políticos se animaram a ir pra cima do espaço vazio.
Agora a presidenta não tem outra opção. Ou aproveita o recesso parlamentar para reorganizar sua agenda e assumir a direção da política do Brasil, com jeito mas com força, ou se tornará uma rainha da Inglaterra, sem o respeito que boa parte dos súditos tem pela original.
Os próximos 20 dias serão decisivos. O jogo do que será o Brasil nos próximos anos pode estar sendo reorganizado neste período.
Há uma grande articulação para aprovar, já na volta do recesso, o parlamentarismo. E a operação de ontem pode aprofundar esse movimento.
Quanto mais a PF se aproxima do Congresso, mais rapidamente essa gente vai querer agir pra poder controlar não só a PF, mas o governo como um todo.
Eles não são são amadores.
Não vão recuar.
Vejam como funciona os supostos aparelhos de Estado no estado de São Paulo. Quantas CPIs? Quantas investigações do MP? Quantas pessoas presas?
Ao contrário, tudo está absolutamente “sob controle”.
E é isso que precisa acontecer pra quem está com a cabeça sob a lâmina da guilhotina. É preciso emperrar o mecanismo que pode acionar a lâmina.
Dilma não tem muitas saídas agora. E nem tanto tempo como talvez alguns dos seus operadores políticos imaginem.
Se sua opção é ir pra cima da chantagem política, ela tem que deixar isso claro.
Tem que abrir o jogo com a população e buscar apoio para resistir à avalanche que virá do Congresso. Se acredita que a PF e o MP se açodaram, tem que ir pra cima deles.
Não há mais muro neste jogo pra Dilma ficar pendurada nele.
O truco já foi dado e só com uma jogada de mestre nos próximos dias ela poderá sair dessa situação.
E, cá entre nós, a presidenta em boa medida é responsável pelo que está acontecendo.
E por isso mesmo ela terá que mostrar que sabia o que estava fazendo e que tem condições de operar, como uma grande liderança, neste terreno.
Há sim necessidade de que Dilma se mostre uma grande liderança. E se há uma coisa que não pode intimidar lideranças é resultado de pesquisas.
A crise é real, mas ao mesmo tempo não é assim uma Brastemp. O desemprego cresceu, mas ainda é administrável. A inflação está alta, mas já dá sinais de que vai arrefecer no ano que vem. O comércio está em crise, mas a indústria nacional ampliou a exportação. O ajuste radical é uma sandice, mas ele não vai passar do jeito que o deus mercado e o deus Levy desejavam. Enfim, o momento é ruim, mas tende a ficar regular em curto prazo. O que pode mudar essa perspectiva é uma crise internacional sem precedentes, que poderia vir com uma freada brusca da China e uma retração grande da Europa por conta do aprofundamento da crise na Grécia.
O pepino da economia ainda não foi descascado, mas seu gosto amargo também não foi sentido amplamente. E pode nem vir a ser. Afinal há possibilidades de uma retomada.
Mas por que mesmo assim o momento político é um dos mais confusos das últimas décadas?
Só há um motivo que explica isso, o país parece órfão de lideranças políticas. Principalmente de sua grande liderança política, a presidenta em curso.
Em política não existe vácuo e nem espaço vazio. Quando se percebe que pode estar surgindo uma fresta, muitos correm para ocupá-la.
E após a eleição, Dilma não se comportou como líder.
Ao contrário, assumiu um comportamento quase de derrotada já na celebração da vitória. Só faltou pedir desculpas ao país por não ter ganhado de uma diferença maior. E ao invés de afirmar que iria aprofundar as mudanças que haviam levado Lula a se eleger em 2002 e em 2006. E ela em 2010 e 2014. Preferiu dizer que iria tentar unir o Brasil e coisas do gênero.
O país não estava dividido. O país tinha dois caminhos diferentes. E uma maioria preferiu seguir o que ela propunha tanto nos debates como no marketing eleitoral. Um país que falava em crescimento com distribuição de renda. Um país que falava em ampliar a democracia, inclusive na área de comunicação. Um país que falava em justiça social, com pré-sal para a educação. Que falava em defender a Petrobras e em manter altivez nas relações diplomáticas.
Dilma não ganhou pela direita, como em 2010, quando foi beijar a santa e teve que jurar que era contra o aborto. Dilma venceu a eleição de 2014 pela esquerda. Falando em mudar mais e não em ajustes.
E esse é o grande problema da hora.
O centro do seu discurso foi jogado no lixo depois da eleição e as pessoas que estavam dispostas a enfrentar o fundamentalismo de direita que sempre foi extremamente pesado e forte no Brasil, ficaram sem sua liderança.
Sem a presidenta que foi eleita pra aprofundar mudanças.
E daria pra manter a liderança fazendo ajustes necessários na economia?
Claro que sim. Uma coisa não era incompatível com a outra. Mas como Dilma não fez isso, Cunha, Renan, Aécio e outros malandros políticos se animaram a ir pra cima do espaço vazio.
Agora a presidenta não tem outra opção. Ou aproveita o recesso parlamentar para reorganizar sua agenda e assumir a direção da política do Brasil, com jeito mas com força, ou se tornará uma rainha da Inglaterra, sem o respeito que boa parte dos súditos tem pela original.
Os próximos 20 dias serão decisivos. O jogo do que será o Brasil nos próximos anos pode estar sendo reorganizado neste período.
Há uma grande articulação para aprovar, já na volta do recesso, o parlamentarismo. E a operação de ontem pode aprofundar esse movimento.
Quanto mais a PF se aproxima do Congresso, mais rapidamente essa gente vai querer agir pra poder controlar não só a PF, mas o governo como um todo.
Eles não são são amadores.
Não vão recuar.
Vejam como funciona os supostos aparelhos de Estado no estado de São Paulo. Quantas CPIs? Quantas investigações do MP? Quantas pessoas presas?
Ao contrário, tudo está absolutamente “sob controle”.
E é isso que precisa acontecer pra quem está com a cabeça sob a lâmina da guilhotina. É preciso emperrar o mecanismo que pode acionar a lâmina.
Dilma não tem muitas saídas agora. E nem tanto tempo como talvez alguns dos seus operadores políticos imaginem.
Se sua opção é ir pra cima da chantagem política, ela tem que deixar isso claro.
Tem que abrir o jogo com a população e buscar apoio para resistir à avalanche que virá do Congresso. Se acredita que a PF e o MP se açodaram, tem que ir pra cima deles.
Não há mais muro neste jogo pra Dilma ficar pendurada nele.
O truco já foi dado e só com uma jogada de mestre nos próximos dias ela poderá sair dessa situação.
E, cá entre nós, a presidenta em boa medida é responsável pelo que está acontecendo.
E por isso mesmo ela terá que mostrar que sabia o que estava fazendo e que tem condições de operar, como uma grande liderança, neste terreno.
Há sim necessidade de que Dilma se mostre uma grande liderança. E se há uma coisa que não pode intimidar lideranças é resultado de pesquisas.
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