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Ponham-se no meu lugar: por onde começar este texto, depois dos acontecimentos dos últimos dias e horas que, numa velocidade cada vez maior, levaram a guerra política à beira de uma crise institucional sem precedentes, trinta anos após a redemocratização do país?
Tinha ido dormir com a sensação de que o governo estava no chão e as oposições só contavam as horas para saber quando e como assumiriam o poder.
Acordei nesta terça-feira com a manchete da Folha em que a presidente Dilma Rousseff, na mais franca e contundente entrevista desde a primeira posse, reage ao cerco desfechado contra ela na última semana para avisar que o seu governo não acabou:
"O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar", desafiou, indignada com os que se movimentam para encurtar seu segundo mandato e promover um terceiro turno.
Já que ninguém se dispunha a isso, no governo, no PT e na base aliada, a presidente resolveu sair em sua própria defesa. Parece que finalmente ela se deu conta da gravidade da crise que já dura seis meses e atinge todos os setores da vida nacional. Abriu o coração, falou tudo o que estava entalado na garganta e desabafou, referindo-se a "certa oposição um tanto quanto golpista":
"Eu não vou terminar meu mandato por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade ou tem uma base real?".
Na festiva convenção promovida pelo PSDB no domingo, em que foi reeleito para a presidência do partido, o senador mineiro Aécio Neves, derrotado por Dilma nas urnas há apenas oito meses, já se apresentou como candidato a tomar seu lugar o mais rápido possível, com direito a jingle de campanha, claque, camisetas, e tudo.
A euforia dos tucanos era tanta que, ao perguntar a Fernando Henrique Cardoso quando seria a estreia do seu programa de televisão no Canal Brasil, Aécio ouviu a seguinte resposta do ex-presidente, em tom de brincadeira, é claro:
"Pelo ritmo que vai, quando estrear você já será presidente".
Esqueceram de combinar com o governador paulista Geraldo Alckmin, outro pré-candidato, que saiu da convenção enciumado com a babação de ovo sobre Aécio, e com o senador José Serra, que nas últimas semanas já está oferecendo seu passe ao PMDB, caso eles precisem de um nome para disputar as próximas eleições presidenciais.
Dividido como sempre e animado como nunca, o PSDB deu muita bandeira, mostrando que não está disposto a esperar até 2018. Sem apresentar qualquer proposta alternativa ao país para o enfrentamento da crise e jogando tudo apenas no desgaste da presidente, o partido oficial da oposição acabou dando munição aos que denunciam suas manobras golpistas, agora voltadas para os tribunais, com o descarado apoio da mídia hegemônica.
Com esta oposição, Dilma reuniu forças para sair da toca e ir ao ataque, no momento de maior isolamento e mais delicado do seu governo, em que apenas a lealdade do vice Michel Temer parece estar do seu lado.
Na surpreendente e corajosa entrevista concedida por Dilma a Maria Cristina Frias, Valdo Cruz e Natuza Nery, nenhum assunto ficou de fora, nem mesmo o boato espalhado na internet de que teria tentado o suicídio:
"Eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me matar lá (quando foi presa durante o regime militar), a troco de quê eu quero me suicidar agora?".
Para deixar clara sua disposição de resistir às tentativas golpistas e retomar a iniciativa da agenda, hoje nas mãos do líder de fato da oposição, Eduardo Cunha, presidente da Câmara, durante toda a segunda feira a presidente manteve reuniões com a coordenação política do governo e líderes e presidentes dos partidos da base aliada.
Dois são os próximos desafios de Dilma: o julgamento das contas do governo, com as chamadas pedaladas fiscais, no TCU, e o das suas contas da campanha eleitoral, no TSE. É das decisões a serem tomadas nestes tribunais, possivelmente ainda este mês, que dependerão os próximos capítulos desta guerra política sem quartel, e sem fim à vista. Preparem seus corações.
Tinha ido dormir com a sensação de que o governo estava no chão e as oposições só contavam as horas para saber quando e como assumiriam o poder.
Acordei nesta terça-feira com a manchete da Folha em que a presidente Dilma Rousseff, na mais franca e contundente entrevista desde a primeira posse, reage ao cerco desfechado contra ela na última semana para avisar que o seu governo não acabou:
"O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar", desafiou, indignada com os que se movimentam para encurtar seu segundo mandato e promover um terceiro turno.
Já que ninguém se dispunha a isso, no governo, no PT e na base aliada, a presidente resolveu sair em sua própria defesa. Parece que finalmente ela se deu conta da gravidade da crise que já dura seis meses e atinge todos os setores da vida nacional. Abriu o coração, falou tudo o que estava entalado na garganta e desabafou, referindo-se a "certa oposição um tanto quanto golpista":
"Eu não vou terminar meu mandato por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade ou tem uma base real?".
Na festiva convenção promovida pelo PSDB no domingo, em que foi reeleito para a presidência do partido, o senador mineiro Aécio Neves, derrotado por Dilma nas urnas há apenas oito meses, já se apresentou como candidato a tomar seu lugar o mais rápido possível, com direito a jingle de campanha, claque, camisetas, e tudo.
A euforia dos tucanos era tanta que, ao perguntar a Fernando Henrique Cardoso quando seria a estreia do seu programa de televisão no Canal Brasil, Aécio ouviu a seguinte resposta do ex-presidente, em tom de brincadeira, é claro:
"Pelo ritmo que vai, quando estrear você já será presidente".
Esqueceram de combinar com o governador paulista Geraldo Alckmin, outro pré-candidato, que saiu da convenção enciumado com a babação de ovo sobre Aécio, e com o senador José Serra, que nas últimas semanas já está oferecendo seu passe ao PMDB, caso eles precisem de um nome para disputar as próximas eleições presidenciais.
Dividido como sempre e animado como nunca, o PSDB deu muita bandeira, mostrando que não está disposto a esperar até 2018. Sem apresentar qualquer proposta alternativa ao país para o enfrentamento da crise e jogando tudo apenas no desgaste da presidente, o partido oficial da oposição acabou dando munição aos que denunciam suas manobras golpistas, agora voltadas para os tribunais, com o descarado apoio da mídia hegemônica.
Com esta oposição, Dilma reuniu forças para sair da toca e ir ao ataque, no momento de maior isolamento e mais delicado do seu governo, em que apenas a lealdade do vice Michel Temer parece estar do seu lado.
Na surpreendente e corajosa entrevista concedida por Dilma a Maria Cristina Frias, Valdo Cruz e Natuza Nery, nenhum assunto ficou de fora, nem mesmo o boato espalhado na internet de que teria tentado o suicídio:
"Eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me matar lá (quando foi presa durante o regime militar), a troco de quê eu quero me suicidar agora?".
Para deixar clara sua disposição de resistir às tentativas golpistas e retomar a iniciativa da agenda, hoje nas mãos do líder de fato da oposição, Eduardo Cunha, presidente da Câmara, durante toda a segunda feira a presidente manteve reuniões com a coordenação política do governo e líderes e presidentes dos partidos da base aliada.
Dois são os próximos desafios de Dilma: o julgamento das contas do governo, com as chamadas pedaladas fiscais, no TCU, e o das suas contas da campanha eleitoral, no TSE. É das decisões a serem tomadas nestes tribunais, possivelmente ainda este mês, que dependerão os próximos capítulos desta guerra política sem quartel, e sem fim à vista. Preparem seus corações.
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