Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Tento há tempos terminar dois livros e não consigo. O trabalho diário não permite.
No meio do maior tiroteio político desde o impeachment de Collor, em entrevista ao Estadão, José Eduardo Cardozo diz se dedicar a uma tese de doutorado na prestigiosa Universidade de Salamanca.
É um privilégio, para este país de iletrados, ter na Justiça um Ministro intelectual, que dedica suas horas vagas a teses de doutorado.
Mas onde arruma tempo?
Os grandes Ministros da Justiça não batem ponto, não trabalham apenas em horário comercial. Especialmente quando há ameaças sobre seu governo, todos seus horários são dedicados à administração de crises. Mas Cardozo arruma tempo porque, seguindo o bacharelismo que marcou o país desde a monarquia, dedicar-se às luzes é mais nobre do que ao trabalho braçal, ainda que de Ministro.
Na entrevista concedida ao ˆEstadão", ele brada em bom tom seu republicanismo. E, como tal, define a não intervenção nos trabalhos da Polícia Federal - de quem ele é o chefe máximo.
Na própria entrevista ao jornal, Cardozo manifesta duas suspeitas de crimes que estariam ocorrendo, como se fosse um cidadão comum, e não o chefe maior da PF.
A primeira, dos vazamentos seletivos de inquéritos sigilosos. A segunda, a de que a UTC - e outras empreiteiras envolvidas na Lava Jato - pagaram propinas também a outros partidos.
O que ele fez para apurar os vazamentos, um dos quais, inclusive, quase decidiu as últimas eleições? Abriu um inquérito qualquer, que jamais chegará ao final. O que ele faz para impedir novos vazamentos? Até agora, nada.
Em relação às propinas políticas para outros governos, os delatores ouvidos pela Lava Jato são os mesmos. Tendo oportunidade, efetivamente, de passar o país a limpo, a força tarefa da Lava Jato direciona o interrogatório apenas para os esquemas da Petrobras e sobre o governo federal. Se tem suspeitas de ampliação dos crimes e não ordena à PF para ampliar as investigações, o Ministro prevarica.
A apuração geral das propinas políticas não visa encontrar álibi para ninguém. O PT se meteu na lama e sai indelevelmente manchado.
Mas há duas maneiras de atacar escândalos: quando a apuração é geral, obriga a mudanças de procedimentos políticos, administrativos; quando contempla só um dos lados, é golpe, hipocrisia, como ocorreu em outros momentos de "limpeza moral" do país.
Tento há tempos terminar dois livros e não consigo. O trabalho diário não permite.
No meio do maior tiroteio político desde o impeachment de Collor, em entrevista ao Estadão, José Eduardo Cardozo diz se dedicar a uma tese de doutorado na prestigiosa Universidade de Salamanca.
É um privilégio, para este país de iletrados, ter na Justiça um Ministro intelectual, que dedica suas horas vagas a teses de doutorado.
Mas onde arruma tempo?
Os grandes Ministros da Justiça não batem ponto, não trabalham apenas em horário comercial. Especialmente quando há ameaças sobre seu governo, todos seus horários são dedicados à administração de crises. Mas Cardozo arruma tempo porque, seguindo o bacharelismo que marcou o país desde a monarquia, dedicar-se às luzes é mais nobre do que ao trabalho braçal, ainda que de Ministro.
Na entrevista concedida ao ˆEstadão", ele brada em bom tom seu republicanismo. E, como tal, define a não intervenção nos trabalhos da Polícia Federal - de quem ele é o chefe máximo.
Na própria entrevista ao jornal, Cardozo manifesta duas suspeitas de crimes que estariam ocorrendo, como se fosse um cidadão comum, e não o chefe maior da PF.
A primeira, dos vazamentos seletivos de inquéritos sigilosos. A segunda, a de que a UTC - e outras empreiteiras envolvidas na Lava Jato - pagaram propinas também a outros partidos.
O que ele fez para apurar os vazamentos, um dos quais, inclusive, quase decidiu as últimas eleições? Abriu um inquérito qualquer, que jamais chegará ao final. O que ele faz para impedir novos vazamentos? Até agora, nada.
Em relação às propinas políticas para outros governos, os delatores ouvidos pela Lava Jato são os mesmos. Tendo oportunidade, efetivamente, de passar o país a limpo, a força tarefa da Lava Jato direciona o interrogatório apenas para os esquemas da Petrobras e sobre o governo federal. Se tem suspeitas de ampliação dos crimes e não ordena à PF para ampliar as investigações, o Ministro prevarica.
A apuração geral das propinas políticas não visa encontrar álibi para ninguém. O PT se meteu na lama e sai indelevelmente manchado.
Mas há duas maneiras de atacar escândalos: quando a apuração é geral, obriga a mudanças de procedimentos políticos, administrativos; quando contempla só um dos lados, é golpe, hipocrisia, como ocorreu em outros momentos de "limpeza moral" do país.
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