sábado, 11 de julho de 2015

Parque Augusta e o procurador suspeito

Por Altamiro Borges

O Parque Augusta, um terreno de 24 mil metros quadrados no centro da capital paulista, transformou-se num símbolo da resistência à especulação imobiliária em São Paulo. Ele já foi cenário de protestos e ocupações por ativistas que defendem a preservação da Mata Atlântica e o uso dos espaços públicos para o lazer da população. Nesta batalha contra duas poderosas empresas - Cyrela e Setin - eles sempre esbarraram na postura intransigente do procurador Maurício Antônio Ribeiro Lopes. Agora, porém, a sociedade fica sabendo que este "agente da Justiça" é alvo de investigações do Ministério Público, suspeito de favorecer as construtoras em várias obras irregulares na maior cidade do país.

Segundo reportagem da Folha, "Maurício Antônio Ribeiro Lopes, que até o mês passado atuava como promotor nas áreas de habitação e urbanismo, é investigado pela Corregedoria-Geral do Ministério Público de São Paulo por suposto favorecimento a construtoras. A investigação foi aberta após reclamação da associação de moradores do bairro de Cerqueira César, por causa da intervenção dele na polêmica discussão da criação do Parque Augusta. Antes restrita a apenas esse caso, a apuração sobre o procurador se estendeu a outros empreendimentos da cidade. Essa ampliação ocorreu graças a outros promotores de Justiça que prestaram testemunho contra Lopes".

Ainda de acordo com a matéria, o procurador é suspeito em ao menos cinco outros casos. "Informado sobre o teor da reportagem, Lopes não quis falar sobre a investigação... A apuração da corregedoria do Ministério Público teve início em março, quando Lopes defendeu publicamente a proposta das construtoras Cyrela e Setin de dividir o terreno entre o parque Augusta e quatro novos edifícios... A corregedoria também ouviu ao menos três promotores. Eles reforçaram as suspeitas em relação à Cyrela e citaram outros casos sob suspeita. Segundo os colegas, Lopes se utilizou de diferentes manobras internas para opinar e trabalhar em defesa das empresas no parque Augusta".

Se comprovadas as denúncias, Ribeiro Lopes poderá ser afastado do cargo e ainda ser processado por improbidade administrativa. Já as construtoras deverão ser investigadas pela prática de corrupção. De imediato, as empresas negaram qualquer favorecimento ilícito ao procurador. A batalha pelo Parque Augusta, símbolo da resistência à especulação imobiliária, poderá ingressar agora numa nova etapa. No início de julho, a Justiça já havia reaberto as portas do local ao público, após ele ter ficado um ano e meio fechado. As construtoras Cyrela e Setin agora estão na berlinda!

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