Editorial do site Vermelho:
Alguns analistas de economia, sempre propensos a confundir desejo e realidade, andaram alardeando a tese de que a crise econômica havia se afastado definitivamente. Mercadejavam suas ilusões baseados em pequenas taxas de crescimento verificadas em alguns países do capitalismo central. Essa recuperação seria o primeiro indício de que, tomado o remédio amargo, os benefícios dos ajustes já se faziam sentir.
As espetaculares quedas nas bolsas de valores de todo mundo nesta segunda-feira (24) jogaram um balde de água fria nessas previsões, sempre mais baseadas em pressupostos ideológicos do que em fatos econômicos. A escala do tropeço ainda precisa ser melhor medida, mas os números assustam: as ações nas bolsas europeias perderam, somente nesse episódio, mais de 450 bilhões de euros em valor. Trata-se do maior tombo desde 2008.
Cai por terra, portanto, a ideia de que a crise nos países latino-americanos era fruto das políticas dos governos progressistas de países como a Argentina, o Brasil, a Venezuela e o Equador. O que a vida demonstra é justamente o contrário: graças ao compromisso desses governos com o seu povo as consequências sociais da crise serão minoradas e as possibilidades de uma posterior retomada do crescimento são maiores.
É preciso ter claro, entretanto, que os efeitos da crise global devem se aprofundar nos países mais dependentes da exportação de commodities. Os preços desses itens, formados pela demanda, mas também pela dinâmica anárquica da atividade especulativa, atingiram agora, segundo o Índice Bloomberg, os valores mais baixos no século 21. Esse índice, que mede os preços de 21 produtos, aponta para um processo de descenso homogêneo e contínuo que não tem um final à vista.
Este fato impacta boa parte dos países que tem feito experiências progressistas na América Latina, dentre eles o Brasil. Isso tem consequências imediatas na luta política em curso nesses locais, já que as oposições liberais e pró-imperialistas têm se apoiado na crise econômica para minar a base social desses governos.
É preciso denunciar com veemência o discurso desses setores conservadores, demonstrando que o culpado pelas crises é justamente o modelo neoliberal, baseado na desregulação e na irracionalidade do capitalismo financista. As chances da humanidade superar a crise de forma mais definitiva estão justamente na construção de saídas que apontem para superação do neoliberalismo, que é o capitalismo de nosso tempo.
E não tenhamos dúvida: os golpistas no Brasil se aproveitarão do agravamento da crise para cercar a presidenta Dilma, como já tem buscado fazer. Diante disso, é muito importante encontrar uma tática justa, inteligente e ponderada. Cabe ao movimento social e aos partidos de esquerda continuar reivindicando o aprofundamento das mudanças, aí inclusas as necessárias inflexões na política econômica, mas é preciso faze-lo sem reforçar os argumentos da oposição golpista. Na atual quadra política, só é consequente a tática que for presidida pelo fortalecimento da autoridade da presidenta e pela defesa de seu mandato constitucional.
Alguns analistas de economia, sempre propensos a confundir desejo e realidade, andaram alardeando a tese de que a crise econômica havia se afastado definitivamente. Mercadejavam suas ilusões baseados em pequenas taxas de crescimento verificadas em alguns países do capitalismo central. Essa recuperação seria o primeiro indício de que, tomado o remédio amargo, os benefícios dos ajustes já se faziam sentir.
As espetaculares quedas nas bolsas de valores de todo mundo nesta segunda-feira (24) jogaram um balde de água fria nessas previsões, sempre mais baseadas em pressupostos ideológicos do que em fatos econômicos. A escala do tropeço ainda precisa ser melhor medida, mas os números assustam: as ações nas bolsas europeias perderam, somente nesse episódio, mais de 450 bilhões de euros em valor. Trata-se do maior tombo desde 2008.
Cai por terra, portanto, a ideia de que a crise nos países latino-americanos era fruto das políticas dos governos progressistas de países como a Argentina, o Brasil, a Venezuela e o Equador. O que a vida demonstra é justamente o contrário: graças ao compromisso desses governos com o seu povo as consequências sociais da crise serão minoradas e as possibilidades de uma posterior retomada do crescimento são maiores.
É preciso ter claro, entretanto, que os efeitos da crise global devem se aprofundar nos países mais dependentes da exportação de commodities. Os preços desses itens, formados pela demanda, mas também pela dinâmica anárquica da atividade especulativa, atingiram agora, segundo o Índice Bloomberg, os valores mais baixos no século 21. Esse índice, que mede os preços de 21 produtos, aponta para um processo de descenso homogêneo e contínuo que não tem um final à vista.
Este fato impacta boa parte dos países que tem feito experiências progressistas na América Latina, dentre eles o Brasil. Isso tem consequências imediatas na luta política em curso nesses locais, já que as oposições liberais e pró-imperialistas têm se apoiado na crise econômica para minar a base social desses governos.
É preciso denunciar com veemência o discurso desses setores conservadores, demonstrando que o culpado pelas crises é justamente o modelo neoliberal, baseado na desregulação e na irracionalidade do capitalismo financista. As chances da humanidade superar a crise de forma mais definitiva estão justamente na construção de saídas que apontem para superação do neoliberalismo, que é o capitalismo de nosso tempo.
E não tenhamos dúvida: os golpistas no Brasil se aproveitarão do agravamento da crise para cercar a presidenta Dilma, como já tem buscado fazer. Diante disso, é muito importante encontrar uma tática justa, inteligente e ponderada. Cabe ao movimento social e aos partidos de esquerda continuar reivindicando o aprofundamento das mudanças, aí inclusas as necessárias inflexões na política econômica, mas é preciso faze-lo sem reforçar os argumentos da oposição golpista. Na atual quadra política, só é consequente a tática que for presidida pelo fortalecimento da autoridade da presidenta e pela defesa de seu mandato constitucional.
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