Por Altamiro Borges
Entre as várias figuras exóticas da política nacional, três têm se destacado nos últimos meses. Aécio Neves, o cambaleante tucano, até agora não se curou da ressaca das eleições presidenciais de outubro passado. Toda semana ele esbraveja, reúne-se com grupos fascistas e exige o impeachment de Dilma. Temendo ser atropelado pelo governador Geraldo Alckmin e até pelo eterno candidato José Serra, ele tem pressa. Outro que anda desesperado é o lobista Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal. Ele virou o herói dos fascistas mirins, mas foi denunciado na midiática Operação Lava-Jato e agora corre o risco de ser cassado. Por último, vale citar a figura sinistra do ministro Gilmar Mendes, que faz de tudo para transformar o STF num aparelho da oposição mais hidrófoba.
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Os três patéticos
Isolada de sua base histórica, a banca e o empresariado, à tropa do impeachment só resta a debandada
Aécio Neves, Gilmar Mendes e Eduardo Cunha atuam como protagonistas de uma causa falida. Mesmo assim, não perdem uma oportunidade de expor em público sua estreiteza de horizontes. São golpistas declarados. Não importa a lógica, a política, a dialética ou mesmo o senso comum. Suas biografias, já não propriamente admiráveis, dissolvem-se a jato a cada movimento realizado para derrubar um governo eleito.
Presidente do PSDB, o senador mineiro-carioca pouco se incomoda com o ridículo de suas atitudes. Aécio sempre defendeu um programa de arrocho contra os pobres. Gabou-se da coragem de adotar medidas impopulares para "consertar o Brasil".
Agora sobe em trios elétricos como porta-voz do povo. Critica medidas de ajuste, jura pensar no Brasil e usa qualquer artimanha com uma única finalidade: isolar a presidente. Convoca sabujos para atacar um jornalista que revelou o escândalo do aeroporto construído para atender a ele e à própria família. Maiores informações na página A3 desta Folha publicada ontem (23/08).
Seu ajudante de ordens, ou vice-versa, é o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Sintoma da fragilidade do equilíbrio de poderes vigente no Brasil, Mendes emite toda sorte de opiniões fora de autos. Muda de ideia conforme as conveniências. De tão tendencioso e parcial, seu comportamento público seria suficiente para impugná-lo como síndico de prédio. Na democracia à brasileira, pontifica como jurista na mais alta corte do país. Quem quiser que leve a sério.
Mendes endossou as contas da campanha da presidente eleita alguns meses atrás. Coisas do passado. Esqueçam o que ele votou. De repente, detectou problemas insanáveis na mesma contabilidade e ruge ameaçadoramente contra o que ele mesmo aprovou. No meio tempo, acusa o Planalto de comandar um sindicato de ladrões financiado por empreiteiras envolvidas na roubalheira da Petrobras.
Bem, mas as mesmas empresas financiaram a campanha dos outros partidos. O que fazer? Vale lembrar: Mendes até hoje trava o julgamento favorável à proibição do financiamento empresarial de campanhas políticas. Seu pedido de vistas escancara um escândalo jurídico, legal e moral que o STF finge não existir. Ora, isso não vem ao caso, socorreria o juiz paladino Sergio Moro.
E aí aparece Eduardo Cunha, o peemedebista dirigente da Câmara. Terceiro na linha de sucessão presidencial, Cunha encenava comandar um exército invencível. Primeiro humilhou o Planalto na eleição para o comando da Casa. Depois, passou a manobrar o regimento para aprovar o que interessa a aliados nem sempre expostos. Tentou ainda se credenciar como alternativa golpista. Curto circuito total. Pego numa mentira de pelo menos 5 milhões de dólares, a acreditar no procurador geral, Cunha atualmente circula como um zumbi rogando piedade de parlamentares muito mais interessados em salvar a própria pele.
Cambaleante, o trio parece ter recebido a pá de cal com os pronunciamentos dos verdadeiros comandantes da nossa democracia. O mais recente veio do chefe do maior banco privado do país, Roberto Setubal. Presidente do Itaú Unibanco, Setubal afirmou com todas as letras não haver motivos para tirar Dilma do cargo. Tipo ruim com ela, pior sem ela ""que o digam os lucros pornográficos auferidos pela turma financeira.
Sem a banca por trás, abandonada pelo pessoal do dinheiro grosso e encrencada em acusações lançadas contra os adversários, à troupe do impeachment não resta muito mais que baixar o pano.
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Entre as várias figuras exóticas da política nacional, três têm se destacado nos últimos meses. Aécio Neves, o cambaleante tucano, até agora não se curou da ressaca das eleições presidenciais de outubro passado. Toda semana ele esbraveja, reúne-se com grupos fascistas e exige o impeachment de Dilma. Temendo ser atropelado pelo governador Geraldo Alckmin e até pelo eterno candidato José Serra, ele tem pressa. Outro que anda desesperado é o lobista Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal. Ele virou o herói dos fascistas mirins, mas foi denunciado na midiática Operação Lava-Jato e agora corre o risco de ser cassado. Por último, vale citar a figura sinistra do ministro Gilmar Mendes, que faz de tudo para transformar o STF num aparelho da oposição mais hidrófoba.
Na semana passada, Gilmar Mendes aprontou mais uma e voltou a ganhar os holofotes da mídia. Ele pediu a abertura de ação contra a campanha de Dilma Rousseff. Segundo a excitada Folha tucana, em matéria de capa de sábado (22), "o ministro Gilmar Mendes, integrante do Supremo Tribunal Federal e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, pediu nesta sexta-feira que a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal investiguem indícios de que recursos desviados da Petrobras ajudaram a financiar a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição".
Gilmar Mendes - que já foi rotulado de Gilmar "Mente" e Gilmar "Dantas" - não apresentou qualquer prova concreta. Citou as doações de empreiteiras envolvidas no escândalo da Operação Lava-Jato - as mesmas que também financiaram a campanha de Aécio Neves. Nomeado para o cobiçado cargo no STF por seu amigo e empregador FHC, o ministro é taxativo no seu despacho, afirmando que existem "indicativos da prática de ilícitos eleitorais e de crimes de ação penal pública". As contas da petista Dilma Rousseff foram aprovadas no ano passado por unanimidade no Tribunal Superior Eleitoral. Mesmo assim, Gilmar Mendes insiste em levantar suspeitas, reforçando o clima de instabilidade política no país - que tanto serve aos derrotados do PSDB.
Diante destes três personagens que agridem a frágil democracia brasileira, vale conferir o excelente artigo publicado nesta segunda-feira (24) por Ricardo Melo, na mesma Folha tucana:
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Os três patéticos
Isolada de sua base histórica, a banca e o empresariado, à tropa do impeachment só resta a debandada
Aécio Neves, Gilmar Mendes e Eduardo Cunha atuam como protagonistas de uma causa falida. Mesmo assim, não perdem uma oportunidade de expor em público sua estreiteza de horizontes. São golpistas declarados. Não importa a lógica, a política, a dialética ou mesmo o senso comum. Suas biografias, já não propriamente admiráveis, dissolvem-se a jato a cada movimento realizado para derrubar um governo eleito.
Presidente do PSDB, o senador mineiro-carioca pouco se incomoda com o ridículo de suas atitudes. Aécio sempre defendeu um programa de arrocho contra os pobres. Gabou-se da coragem de adotar medidas impopulares para "consertar o Brasil".
Agora sobe em trios elétricos como porta-voz do povo. Critica medidas de ajuste, jura pensar no Brasil e usa qualquer artimanha com uma única finalidade: isolar a presidente. Convoca sabujos para atacar um jornalista que revelou o escândalo do aeroporto construído para atender a ele e à própria família. Maiores informações na página A3 desta Folha publicada ontem (23/08).
Seu ajudante de ordens, ou vice-versa, é o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Sintoma da fragilidade do equilíbrio de poderes vigente no Brasil, Mendes emite toda sorte de opiniões fora de autos. Muda de ideia conforme as conveniências. De tão tendencioso e parcial, seu comportamento público seria suficiente para impugná-lo como síndico de prédio. Na democracia à brasileira, pontifica como jurista na mais alta corte do país. Quem quiser que leve a sério.
Mendes endossou as contas da campanha da presidente eleita alguns meses atrás. Coisas do passado. Esqueçam o que ele votou. De repente, detectou problemas insanáveis na mesma contabilidade e ruge ameaçadoramente contra o que ele mesmo aprovou. No meio tempo, acusa o Planalto de comandar um sindicato de ladrões financiado por empreiteiras envolvidas na roubalheira da Petrobras.
Bem, mas as mesmas empresas financiaram a campanha dos outros partidos. O que fazer? Vale lembrar: Mendes até hoje trava o julgamento favorável à proibição do financiamento empresarial de campanhas políticas. Seu pedido de vistas escancara um escândalo jurídico, legal e moral que o STF finge não existir. Ora, isso não vem ao caso, socorreria o juiz paladino Sergio Moro.
E aí aparece Eduardo Cunha, o peemedebista dirigente da Câmara. Terceiro na linha de sucessão presidencial, Cunha encenava comandar um exército invencível. Primeiro humilhou o Planalto na eleição para o comando da Casa. Depois, passou a manobrar o regimento para aprovar o que interessa a aliados nem sempre expostos. Tentou ainda se credenciar como alternativa golpista. Curto circuito total. Pego numa mentira de pelo menos 5 milhões de dólares, a acreditar no procurador geral, Cunha atualmente circula como um zumbi rogando piedade de parlamentares muito mais interessados em salvar a própria pele.
Cambaleante, o trio parece ter recebido a pá de cal com os pronunciamentos dos verdadeiros comandantes da nossa democracia. O mais recente veio do chefe do maior banco privado do país, Roberto Setubal. Presidente do Itaú Unibanco, Setubal afirmou com todas as letras não haver motivos para tirar Dilma do cargo. Tipo ruim com ela, pior sem ela ""que o digam os lucros pornográficos auferidos pela turma financeira.
Sem a banca por trás, abandonada pelo pessoal do dinheiro grosso e encrencada em acusações lançadas contra os adversários, à troupe do impeachment não resta muito mais que baixar o pano.
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