Por Emir Sader, no site Carta Maior:
Intelectuais de esquerda que não pertencem a partidos políticos de esquerda tem muita dificuldade para se localizar na luta política. Desde onde falam? Que horizonte representam? O da teoria pura? O da ortodoxia abstrata?
No entanto, por várias razões, eles existem em grande quantidade e muitas vezes produzem análises muito úteis para os processos políticos reais. Só que falham quando suas análises tem que se medir politicamente com a realidade, porque a política supõe partido, inserção nos processos concretos.
Analisando os chamados “marxistas ocidentais”, Perry Anderson contatava que sua sobrevivência com intelectuais desvinculados de partidos de esquerda, supunha se encerrar temas específicos, relativamente autônomos em relação à realidade concreta – entre os quais questões estéticas, metodológicas. Abandonavam as análises econômicas, políticas, sociais das correlações de força, das linhas concretas dos partidos.
Este é o dilema dos intelectuais não engajados na prática política concreta. Terminam desenvolvendo visões descritivas da realidade, que captam aspectos dessa realidade, mas sem poder articula-los com o que, para o marxismo, é um elemento essencial – a prática concreta. O conceito de práxis é um desafio para os intelectuais livre atiradores, que pretendem discorrer sobre a realidade de forma desvinculada das acumulações de força, das estratégias e táticas, das alianças e da constituição de blocos de forças para organizar um novo poder.
De um tempo pra cá, a partir do enfraquecimento dos partidos de esquerda em escala mundial e do surgimento de ONGs, vários intelectuais consagraram formas de expressão de livre atiradores. Uma delas é mandar cartas – individuais ou coletivas – a dirigentes políticos do campo popular, fazendo suas críticas a aspectos das práticas desses governos.
Mas de que ponto de vista se pronunciam esses intelectuais? Denunciam situações concretas, pretendem defender movimentos sociais, sem nenhum compromisso com os processos concretos dos países sobre os quais se pronunciam.
Recentemente o Equador e a Bolívia – os países que mais avançaram na região no processo de superação do neoliberalismo – são vitimas desse tipo de pronunciamento, quase sempre protagonizado pelas mesmas pessoas, intelectuais europeus e latinoamericanos. Acusam a esses governos de posturas repressivas, supostamente desconhecedoras das necessidades do meio ambiente, dos interesses indígenas, etc.
Nesses países, pessoas que fizeram parte dos processos políticos dirigidos por Evo Morales e por Rafael Correa, romperam com esses governos e foram rapidamente se radicalizando, pela denúncia da “traição” desses dirigentes. Não se constituíram como corrente mais à esquerda desses governos mas, num estranho movimento, passaram a centralizar sua luta na derrubada desses governos, aliando-se com a direita tradicional para tentar atingir esses objetivos. Nos dois países – Equador e Bolivia – o processo é muito similar mas ocorre também na Venezuela, no Brasil, na Argentina, no Uruguai. Em todos eles terminam tomando aos governos e a seus lideres como seus inimigos fundamentais, favorecendo assim alianças com as forças da direita.
Quando há eleições, em nenhum desses países – nem na Bolívia, no Equador, na Argentina ou no Brasil – essas pessoas encontram qualquer tipo de apoio popular. Quando se candidatam, tem votações irrisórias. Fazem um bafafá via internet, juntando nomes. Mas revelam não ter nenhum apoio popular.
Porque não se situam em relação à realidade do ponto de vista da sua prática, na perspectiva de projetos concretos de transformação da realidade. Se resumem a ser intelectuais críticos da realidade. Pretendem encarnar uma visão teórica acima da realidade, mas não passam de pretensos intelectuais messiânicos, sem nenhuma capacidade de influência da realidade e auto marginalizados dos processos concretos de construção de modelos de superação do neoliberalismo na America Latina.
Por isso não contribuem a nenhum tipo de construção de alternativa política, porque costumam caracterizar a cada um dos processos concretos como “traidores” dos ideias puros que eles pretendem representar. Um movimento abstrato, intelectual, sem nenhum vínculo com a esquerda latino-americana realmente existente.
No entanto, por várias razões, eles existem em grande quantidade e muitas vezes produzem análises muito úteis para os processos políticos reais. Só que falham quando suas análises tem que se medir politicamente com a realidade, porque a política supõe partido, inserção nos processos concretos.
Analisando os chamados “marxistas ocidentais”, Perry Anderson contatava que sua sobrevivência com intelectuais desvinculados de partidos de esquerda, supunha se encerrar temas específicos, relativamente autônomos em relação à realidade concreta – entre os quais questões estéticas, metodológicas. Abandonavam as análises econômicas, políticas, sociais das correlações de força, das linhas concretas dos partidos.
Este é o dilema dos intelectuais não engajados na prática política concreta. Terminam desenvolvendo visões descritivas da realidade, que captam aspectos dessa realidade, mas sem poder articula-los com o que, para o marxismo, é um elemento essencial – a prática concreta. O conceito de práxis é um desafio para os intelectuais livre atiradores, que pretendem discorrer sobre a realidade de forma desvinculada das acumulações de força, das estratégias e táticas, das alianças e da constituição de blocos de forças para organizar um novo poder.
De um tempo pra cá, a partir do enfraquecimento dos partidos de esquerda em escala mundial e do surgimento de ONGs, vários intelectuais consagraram formas de expressão de livre atiradores. Uma delas é mandar cartas – individuais ou coletivas – a dirigentes políticos do campo popular, fazendo suas críticas a aspectos das práticas desses governos.
Mas de que ponto de vista se pronunciam esses intelectuais? Denunciam situações concretas, pretendem defender movimentos sociais, sem nenhum compromisso com os processos concretos dos países sobre os quais se pronunciam.
Recentemente o Equador e a Bolívia – os países que mais avançaram na região no processo de superação do neoliberalismo – são vitimas desse tipo de pronunciamento, quase sempre protagonizado pelas mesmas pessoas, intelectuais europeus e latinoamericanos. Acusam a esses governos de posturas repressivas, supostamente desconhecedoras das necessidades do meio ambiente, dos interesses indígenas, etc.
Nesses países, pessoas que fizeram parte dos processos políticos dirigidos por Evo Morales e por Rafael Correa, romperam com esses governos e foram rapidamente se radicalizando, pela denúncia da “traição” desses dirigentes. Não se constituíram como corrente mais à esquerda desses governos mas, num estranho movimento, passaram a centralizar sua luta na derrubada desses governos, aliando-se com a direita tradicional para tentar atingir esses objetivos. Nos dois países – Equador e Bolivia – o processo é muito similar mas ocorre também na Venezuela, no Brasil, na Argentina, no Uruguai. Em todos eles terminam tomando aos governos e a seus lideres como seus inimigos fundamentais, favorecendo assim alianças com as forças da direita.
Quando há eleições, em nenhum desses países – nem na Bolívia, no Equador, na Argentina ou no Brasil – essas pessoas encontram qualquer tipo de apoio popular. Quando se candidatam, tem votações irrisórias. Fazem um bafafá via internet, juntando nomes. Mas revelam não ter nenhum apoio popular.
Porque não se situam em relação à realidade do ponto de vista da sua prática, na perspectiva de projetos concretos de transformação da realidade. Se resumem a ser intelectuais críticos da realidade. Pretendem encarnar uma visão teórica acima da realidade, mas não passam de pretensos intelectuais messiânicos, sem nenhuma capacidade de influência da realidade e auto marginalizados dos processos concretos de construção de modelos de superação do neoliberalismo na America Latina.
Por isso não contribuem a nenhum tipo de construção de alternativa política, porque costumam caracterizar a cada um dos processos concretos como “traidores” dos ideias puros que eles pretendem representar. Um movimento abstrato, intelectual, sem nenhum vínculo com a esquerda latino-americana realmente existente.
Eduardo Jorge, por exemplo?
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