Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Ninguém pode ter ficado indiferente diante da imagem do menino de três anos deitado de bruços na beira do mar numa praia de Bodrum, na Turquia, que chocou o mundo inteiro na quarta-feira. Todos nós que temos filhos e netos certamente pensamos neles neste momento de profunda tristeza para quem ainda não perdeu as esperanças de viver num mundo melhor.
De camiseta vermelha, bermuda azul e tênis, o pequeno Aylan Kurdi foi um dos 12 sírios mortos no naufrágio de dois barcos durante a travessia para a ilha grega de Kos, uma tragédia que vem se repetindo diariamente no maior fluxo de refugiados desde o final da Segunda Guerra Mundial, 70 anos atrás.
É inacreditável que neste mundão de 7,3 bilhões de pessoas espalhadas por 193 países, segundo a ONU, ainda tenha tanta gente morrendo todos os dias na desesperada busca de um lugar para viver. Só este ano, já morreram 2.600 entre as 300 mil pessoas que, fugindo de conflitos e da fome na Síria, no Afeganistão, na África, arriscaram-se a chegar à Europa pelo mar. A mãe e um irmão de Aylan também morreram no naufrágio.
A família de Abdullah Kurdi, o único sobrevivente, estava apenas iniciando uma longa travessia, que tinha como destino final o Canadá, onde iria encontrar parentes. São os refugiados do mundo pobre buscando abrigo no mundo rico nesta civilização do século 21 ainda dividida entre os que têm tudo e os que não têm mais nada a perder. "Se essa imagem extraordinariamente poderosa de uma criança síria morta em uma praia não mudar a atitude da Europa com relação aos refugiados, o que irá?", perguntou o jornal inglês "The Independent". Aguarda-se respostas.
Sei como é isso. Sou o primeiro brasileiro de uma família de sobreviventes da Segunda Guerra na Europa, que se espalharam pelo mundo, fugindo da terra arrasada, em busca de trabalho e comida. Meus pais embarcaram num navio na França e vieram parar no Brasil, onde já vivia um tio-avô materno nascido na Alemanha, Richard Meyer, que havia emigrado após a Primeira Guerra, enquanto outros ramos da família foram para os Estados Unidos e a Austrália.
Sorte nossa que o Brasil recebia os refugiados de braços abertos para aqui poderem reconstruir suas vidas _ ao contrário do que acontece hoje na Europa, onde os países mais ricos querem fechar suas fronteiras para evitar a entrada de novas levas de imigrantes famintos, e seus dirigentes discutem em intermináveis reuniões palacianas os caminhos possíveis para enfrentar a maior crise migratória do pós-guerra, um jogando o problema para o outro, enquanto meninos como Aylan continuam morrendo na praia.
E vida que segue.
Ninguém pode ter ficado indiferente diante da imagem do menino de três anos deitado de bruços na beira do mar numa praia de Bodrum, na Turquia, que chocou o mundo inteiro na quarta-feira. Todos nós que temos filhos e netos certamente pensamos neles neste momento de profunda tristeza para quem ainda não perdeu as esperanças de viver num mundo melhor.
De camiseta vermelha, bermuda azul e tênis, o pequeno Aylan Kurdi foi um dos 12 sírios mortos no naufrágio de dois barcos durante a travessia para a ilha grega de Kos, uma tragédia que vem se repetindo diariamente no maior fluxo de refugiados desde o final da Segunda Guerra Mundial, 70 anos atrás.
É inacreditável que neste mundão de 7,3 bilhões de pessoas espalhadas por 193 países, segundo a ONU, ainda tenha tanta gente morrendo todos os dias na desesperada busca de um lugar para viver. Só este ano, já morreram 2.600 entre as 300 mil pessoas que, fugindo de conflitos e da fome na Síria, no Afeganistão, na África, arriscaram-se a chegar à Europa pelo mar. A mãe e um irmão de Aylan também morreram no naufrágio.
A família de Abdullah Kurdi, o único sobrevivente, estava apenas iniciando uma longa travessia, que tinha como destino final o Canadá, onde iria encontrar parentes. São os refugiados do mundo pobre buscando abrigo no mundo rico nesta civilização do século 21 ainda dividida entre os que têm tudo e os que não têm mais nada a perder. "Se essa imagem extraordinariamente poderosa de uma criança síria morta em uma praia não mudar a atitude da Europa com relação aos refugiados, o que irá?", perguntou o jornal inglês "The Independent". Aguarda-se respostas.
Sei como é isso. Sou o primeiro brasileiro de uma família de sobreviventes da Segunda Guerra na Europa, que se espalharam pelo mundo, fugindo da terra arrasada, em busca de trabalho e comida. Meus pais embarcaram num navio na França e vieram parar no Brasil, onde já vivia um tio-avô materno nascido na Alemanha, Richard Meyer, que havia emigrado após a Primeira Guerra, enquanto outros ramos da família foram para os Estados Unidos e a Austrália.
Sorte nossa que o Brasil recebia os refugiados de braços abertos para aqui poderem reconstruir suas vidas _ ao contrário do que acontece hoje na Europa, onde os países mais ricos querem fechar suas fronteiras para evitar a entrada de novas levas de imigrantes famintos, e seus dirigentes discutem em intermináveis reuniões palacianas os caminhos possíveis para enfrentar a maior crise migratória do pós-guerra, um jogando o problema para o outro, enquanto meninos como Aylan continuam morrendo na praia.
E vida que segue.
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