Por Breno Altman, em seu blog:
No último dia 5 de setembro, em Belo Horizonte, 2,5 mil delegados vindos de 21 estados e do Distrito Federal lançaram uma nova coalizão, agrupando movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e personalidades.
Estavam presentes entidades tradicionais, como a CUT, o MST e a UNE, ao lado de PT e PCdoB, entre outras legendas.
Inúmeras outras organizações se somaram a este evento multicolorido que aglutinou os mais importantes destacamentos da mobilização popular por direitos sociais e civis.
Lideranças oriundas de agremiações centristas, como Roberto Amaral (ex-PSB) e o senador Roberto Requião (PMDB-PR), ajudaram a afirmar o caráter amplo e plural da empreitada.
O nome de batismo da iniciativa: Frente Brasil Popular.
Mas do que se trata, afinal, este projeto desenhado por tantas mãos?
Representa, acima de tudo, uma tentativa da esquerda em responder, da forma mais unitária possível, à ofensiva conservadora em curso.
Não se define, porém, como aliança de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff, ainda que um de seus compromissos centrais seja a defesa da legalidade democrática e do mandato constitucional sacramentado pelas urnas.
O outro pé programático da FBP, associado à salvaguarda da democracia, é o combate à política econômica adotada pelo governo depois da reeleição, centralizada pelo chamado ajuste fiscal.
A Frente, portanto, luta simultaneamente contra o golpismo, representado pelo setores mais conservadores, e o sequestro da agenda governamental pelos interesses do capital financeiro.
A dupla batalha constitui, aliás, o elemento mais esquizofrênico da situação política. Retrata, no entanto, a realidade pós-eleitoral, forjada pela opção presidencial por soluções opostas ao consenso progressista que levou ao quarto triunfo petista.
A bandeira da democracia, assim, é essencial para resistir às tentativas de desestabilização e derrubada da presidente, impulsionadas por forças que desejam recuperar a direção do Estado para o bloco oligárquico-rentista.
O golpismo não resume, contudo, os perigos que ameaçam o processo de mudanças iniciado em 2003.
Também o transformismo do governo, submetido a programa e composição ministerial derivados de concessões profundas ao conservadorismo, coloca em alto risco as conquistas pós-Lula e o futuro de uma alternativa sob a batuta da classe trabalhadora.
A FBP, ao se propor a soldar coalizão pela democracia com mudança da política econômica, busca igualmente alterar a função caudatária que foi reservada aos movimentos sociais e mesmo aos partidos de esquerda em boa parte do período posterior à vitória de 2002.
A paulatina perda do papel dirigente exercido pelo PT na coligação governista, por outro lado, tornou mais clara a necessidade do campo progressista disputar publicamente, de fora para dentro das instituições, os rumos da administração federal.
Sem propósitos eleitorais, a Frente se apresenta como instrumento de mobilização popular e programática, aberta a todas as correntes democráticas e de esquerda.
Ainda que seus objetivos fundamentais sejam imediatos, ajudar a derrotar as forças reacionárias e libertar o governo das amarras conservadoras nas quais se emaranhou desde as eleições, a Frente Brasil Popular também expressa esforço de renovação militante.
Sua fundação carrega o desafio de desbravar, das ruas às instituições, um novo protagonismo para o mundo do trabalho e da cultura, para mulheres e jovens, para a afirmação da diversidade sexual e a luta contra o racismo.
Ao menos são essas as intenções declaradas e publicadas dos milhares de ativistas que foram a Belo Horizonte com a esperança de fabricar saídas autônomas para a crise.
No último dia 5 de setembro, em Belo Horizonte, 2,5 mil delegados vindos de 21 estados e do Distrito Federal lançaram uma nova coalizão, agrupando movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e personalidades.
Estavam presentes entidades tradicionais, como a CUT, o MST e a UNE, ao lado de PT e PCdoB, entre outras legendas.
Inúmeras outras organizações se somaram a este evento multicolorido que aglutinou os mais importantes destacamentos da mobilização popular por direitos sociais e civis.
Lideranças oriundas de agremiações centristas, como Roberto Amaral (ex-PSB) e o senador Roberto Requião (PMDB-PR), ajudaram a afirmar o caráter amplo e plural da empreitada.
O nome de batismo da iniciativa: Frente Brasil Popular.
Mas do que se trata, afinal, este projeto desenhado por tantas mãos?
Representa, acima de tudo, uma tentativa da esquerda em responder, da forma mais unitária possível, à ofensiva conservadora em curso.
Não se define, porém, como aliança de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff, ainda que um de seus compromissos centrais seja a defesa da legalidade democrática e do mandato constitucional sacramentado pelas urnas.
O outro pé programático da FBP, associado à salvaguarda da democracia, é o combate à política econômica adotada pelo governo depois da reeleição, centralizada pelo chamado ajuste fiscal.
A Frente, portanto, luta simultaneamente contra o golpismo, representado pelo setores mais conservadores, e o sequestro da agenda governamental pelos interesses do capital financeiro.
A dupla batalha constitui, aliás, o elemento mais esquizofrênico da situação política. Retrata, no entanto, a realidade pós-eleitoral, forjada pela opção presidencial por soluções opostas ao consenso progressista que levou ao quarto triunfo petista.
A bandeira da democracia, assim, é essencial para resistir às tentativas de desestabilização e derrubada da presidente, impulsionadas por forças que desejam recuperar a direção do Estado para o bloco oligárquico-rentista.
O golpismo não resume, contudo, os perigos que ameaçam o processo de mudanças iniciado em 2003.
Também o transformismo do governo, submetido a programa e composição ministerial derivados de concessões profundas ao conservadorismo, coloca em alto risco as conquistas pós-Lula e o futuro de uma alternativa sob a batuta da classe trabalhadora.
A FBP, ao se propor a soldar coalizão pela democracia com mudança da política econômica, busca igualmente alterar a função caudatária que foi reservada aos movimentos sociais e mesmo aos partidos de esquerda em boa parte do período posterior à vitória de 2002.
A paulatina perda do papel dirigente exercido pelo PT na coligação governista, por outro lado, tornou mais clara a necessidade do campo progressista disputar publicamente, de fora para dentro das instituições, os rumos da administração federal.
Sem propósitos eleitorais, a Frente se apresenta como instrumento de mobilização popular e programática, aberta a todas as correntes democráticas e de esquerda.
Ainda que seus objetivos fundamentais sejam imediatos, ajudar a derrotar as forças reacionárias e libertar o governo das amarras conservadoras nas quais se emaranhou desde as eleições, a Frente Brasil Popular também expressa esforço de renovação militante.
Sua fundação carrega o desafio de desbravar, das ruas às instituições, um novo protagonismo para o mundo do trabalho e da cultura, para mulheres e jovens, para a afirmação da diversidade sexual e a luta contra o racismo.
Ao menos são essas as intenções declaradas e publicadas dos milhares de ativistas que foram a Belo Horizonte com a esperança de fabricar saídas autônomas para a crise.
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