Por Renato Rovai, em seu blog:
Hoje ao sair da Semana de Jornalismo na Cásper Líbero abri o celular e vi a foto do menino estendido na praia, com sua botinha simples, bermuda jeans e camiseta vermelha. Deu um nó na garganta. Uma vontade de sair gritando. Um misto de raiva, culpa e impotência.
Aquele menino estava morto. E eu não podia fazer mais nada a não ser xingar o mundo ou manifestar minha indignação num texto como este. Eu não tenho como ir à Europa e dizer para aquele bando de canalhas que se consideram estadistas que eles e o governo dos EUA são os responsáveis por mais esta catástrofe humanitária. Que foram eles que tornaram o Iraque, o Afeganistão e a Síria países ainda piores do que eram quando resolveram invadi-los ou armar grupos para destruir governos que consideravam inimigos.
Eu não podia fazer nada.
Mas se isso já me angustiava e me fazia pensar no Luca e nas milhões de crianças da idade deste menino. Se isso me fazia pensar em quão absurdo está se o ser humano que talvez se emocione menos com a imagem daquele garoto do que com o gol do seu time e que indigne menos com o que ela representa do que com a diminuição da velocidade nas marginais de São Paulo, eis que de repente vejo em alguns portais aquela foto associada ao fim de um sonho.
O UOL foi um dos portais que cometeu essa barbaridade, mas para ser justo não foi o único. De que sonho esse jornalismo está falando? Qual é o contexto do sonho de quem pega um bote e tenta atravessar o oceano com um filho de três anos para perder a vida junto com ele? Qual é sonho de quem é reprimido com crianças no colo em divisas territoriais e espremido em cercas de arame farpado? Qual o sonho de quem não tem vida na terra onde nasceu por conta da barbárie que lhe foi imposta pelos donos do mundo que lhes é negado?
Quando o pesadelo do mundo é transformado em sonho, o jornalismo chegou no seu limite máximo de estupidez e ilusionismo. E não é mais jornalismo.
Hoje ao sair da Semana de Jornalismo na Cásper Líbero abri o celular e vi a foto do menino estendido na praia, com sua botinha simples, bermuda jeans e camiseta vermelha. Deu um nó na garganta. Uma vontade de sair gritando. Um misto de raiva, culpa e impotência.
Aquele menino estava morto. E eu não podia fazer mais nada a não ser xingar o mundo ou manifestar minha indignação num texto como este. Eu não tenho como ir à Europa e dizer para aquele bando de canalhas que se consideram estadistas que eles e o governo dos EUA são os responsáveis por mais esta catástrofe humanitária. Que foram eles que tornaram o Iraque, o Afeganistão e a Síria países ainda piores do que eram quando resolveram invadi-los ou armar grupos para destruir governos que consideravam inimigos.
Eu não podia fazer nada.
Mas se isso já me angustiava e me fazia pensar no Luca e nas milhões de crianças da idade deste menino. Se isso me fazia pensar em quão absurdo está se o ser humano que talvez se emocione menos com a imagem daquele garoto do que com o gol do seu time e que indigne menos com o que ela representa do que com a diminuição da velocidade nas marginais de São Paulo, eis que de repente vejo em alguns portais aquela foto associada ao fim de um sonho.
O UOL foi um dos portais que cometeu essa barbaridade, mas para ser justo não foi o único. De que sonho esse jornalismo está falando? Qual é o contexto do sonho de quem pega um bote e tenta atravessar o oceano com um filho de três anos para perder a vida junto com ele? Qual é sonho de quem é reprimido com crianças no colo em divisas territoriais e espremido em cercas de arame farpado? Qual o sonho de quem não tem vida na terra onde nasceu por conta da barbárie que lhe foi imposta pelos donos do mundo que lhes é negado?
Quando o pesadelo do mundo é transformado em sonho, o jornalismo chegou no seu limite máximo de estupidez e ilusionismo. E não é mais jornalismo.
Sem muitas palavras, só muita emoção, revolta e impotência também porque penso o mesmo e ainda estou assistindo tudo isto bem mais perto que você...
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