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Passada a batalha do TCU, e antevendo que as contas de Dilma não terão o julgamento final e definitivo pelo Congresso ainda este ano, a oposição resolveu acelerar a marcha do impeachment com base apenas no parecer do tribunal de contas. Se o impeachment não sair este ano, dificilmente sairá em 2017. Nem o país aguentaria. Mais tarde pode ser tarde. Mais tarde Eduardo Cunha pode não estar no cargo para ajudar. O dilema da oposição é que, queimando etapa, fortalece a percepção do afastamento como golpe, como virada do jogo eleitoral perdido no tapetão de um impeachment cavado como pênalti por certos times.
De sua parte, o governo tenta afiar as armas. “Vamos para a guerra do impeachment, que será jurídica, política e nas ruas”, resume o deputa petista Wadih Damous. Neste momento, a guerra será essencialmente política, e as armas serão os votos no Congresso. Mas com Eduardo Cunha no comando da Câmara, não há reforma ministerial que contente a base.
Na terça-feira Cunha deve rejeitar o pedido de abertura de processo de impeachment subscrito por Helio Bicudo e Reale Junior. Ato contínuo e combinado, as oposições recorrerão ao plenário, precisando de apenas metade mais dos votos dos presentes. Ainda que perca esta primeira batalha, o governo ainda pode vencer a decisiva, a da autorização do afastamento da presidente para ser julgada pelo Senado. Nesta é que a oposição precisará dos três quintos dos votos, ou 342. Se o governo tiver 171, barra o processo. Para isso é que o Planalto se prepara agora, tentando harmonizar sua base com verbas e cargos pendentes. Mas enquanto Cunha estiver no cargo, não será fácil. Prova disso ele deu sabotando as sessões em que o governo tentaria manter os vetos às matérias do desatino fiscal que ele mesmo aprovou.
Sentindo-se quase com a mão na taça, a oposição, que há dez meses mantém o Brasil dependurado na incerteza politica do impeachment, só tem um receio: o de ganhar a batalha política, derrubando Dilma, mas perder a disputa pela narrativa histórica do fato. Ou, falando mais claramente, não quer ficar na História como articuladora de um golpe. E nem é toda a oposição, pois uma parte dela está lixando para o que dirão os livros de História daqui a alguns anos. Mas este receio pega uma parte do PSDB, do PPS e do DEM que preserva raízes democráticas mais fundas. Um receio que é bem resumido pelo deputado do PPS Raul Jungmann: “Não podemos ter a pressa que aniquila o verso. Diferentemente do que houve no impeachment de Collor, no de Dilma haverá disputa pela narrativa do ocorrido”.
A contradição que divide a oposição é esta. Precisa acelerar o impeachment certa de que se ele não sair este ano não sairá em 2017. Para isso, não pode esperar que o Congresso referende ou não o parecer do TCU pela rejeição das contas de Dilma. E é temerário, para a narrativa, fazer um impeachment com base apenas na recomendação de um organismo auxiliar que nem integra o sistema de Justiça. Trata-se apenas de um órgão técnico. A narrativa do golpe parlamentar, paraguaio ou não, ganharia força. Esta seria a batalha das ruas de que fala Damous. Mesmo tendo perdido militância e poder de mobilização, o PT ainda sabe agitar uma ideia, como transformá-la em bandeira.
Por isso Aécio Neves apoia o impeachment via Câmara mas sonha mesmo é com um desfecho pelo TSE, com a impugnação da chapa Dilma-Temer e o chamado a novas eleições. Isso daria muito mais conforto histórico ao neto de Tancredo Neves, o único deputado do antigo PSD.
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