Por Altamiro Borges
No final, o valentão decreta: "Em relação a qualquer pedido de afastamento ou de renúncia por parte do Presidente da Câmara, ele informa que foi eleito pela maioria absoluta dos deputados, em primeiro turno, para cumprir um mandato de 2 anos e irá cumprí-lo, respeitando a posição de qualquer um que pense diferente, mas afirmando categoricamente que não tem intenção de se afastar nem de renunciar. A Constituição assegura amplo direito de defesa e a presunção da inocência, e o Presidente pede que seja respeitado, como qualquer cidadão, esse direito". E conclui, numa aparente estocada no PSDB e no DEM: "Saímos de um passado de que se acusava um PGR de atuar como engavetador geral da República para um que se torna o acusador do governo geral da República".
Rifado por seus principais aliados - inclusive por setores da mídia golpista -, Eduardo Cunha tende a definhar. Sem se intimidar com as ameaças do "matador", o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que estuda pedir o afastamento do presidente da Câmara Federal na próxima terça-feira (13). Segundo reportagem do Jornal do Brasil neste sábado, "a base para o pedido está no fato de que Eduardo Cunha mentiu à CPI sobre as contas na Suíça". Ainda de acordo com a matéria, "na PGR e no Supremo Tribunal Federal já se discute se seria possível afastar Cunha do cargo com base nas mesmas regras aplicadas a presidentes da República processados por crime comum".
A movimentação já rastreada pelos investigadores suíços indica que uma das quatro contas secretas recebeu US$ 1.363.371,80 desviados dos negócios ilícitos da Petrobras descobertos pela Operação Lava-Jato. As quatro contas estão em nomes de off-shores com sede em paraísos fiscais e não foram declaradas à Receita Federal. "Cunha e a mulher, a jornalista Cláudia Cruz [ex-TV Globo], abriram quatro contas secretas no Julius Baer, na Suíça, em nome de quatro diferentes off-shores", descreve o jornal. "Parte dos extratos bancários indica que as contas de Cunha e da sua mulher receberam pelo menos US$ 5,9 milhões, o equivalente a R$ 22 milhões desde que foram abertas".
Em nota conjunta divulgada neste sábado (10), as principais siglas da oposição finalmente decidiram abandonar Eduardo Cunha. O presidente da Câmara Federal virou um estorvo para o plano golpista do impeachment de Dilma. Como bagaço, ele agora foi jogado no lixo. O lobista nem pode reclamar da traição. Afinal, a oposição deu total apoio a Cunha na sua cruzada insana para desgastar o governo federal. Festejou a sua vitória para a presidência da Casa e garantiu respaldo às suas ações e projetos irresponsáveis e direitistas. A descoberta das contas secretas na Suíça, porém, dificultou a blindagem e explica a postura oportunista destes partidos expressa na lacônica nota reproduzida abaixo:
"Sobre as denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, noticiadas pela imprensa, os líderes Carlos Sampaio [PSDB-SP], Arthur Maia [SD-BA], Fernando Bezerra [PSB-PE], Mendonça Filho [DEM-PE], Rubens Bueno [PPS-PR] e Bruno Araújo [PSDB-PE], respectivamente do PSDB, Solidariedade, PSB, DEM, PPS e Minoria, entendem que ele deve afastar-se do cargo, até mesmo para que possa exercer, de forma adequada, o seu direito constitucional à ampla defesa".
A risível nota oficial tem dois objetivos básicos. Limpar a imagem destes partidos, comprometida por suas ligações carnais com o correntista suíço mais sujo do que pau de galinheiro. Em segundo lugar, ela visa garantir o mínimo de legitimidade à abertura do processo de impeachment contra Dilma. Afinal, Eduardo Cunha não teria qualquer moral para presidir este golpe tão traumático. A inusitada decisão destas siglas oposicionistas, tomada num feriado prolongado - talvez para evitar maiores respingos do esgoto -, deve agitar Brasília na próxima semana. O lobista já anunciou que não renunciará ao cargo.
O valentão esperneia
Pouco após o pedido formal de afastamento feitos pelos líderes da oposição, Eduardo Cunha divulgou nota em que nega envolvimento em corrupção ou a existência de contas na Suíça. Ele é um santo! Segundo a nota, "o presidente da Câmara nunca recebeu qualquer vantagem de qualquer natureza, de quem quer que seja, referente à Petrobras ou a qualquer outra empresa, órgão público ou algo do gênero". Ele também ataca o Procurador-Geral da República (PGR), "que divulgou dados que, em tese, deveriam estar protegidos por sigilo" e afirma que os vazamentos são seletivos e políticos. Num gesto tresloucado, que pode custar a sua cabeça, Eduardo Cunha ainda reitera "que mantém o que disse, de forma, espontânea à CPI da Petrobrás" - quando garantiu que não tinha contas na Suiça.
No final, o valentão decreta: "Em relação a qualquer pedido de afastamento ou de renúncia por parte do Presidente da Câmara, ele informa que foi eleito pela maioria absoluta dos deputados, em primeiro turno, para cumprir um mandato de 2 anos e irá cumprí-lo, respeitando a posição de qualquer um que pense diferente, mas afirmando categoricamente que não tem intenção de se afastar nem de renunciar. A Constituição assegura amplo direito de defesa e a presunção da inocência, e o Presidente pede que seja respeitado, como qualquer cidadão, esse direito". E conclui, numa aparente estocada no PSDB e no DEM: "Saímos de um passado de que se acusava um PGR de atuar como engavetador geral da República para um que se torna o acusador do governo geral da República".
Rifado por seus principais aliados - inclusive por setores da mídia golpista -, Eduardo Cunha tende a definhar. Sem se intimidar com as ameaças do "matador", o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que estuda pedir o afastamento do presidente da Câmara Federal na próxima terça-feira (13). Segundo reportagem do Jornal do Brasil neste sábado, "a base para o pedido está no fato de que Eduardo Cunha mentiu à CPI sobre as contas na Suíça". Ainda de acordo com a matéria, "na PGR e no Supremo Tribunal Federal já se discute se seria possível afastar Cunha do cargo com base nas mesmas regras aplicadas a presidentes da República processados por crime comum".
O Jornal do Brasil ainda dá detalhes do relatório do Ministério Público da Suíça enviado ao Brasil. "Ele mostra que Cunha usou suas contas secretas no país para pagar faturas de cartões de crédito internacional e despesas pessoais da família na Inglaterra, na Espanha e nos Estados Unidos, entre outros países. Entre os gastos está até pagamento de US$ 59,9 mil para a IMG Academies, de Nick Bolletieri, famoso professor de tênis em Palm Beach, reduto de milionários americanos. Os suíços investigaram Cunha por corrupção e lavagem. A partir de agora, ele poderá ser investigado também por sonegação fiscal e evasão de divisas, entre outros crimes".
A movimentação já rastreada pelos investigadores suíços indica que uma das quatro contas secretas recebeu US$ 1.363.371,80 desviados dos negócios ilícitos da Petrobras descobertos pela Operação Lava-Jato. As quatro contas estão em nomes de off-shores com sede em paraísos fiscais e não foram declaradas à Receita Federal. "Cunha e a mulher, a jornalista Cláudia Cruz [ex-TV Globo], abriram quatro contas secretas no Julius Baer, na Suíça, em nome de quatro diferentes off-shores", descreve o jornal. "Parte dos extratos bancários indica que as contas de Cunha e da sua mulher receberam pelo menos US$ 5,9 milhões, o equivalente a R$ 22 milhões desde que foram abertas".
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"Eessee dinheiro não é meuuu!"
ResponderExcluirA jornalista Natuza Nery, que assumiu a coluna Painel, revelou um encontro secreto, ocorrido neste sábado, em que se traçou o roteiro do golpe paraguaio contra a presidente Dilma Rousseff.
ResponderExcluirO encontro reuniu o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder da bancada do PSDB, Carlos Sampaio (PSDB-SP), e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Nele, os três combinaram o seguinte roteiro: Cunha rejeitará todos os pedidos de impeachment, menos o apresentado por Hélio Bicudo, que será turbinado com uma manifestação do procurador Júlio Marcelo de Oliveira, que atua junto ao Tribunal de Contas da União, alegando que as chamadas 'pedaladas fiscais' prosseguiram em 2015.
Assim, Cunha terá um argumento para dizer que aceitará uma denúncia ancorada em fatos do atual mandato, e não do anterior – o encontro secreto confirma que a nota da oposição, pedindo o afastamento de Cunha, não passa de encenação.