Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Na semana passada morreu o coronel Brilhante Ustra, tido e havido como um dos mais importantes chefes do aparelho de repressão e tortura da ditadura. Em vida, parentes de mortos e desaparecidos até picharam certa vez o asfalto na porta de sua casa. Eu morava na mesma rua, no Lago Norte de Brasília. Morto, porém, ninguém desrespeitou a dor da família perturbando seu funeral, como fizeram os militantes de direita que foram ao velório de José Eduardo Dutra com cartazes dizendo "petista bom é petista morto".
O coronel morreu respondendo a vários processos por tortura mas não chegou a ser condenado em nenhum. O manto da reciprocidade da Lei da Anistia o protegeu. E se tivesse sido, a idade o dispensaria de cumprir pena. Morreu em paz. Já os parentes de mortos, torturados e desaparecidos que passaram pelo DOI-CODI de São Paulo, que ele comandou, não estão em paz. Não entendem que uma unidade do Exército possa ter promovido ontem, segunda-feira, 26, uma homenagem póstuma a Ustra. Por coincidência ontem também foi lembrada em São Paulo a passagem dos 30 anos da morte de Valdimir Herzog, sob tortura, naquela unidade.
A iniciativa da cerimônia de homenagem a Ustra foi do comandante da 3a, Divisão de Exército de Santa Maria (RS), chamada Divisão Encouraçado, general José Carlos Cardoso. Conforme fac-símile e informação divulgados pelo blog Coluna Esplanada, do Uol, ele enviou convites digitais a todos os militares de sua unidade para participarem do ato.
Estes são pequenos mas preocupantes sinais, num momento em que há gente pedindo a volta dos militares ao poder, Quem viveu a ditadura sabe que isso é uma blasfêmia, uma insanidade que não pode ser dita nem pensada, Nossa democracia ainda é sim, adolescente, como disse Dilma. E atravessa um de seus momentos mais delicados, com visível perda de apreço - das pessoas e dos políticos - pelos valores, ritos e garantias democráticas que não caíram do céu. Foram conquistados com muita luta e sofrimento. Não brinquemos com isso.
Na semana passada morreu o coronel Brilhante Ustra, tido e havido como um dos mais importantes chefes do aparelho de repressão e tortura da ditadura. Em vida, parentes de mortos e desaparecidos até picharam certa vez o asfalto na porta de sua casa. Eu morava na mesma rua, no Lago Norte de Brasília. Morto, porém, ninguém desrespeitou a dor da família perturbando seu funeral, como fizeram os militantes de direita que foram ao velório de José Eduardo Dutra com cartazes dizendo "petista bom é petista morto".
O coronel morreu respondendo a vários processos por tortura mas não chegou a ser condenado em nenhum. O manto da reciprocidade da Lei da Anistia o protegeu. E se tivesse sido, a idade o dispensaria de cumprir pena. Morreu em paz. Já os parentes de mortos, torturados e desaparecidos que passaram pelo DOI-CODI de São Paulo, que ele comandou, não estão em paz. Não entendem que uma unidade do Exército possa ter promovido ontem, segunda-feira, 26, uma homenagem póstuma a Ustra. Por coincidência ontem também foi lembrada em São Paulo a passagem dos 30 anos da morte de Valdimir Herzog, sob tortura, naquela unidade.
A iniciativa da cerimônia de homenagem a Ustra foi do comandante da 3a, Divisão de Exército de Santa Maria (RS), chamada Divisão Encouraçado, general José Carlos Cardoso. Conforme fac-símile e informação divulgados pelo blog Coluna Esplanada, do Uol, ele enviou convites digitais a todos os militares de sua unidade para participarem do ato.
Estes são pequenos mas preocupantes sinais, num momento em que há gente pedindo a volta dos militares ao poder, Quem viveu a ditadura sabe que isso é uma blasfêmia, uma insanidade que não pode ser dita nem pensada, Nossa democracia ainda é sim, adolescente, como disse Dilma. E atravessa um de seus momentos mais delicados, com visível perda de apreço - das pessoas e dos políticos - pelos valores, ritos e garantias democráticas que não caíram do céu. Foram conquistados com muita luta e sofrimento. Não brinquemos com isso.
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