Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Tem umas coisas na vida que a gente leva no automático, sem parar para pensar se é ou não o melhor caminho. Como sempre fui assalariada, quem escolhia o banco onde eu ia depositar meu dinheiro eram os meus patrões. As contas correntes que tive ao longo da minha carreira são contas funcionais, ou seja, foram abertas para depositar meu salário. Por preguiça ou desinteresse, continuei com elas, mesmo quando deixei de ter (contra a minha vontade, aliás) carteira assinada. E nunca pensei a fundo nesta questão, embora seja uma crítica ferrenha dos bancos e de suas práticas gananciosas – até março passado, quando anunciei a independência deste blog.
Foram os meus leitores que chamaram a atenção: “mas você tem conta no Itaú, um banco privado?”, “quero colaborar com o seu blog, mas me recuso a dar dinheiro para o Itaú”, “por que você não abre uma conta na Caixa Econômica ou no Banco do Brasil?”, “aqui onde moro não tem banco privado, só tem uma lotérica. Por que você não usa a Caixa?”
Vivendo e aprendendo. De fato, eu, uma socialista, ajudando a engordar o cofre de famílias bilionárias com meu dinheirinho suado, em vez de utilizar nossos bancos públicos, onde o dinheiro volta para mim, como cidadã. Fortalecendo uma empresa privada e não um patrimônio do povo brasileiro… Tsc, tsc, tsc.
Não é só isso: como cliente, eu levo vantagem trocando o banco privado pelo público. Os bancos públicos possuem mais agências no Brasil. As tarifas bancárias nos bancos públicos são mais baratas (para os pacotes de serviços básicos) do que as dos bancos privados. Os menores juros do mercado para empréstimo pessoal, inclusive para cheque especial, são da Caixa Econômica. Muita gente reclama que os bancos públicos ainda não são informatizados quanto os privados, mas isto é uma questão de tempo.
Além da economia de dinheiro, ainda há as razões políticas para não se ter uma conta num banco privado. Os bancos têm lucrado com a crise financeira na Europa, onde foram apelidados de “Banksters”, trocadilho com gângsters. Já foi anunciado que este ano terão o maior lucro desde 2011. Enquanto isso, um informe recente da organização internacional contra a pobreza Oxfam revelou que o número de pobres no continente chegou “a níveis inaceitáveis”: entre 2009 y 2013, o número de europeus vivendo com privações materiais severas subiu em 7,5 milhões de pessoas, chegando aos atuais cerca de 50 milhões.
No mês passado, na Espanha, quarto país mais desigual da União Europeia, os bancos privados anunciaram que passariam a cobrar comissões EM DOBRO pelos saques nos terminais eletrônicos. No auge da crise espanhola, meio milhão de famílias perderam suas casas para os bancos privados. Desesperados, muitos pais, mães e avós despejados se suicidaram.
No Brasil, “apesar da crise”, os lucros dos bancos privados cresceram 30% no primeiro trimestre, graças justamente ao aumento das tarifas dos serviços e à redução dos “custos operacionais” (leia-se demissões: 3 mil funcionários foram demitidos pelos bancos no primeiro trimestre). Semana passada, a associação Proteste, de defesa dos direitos do consumidor, divulgou que as tarifas bancárias subiram quase nove vezes acima da inflação em três anos. Como se não bastasse, bancos privados financiam guerras e golpes de Estado.
Já existe em alguns países um movimento incentivando as pessoas a guardarem suas economias em instituições públicas ou locais e não em bancos privados, cujos donos geralmente são uma única e multimilionária família, os famosos 1%. A campanha “Mova Seu Dinheiro” (Move Your Money) começou há mais de 10 anos nos EUA, e foi seguida por uma iniciativa idêntica no Reino Unido, Move Your Money. Na Espanha também há o Remueve Tu Dinero. Este movimento também defende que a pessoa simplesmente opte por guardar seu dinheiro em casa em vez de guardar no banco. O risco pode ser maior, mas a tarifa é zero…
Bem, eu estou movendo o meu dinheiro do Itaú para a Caixa Econômica Federal. Quem optar por assinar o blog em depósito bancário, já conta agora com esta opção. Obrigada aos leitores pela conscientização que me proporcionaram. Espero que outras pessoas sigam o mesmo caminho: com os bancos estatais fortalecidos por nós, diminui o risco de a direita conseguir acabar com eles, como desejam.
(Agora só falta eu me livrar do Paypal. Vamos ver se aparece algo prático e bacana.)
Tem umas coisas na vida que a gente leva no automático, sem parar para pensar se é ou não o melhor caminho. Como sempre fui assalariada, quem escolhia o banco onde eu ia depositar meu dinheiro eram os meus patrões. As contas correntes que tive ao longo da minha carreira são contas funcionais, ou seja, foram abertas para depositar meu salário. Por preguiça ou desinteresse, continuei com elas, mesmo quando deixei de ter (contra a minha vontade, aliás) carteira assinada. E nunca pensei a fundo nesta questão, embora seja uma crítica ferrenha dos bancos e de suas práticas gananciosas – até março passado, quando anunciei a independência deste blog.
Foram os meus leitores que chamaram a atenção: “mas você tem conta no Itaú, um banco privado?”, “quero colaborar com o seu blog, mas me recuso a dar dinheiro para o Itaú”, “por que você não abre uma conta na Caixa Econômica ou no Banco do Brasil?”, “aqui onde moro não tem banco privado, só tem uma lotérica. Por que você não usa a Caixa?”
Vivendo e aprendendo. De fato, eu, uma socialista, ajudando a engordar o cofre de famílias bilionárias com meu dinheirinho suado, em vez de utilizar nossos bancos públicos, onde o dinheiro volta para mim, como cidadã. Fortalecendo uma empresa privada e não um patrimônio do povo brasileiro… Tsc, tsc, tsc.
Não é só isso: como cliente, eu levo vantagem trocando o banco privado pelo público. Os bancos públicos possuem mais agências no Brasil. As tarifas bancárias nos bancos públicos são mais baratas (para os pacotes de serviços básicos) do que as dos bancos privados. Os menores juros do mercado para empréstimo pessoal, inclusive para cheque especial, são da Caixa Econômica. Muita gente reclama que os bancos públicos ainda não são informatizados quanto os privados, mas isto é uma questão de tempo.
Além da economia de dinheiro, ainda há as razões políticas para não se ter uma conta num banco privado. Os bancos têm lucrado com a crise financeira na Europa, onde foram apelidados de “Banksters”, trocadilho com gângsters. Já foi anunciado que este ano terão o maior lucro desde 2011. Enquanto isso, um informe recente da organização internacional contra a pobreza Oxfam revelou que o número de pobres no continente chegou “a níveis inaceitáveis”: entre 2009 y 2013, o número de europeus vivendo com privações materiais severas subiu em 7,5 milhões de pessoas, chegando aos atuais cerca de 50 milhões.
No mês passado, na Espanha, quarto país mais desigual da União Europeia, os bancos privados anunciaram que passariam a cobrar comissões EM DOBRO pelos saques nos terminais eletrônicos. No auge da crise espanhola, meio milhão de famílias perderam suas casas para os bancos privados. Desesperados, muitos pais, mães e avós despejados se suicidaram.
No Brasil, “apesar da crise”, os lucros dos bancos privados cresceram 30% no primeiro trimestre, graças justamente ao aumento das tarifas dos serviços e à redução dos “custos operacionais” (leia-se demissões: 3 mil funcionários foram demitidos pelos bancos no primeiro trimestre). Semana passada, a associação Proteste, de defesa dos direitos do consumidor, divulgou que as tarifas bancárias subiram quase nove vezes acima da inflação em três anos. Como se não bastasse, bancos privados financiam guerras e golpes de Estado.
Já existe em alguns países um movimento incentivando as pessoas a guardarem suas economias em instituições públicas ou locais e não em bancos privados, cujos donos geralmente são uma única e multimilionária família, os famosos 1%. A campanha “Mova Seu Dinheiro” (Move Your Money) começou há mais de 10 anos nos EUA, e foi seguida por uma iniciativa idêntica no Reino Unido, Move Your Money. Na Espanha também há o Remueve Tu Dinero. Este movimento também defende que a pessoa simplesmente opte por guardar seu dinheiro em casa em vez de guardar no banco. O risco pode ser maior, mas a tarifa é zero…
Bem, eu estou movendo o meu dinheiro do Itaú para a Caixa Econômica Federal. Quem optar por assinar o blog em depósito bancário, já conta agora com esta opção. Obrigada aos leitores pela conscientização que me proporcionaram. Espero que outras pessoas sigam o mesmo caminho: com os bancos estatais fortalecidos por nós, diminui o risco de a direita conseguir acabar com eles, como desejam.
(Agora só falta eu me livrar do Paypal. Vamos ver se aparece algo prático e bacana.)
Já migrei há um tempo... meus $ esta cambada não vê a cor!
ResponderExcluirOs bancos públicos funcionaram visando o interesse da maioria do povo, no segundo mandato do presidente Lula e primeiro da Dilma, realmente fazendo concorrência ao cartel privado comandado pela febraban.
ResponderExcluirAtualmente podem até a cobrar um pouco menos, mas são oportunistas e as vezes passam a impressão de serem linha auxiliar dos bancos privados.
Volta Mantega.
Não entendo como uma pessoa pode criar conta, quando podem escolher, em outro banco que não seja o Banco do Brasil. Tenho conta lá a 31 anos e não vejo um motivo para ter conta em outro banco. Todos os bancos podem fechar um dia. Menos o banco do Brasil. Isso só acontecerá se o país for destruido por uma guerra. Ai...
ResponderExcluirMas como voces são ingratos com o ITAÚ
ResponderExcluirhttp://exame.abril.com.br/brasil/noticias/presidente-do-itau-unibanco-defende-permanencia-de-dilma
Como o povo chora a toa e é burro, é tão simples se um serviço ou produto não lhe atende é só trocar ou deixar de usar, agora ficar chorando igual uma criança mimada ninguém merece, parece um bando de criança.
ResponderExcluirO serviço e as taxas estão ai se quiser usar ok se não quiser saia ou não comece a usufruir dos serviços, leiam os contratos antes de assinar para não chorar depois.