Por Fania Rodrigues, no jornal Brasil de Fato:
As mulheres negras representam cerca de 25% da população brasileira. São 49 milhões de brasileiras que fazem parte do grupo social com as piores condições econômicas do país.
Para discutir essas questões, está sendo organizada a primeira Marcha das Mulheres Negras do Brasil, que será realizada na próxima quart-feira (18), em Brasília (DF). Confira a entrevista com Ana Gomes, coordenadora do Fórum de Mulheres Negras.
Como surgiu a Marcha das Mulheres Negras e qual a finalidade?
Embora a mulher negra participe de outros espaços de luta, percebemos que nossas demandas não são levadas em consideração. Queremos dar visibilidade a todas as nossas reivindicações. Queremos políticas concretas para dar poder às mulheres no sentido econômico, político, social, cultural e religioso.
Como está a mobilização e o que está previsto na programação?
Além da marcha no dia 18 de novembro, teremos uma feira de artesanato entre os dias 17 e 19. Também teremos um seminário pré-marcha e uma mesa sobre empreendedorismo. No Rio, estamos organizando uma roda de samba no dia 8 de novembro, às 15h, na quadra da Vila Isabel, para levantar recursos para a viagem a Brasília.
Na luta a mulher negra fica prejudicada devido à sua condição social e a falta de tempo?
Essa é nossa realidade. Muitas de nós somos empregadas domésticas, trabalhamos como diaristas, autônomas e isso causa uma série de dificuldades. Elas não podem enfrentar uma viagem de três dias de ônibus e ficar tanto tempo sem trabalhar, sem garantir o ganha-pão da semana. Mesmo assim, nosso objetivo é reunir entre 20 e 30 mil mulheres de todo o Brasil.
Essa situação econômica da mulher negra é uma das mais sérias.
A mulher negra sempre trabalhou. Quando chegamos nesse país chegamos como trabalhadoras, que tiveram direitos negados. Ainda somos a base da pirâmide social, ganhamos menos que todos os outros grupos sociais.
Que outros problemas isso acarreta?
O baixo poder econômico faz com que a mulher negra tenha dificuldades no acesso à educação e à saúde, por exemplo. Estamos falando de racismo institucional. O grosso da comunidade negra não foi atingido pelo salto econômico que o Brasil viveu antes da crise.
Brasília anda um pouco tensa. Qual o recado que vocês querem passar?
Vamos entregar um documento à presidente Dilma com nossas reflexões sobre o tema da marcha: “Contra o racismo, contra a violência e pelo bem viver”. A mulher negra será a protagonista e vamos dizer o que pensamos. Sobre o atual momento do país, vamos lutar para garantir o estado democrático de direito, pois observamos que ele tem sido fragilizado.
Recentemente a atriz Taís Araújo sofreu ataques racistas na internet. Como analisa esses ataques?
É mentira que a gente vive em uma democracia racial. Os negros convivem em harmonia desde que “saibam seu lugar”. A gente continua ouvindo insultos em restaurantes e na rua. A Taís Araújo agiu corretamente, tem que denunciar. Injúria racial é crime.
As mulheres negras representam cerca de 25% da população brasileira. São 49 milhões de brasileiras que fazem parte do grupo social com as piores condições econômicas do país.
Para discutir essas questões, está sendo organizada a primeira Marcha das Mulheres Negras do Brasil, que será realizada na próxima quart-feira (18), em Brasília (DF). Confira a entrevista com Ana Gomes, coordenadora do Fórum de Mulheres Negras.
Como surgiu a Marcha das Mulheres Negras e qual a finalidade?
Embora a mulher negra participe de outros espaços de luta, percebemos que nossas demandas não são levadas em consideração. Queremos dar visibilidade a todas as nossas reivindicações. Queremos políticas concretas para dar poder às mulheres no sentido econômico, político, social, cultural e religioso.
Como está a mobilização e o que está previsto na programação?
Além da marcha no dia 18 de novembro, teremos uma feira de artesanato entre os dias 17 e 19. Também teremos um seminário pré-marcha e uma mesa sobre empreendedorismo. No Rio, estamos organizando uma roda de samba no dia 8 de novembro, às 15h, na quadra da Vila Isabel, para levantar recursos para a viagem a Brasília.
Na luta a mulher negra fica prejudicada devido à sua condição social e a falta de tempo?
Essa é nossa realidade. Muitas de nós somos empregadas domésticas, trabalhamos como diaristas, autônomas e isso causa uma série de dificuldades. Elas não podem enfrentar uma viagem de três dias de ônibus e ficar tanto tempo sem trabalhar, sem garantir o ganha-pão da semana. Mesmo assim, nosso objetivo é reunir entre 20 e 30 mil mulheres de todo o Brasil.
Essa situação econômica da mulher negra é uma das mais sérias.
A mulher negra sempre trabalhou. Quando chegamos nesse país chegamos como trabalhadoras, que tiveram direitos negados. Ainda somos a base da pirâmide social, ganhamos menos que todos os outros grupos sociais.
Que outros problemas isso acarreta?
O baixo poder econômico faz com que a mulher negra tenha dificuldades no acesso à educação e à saúde, por exemplo. Estamos falando de racismo institucional. O grosso da comunidade negra não foi atingido pelo salto econômico que o Brasil viveu antes da crise.
Brasília anda um pouco tensa. Qual o recado que vocês querem passar?
Vamos entregar um documento à presidente Dilma com nossas reflexões sobre o tema da marcha: “Contra o racismo, contra a violência e pelo bem viver”. A mulher negra será a protagonista e vamos dizer o que pensamos. Sobre o atual momento do país, vamos lutar para garantir o estado democrático de direito, pois observamos que ele tem sido fragilizado.
Recentemente a atriz Taís Araújo sofreu ataques racistas na internet. Como analisa esses ataques?
É mentira que a gente vive em uma democracia racial. Os negros convivem em harmonia desde que “saibam seu lugar”. A gente continua ouvindo insultos em restaurantes e na rua. A Taís Araújo agiu corretamente, tem que denunciar. Injúria racial é crime.
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