Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
A expressão proibida no alto tucanato e na mídia amiga desde a última campanha eleitoral finalmente apareceu na imprensa: racionamento de água. Discretamente como convém quando se trata de governo do PSDB, a notícia saiu escondidinha no pé da primeira página, embora devesse estar na manchete: segundo o Datafolha, este drama já afeta 35% dos paulistanos, que ficaram cinco ou mais dias sem água no mês passado.
Para o governo de Geraldo Alckmin, o problema tem prejudicado apenas 1% da população. Por isso mesmo, ao aferir a transparência do governo estadual na gestão crise hídrica, a pesquisa apurou que 84% dos paulistanos não acreditam nas informações oficiais do governo "por só fornecer dados que interessam a ele próprio".
Quase metade da população (48% de avaliação ruim/péssima) rejeita a atuação de Alckmin no enfrentamento da crise da água. A explicação é simples: por mais que o governo e o noticiário tentem esconder que o racionamento de água já atinge parcela cada vez maior dos paulistanos, a pesquisa acabou revelando o que acontece na vida real de um em cada três moradores da cidade.
Cada um se vira como pode. Na reportagem "Radiografia do Racionamento", de Eduardo Geraque e Fabrício Lobel, da Folha, ficamos sabendo que 40% dos moradores da zona norte já convivem com torneiras secas. Entre as vítimas está a comerciante Zélia Costa, de 46 anos, dona do Bar do Baixinho, na Vila Santista. Segurando um balde, com seu avental branco impecável e uma expressão de tristeza e abandono por trás dos óculos grandes, ela contou como faz para atender a freguesia após as 16 horas, quando a água acaba:
"Todo mundo que vem aqui é do bairro. Então já sabem que, depois de determinada hora, não tem como dar descarga. Só se for de balde ou esperar até o dia seguinte".
Outra revelação da pesquisa: "As informações de falta de água em cinco ou mais dias do mês indicam que os pobres têm sido muito mais atingidos pelo racionamento do que os ricos. A pesquisa aponta que, entre os que ganham até dois salários mínimos, 42% dizem que tiveram torneiras secas com mais frequência no último mês. O índice cai para 19% no grupo dos que ganham mais de 10 salários mínimos".
A desigualdade social na maior cidade e no Estado mais rico do país se revela até na hora de repartir o ônus do desabastecimento de água, um problema que agora já não dá mais para esconder, embora as chuvas tenham voltado e devam prosseguir até o final desta semana.
Vida que segue.
Para o governo de Geraldo Alckmin, o problema tem prejudicado apenas 1% da população. Por isso mesmo, ao aferir a transparência do governo estadual na gestão crise hídrica, a pesquisa apurou que 84% dos paulistanos não acreditam nas informações oficiais do governo "por só fornecer dados que interessam a ele próprio".
Quase metade da população (48% de avaliação ruim/péssima) rejeita a atuação de Alckmin no enfrentamento da crise da água. A explicação é simples: por mais que o governo e o noticiário tentem esconder que o racionamento de água já atinge parcela cada vez maior dos paulistanos, a pesquisa acabou revelando o que acontece na vida real de um em cada três moradores da cidade.
Cada um se vira como pode. Na reportagem "Radiografia do Racionamento", de Eduardo Geraque e Fabrício Lobel, da Folha, ficamos sabendo que 40% dos moradores da zona norte já convivem com torneiras secas. Entre as vítimas está a comerciante Zélia Costa, de 46 anos, dona do Bar do Baixinho, na Vila Santista. Segurando um balde, com seu avental branco impecável e uma expressão de tristeza e abandono por trás dos óculos grandes, ela contou como faz para atender a freguesia após as 16 horas, quando a água acaba:
"Todo mundo que vem aqui é do bairro. Então já sabem que, depois de determinada hora, não tem como dar descarga. Só se for de balde ou esperar até o dia seguinte".
Outra revelação da pesquisa: "As informações de falta de água em cinco ou mais dias do mês indicam que os pobres têm sido muito mais atingidos pelo racionamento do que os ricos. A pesquisa aponta que, entre os que ganham até dois salários mínimos, 42% dizem que tiveram torneiras secas com mais frequência no último mês. O índice cai para 19% no grupo dos que ganham mais de 10 salários mínimos".
A desigualdade social na maior cidade e no Estado mais rico do país se revela até na hora de repartir o ônus do desabastecimento de água, um problema que agora já não dá mais para esconder, embora as chuvas tenham voltado e devam prosseguir até o final desta semana.
Vida que segue.
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