Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Em Julho, o episódio da “moça do tempo” do Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho, a Majú, atacada pelo Facebook por uma horda de racistas; no primeiro dia de novembro, caso idêntico ocorre, na mesma rede social, com a atriz global Taís Araújo.
No Brasil, episódios de racismo se repetem aos milhares a cada dia com pessoas comuns, mas, de quando em quando, ganham notoriedade por ocorrerem com celebridades como as supracitadas.
Destarte, casos de racismo envolvendo celebridades, ainda que pareçam negativos, servem para rebater uma tese absurda surgida em 2006 e que chegou a ganhar adeptos nos estratos sociais mais “elevados”.
Em 2008, uma novela da Globo tratou de fazer merchandising de uma obra improvável em um país em que, apesar das evidências em contrário, o racismo é tão ou mais intenso do que em países nórdicos, apesar de, segundo o IBGE, mais de 50% dos brasileiros se declararem afrodescendentes.
A tentativa da Globo de popularizar a teoria de seu diretor de jornalismo não se contentou só com merchandising em novelas. O telejornalismo Global também tratou de dar uma forcinha àquela porcaria.
Como o leitor já sabe, a tese sobre não existir racismo no Brasil foi popularizada, àquela época, por um livro escrito pelo diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, autor de “Não somos racistas”.
O livro veio a calhar para os grupos político-ideológios que combatem a política de cotas “raciais” nas universidades públicas. Se tivesse sido escrito sob encomenda desses grupos, não poderia ser mais benéfico para teoria tão absurda quanto a de que não há racismo em nosso país.
A tese que Kamel apresenta em sua “obra” é maluca. Não haveria racismo no país porque ser racista teria se tornado “socialmente reprovável”. Além disso, o bambambam do jornalismo global afirmou uma enormidade: “O branco pobre teria a mesma dificuldade de acesso à educação que um negro pobre”.
Análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, porém, mostrou que, graças a política de cotas do governo Lula, o percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% em 2001 para 35,8% em 2011.
Ou seja, apesar de descendentes de negros serem mais da metade da população brasileira, ocupam apenas 1/3 das vagas no ensino superior.
Seja como for, com extrema popularização do acesso à internet que o país experimentou nos anos seguintes ao lançamento do livro de Kamel, o racismo, que antes era velado, começou a ser visto com grande intensidade.
A sensação de impunidade que o anonimato na internet confere permitiu que o país assistisse a um circo de horrores. Nas últimas eleições presidenciais, a cada vitória do PT onda de racismo contra negros e nordestinos explodiu nas redes sociais.
É por essas é por outras que um pacote de 25 telegramas da embaixada dos Estados Unidos em Brasília e do consulado em São Paulo redigidos entre 2004 e 2009 e vazados pelo WikiLeaks em 2011 mostrou que diplomatas americanos informaram ao seu governo que “Muitos (brasileiros) alegam que o racismo não existe, apesar das evidências esmagadoras do contrário“.
Tudo isso contribuiu para tornar risível o livro de Kamel. Essa talvez seja a razão de um fenômeno bastante interessante que o Blog detectou após o episódio envolvendo Taís Araújo.
A “obra” do diretor de jornalismo caiu no ostracismo, condenada à lata de lixo da história. Quem quiser comprar um exemplar novo de “Não somos racistas”, atualmente, não terá a mesma facilidade do que se quisesse comprar uma obra relevante.
Uma mera pesquisa nas principais livrarias de São Paulo revela que, atualmente, só se consegue comprar um exemplar de “Não somos racistas” sob encomenda.
O Blog pesquisou a disponibilidade do livro na Livraria Cultura, na Livraria da Folha, na Companhia dos Livros e outras. Em todas, a mesma situação. Não somos racistas, que só teve uma edição apesar da ampla publicidade nas novelas e telejornais da Globo, só pode ser comprado sob encomenda à editora.
Em Julho, o episódio da “moça do tempo” do Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho, a Majú, atacada pelo Facebook por uma horda de racistas; no primeiro dia de novembro, caso idêntico ocorre, na mesma rede social, com a atriz global Taís Araújo.
No Brasil, episódios de racismo se repetem aos milhares a cada dia com pessoas comuns, mas, de quando em quando, ganham notoriedade por ocorrerem com celebridades como as supracitadas.
Destarte, casos de racismo envolvendo celebridades, ainda que pareçam negativos, servem para rebater uma tese absurda surgida em 2006 e que chegou a ganhar adeptos nos estratos sociais mais “elevados”.
Em 2008, uma novela da Globo tratou de fazer merchandising de uma obra improvável em um país em que, apesar das evidências em contrário, o racismo é tão ou mais intenso do que em países nórdicos, apesar de, segundo o IBGE, mais de 50% dos brasileiros se declararem afrodescendentes.
A tentativa da Globo de popularizar a teoria de seu diretor de jornalismo não se contentou só com merchandising em novelas. O telejornalismo Global também tratou de dar uma forcinha àquela porcaria.
Como o leitor já sabe, a tese sobre não existir racismo no Brasil foi popularizada, àquela época, por um livro escrito pelo diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, autor de “Não somos racistas”.
O livro veio a calhar para os grupos político-ideológios que combatem a política de cotas “raciais” nas universidades públicas. Se tivesse sido escrito sob encomenda desses grupos, não poderia ser mais benéfico para teoria tão absurda quanto a de que não há racismo em nosso país.
A tese que Kamel apresenta em sua “obra” é maluca. Não haveria racismo no país porque ser racista teria se tornado “socialmente reprovável”. Além disso, o bambambam do jornalismo global afirmou uma enormidade: “O branco pobre teria a mesma dificuldade de acesso à educação que um negro pobre”.
Análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, porém, mostrou que, graças a política de cotas do governo Lula, o percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% em 2001 para 35,8% em 2011.
Ou seja, apesar de descendentes de negros serem mais da metade da população brasileira, ocupam apenas 1/3 das vagas no ensino superior.
Seja como for, com extrema popularização do acesso à internet que o país experimentou nos anos seguintes ao lançamento do livro de Kamel, o racismo, que antes era velado, começou a ser visto com grande intensidade.
A sensação de impunidade que o anonimato na internet confere permitiu que o país assistisse a um circo de horrores. Nas últimas eleições presidenciais, a cada vitória do PT onda de racismo contra negros e nordestinos explodiu nas redes sociais.
É por essas é por outras que um pacote de 25 telegramas da embaixada dos Estados Unidos em Brasília e do consulado em São Paulo redigidos entre 2004 e 2009 e vazados pelo WikiLeaks em 2011 mostrou que diplomatas americanos informaram ao seu governo que “Muitos (brasileiros) alegam que o racismo não existe, apesar das evidências esmagadoras do contrário“.
Tudo isso contribuiu para tornar risível o livro de Kamel. Essa talvez seja a razão de um fenômeno bastante interessante que o Blog detectou após o episódio envolvendo Taís Araújo.
A “obra” do diretor de jornalismo caiu no ostracismo, condenada à lata de lixo da história. Quem quiser comprar um exemplar novo de “Não somos racistas”, atualmente, não terá a mesma facilidade do que se quisesse comprar uma obra relevante.
Uma mera pesquisa nas principais livrarias de São Paulo revela que, atualmente, só se consegue comprar um exemplar de “Não somos racistas” sob encomenda.
O Blog pesquisou a disponibilidade do livro na Livraria Cultura, na Livraria da Folha, na Companhia dos Livros e outras. Em todas, a mesma situação. Não somos racistas, que só teve uma edição apesar da ampla publicidade nas novelas e telejornais da Globo, só pode ser comprado sob encomenda à editora.
Tudo somado, por mais revoltantes que sejam esses episódios de racismo contra celebridades como as belas Majú e Taís Araújo, eles são são úteis à sociedade para sepultar bobagens como a que o diretor de jornalismo da Globo transformou em livro.
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