sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ultrapassar os obstáculos do racismo


Editorial do jornal Brasil de Fato:

Chegamos nesta sexta-feira a mais um 20 de novembro, dia da Consciência Negra. Completam-se 320 anos do assassinato do líder Zumbi dos Palmares, exemplo de resistência do povo negro e luta por igualdade. Passado tanto tempo, muitos intelectuais hoje dizem que vivemos uma "democracia racial”. Ou seja, não há mais racismo no Brasil e os negros vivem em igualdade. Você acredita nisso? Vejamos.

Hoje a população negra é a que mais sofre com a violência. Estudos mostram que pretos e pardos têm 8% a mais de chance de serem assassinados. A juventude negra é a mais vulnerável, com difícil acesso à educação de qualidade, trabalho digno e direitos sociais. E é a que tem a maior chance de ser assassinada, seja pelo estado e a polícia, seja pelo tráfico, milícias, etc.

Por uma vida melhor

A maioria da população carcerária é composta por negros, sobretudo vindos de bairros e cidades de periferia. Para uma parte grande da população negra, a violência é uma realidade cotidiana, e a única alternativa que o estado oferece é mais violência e prisões. Não se oferece para a juventude escola, trabalho, lazer e opções que permitam uma vida melhor.

Além disso, o povo negro não se vê nos espaços de destaque, seja nos meios de comunicação, seja nos espaços de poder. Se, por um lado, a gente só vê negros e negras nas novelas em papéis de empregadas e de vilões, no Congresso nacional é ainda pior: eles praticamente não estão. Menos de 10% do Congresso hoje é composto por negras e negros. Mesmo sabendo que mais da metade da população brasileira é negra.

Redução é racismo

Não por acaso, é esse Congresso que quer aprovar uma medida para aprisionar ainda mais a juventude negra, com a redução da maioridade penal, apoiada pelo deputado federal Eduardo Cunha.

Mas isso não vai ser sempre assim. O povo negro tem papel fundamental na história e na cultura do povo brasileiro. Em todos os lugares a herança negra está presente de forma marcante. E a luta do povo negro ainda vai ter o seu papel decisivo de mudar completamente essa situação.

Constituinte

O povo negro está em luta por maior espaço para decidir a política no país, através de uma Constituinte que permita maior participação popular no sistema político. E também resistirá contra todas as injustiças que existem no Brasil hoje, por igualdade e liberdade, respeitando o exemplo de Zumbi e Dandara dos Palmares.

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