Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Uma paz de cemitérios domina Brasília na véspera de um dia D para a crise econômico-política. Há um feriado de araque na cidade, do Dia do Evangélico, mas nem o comércio o respeitou. A administração federal funcionou normalmente, mas na área política não houve qualquer reunião de líderes da base governista, nenhuma ação palaciana visível. A presidente Dilma desembarca de madrugada na base aérea, procedente de Paris, e fará uma reunião de coordenação política pela manhã. Mas nesta altura será curto o tempo para executar a estratégia.
O ponto mais importante do dia para o governo é a votação do projeto que reduz a meta de superávit primário de 1,15% para 0,7% do PIB. Com o rombo nas contas de outubro, o problema ficou ainda mais premente. Para não incorrer no descumprimento da meta e em crime de responsabilidade, a presidente só tem duas alternativas. Ou aprova a redução da meta ou segue fazendo cortes brutais nos gastos públicos, ao ponto de comprometer as mais rotineiras atividades administrativas.
O corte de R$ 10 bilhões, que ela determinou na sexta-feira e foi publicado hoje, não será suficiente. A matéria tem votação prevista para a noite em sessão conjunta do Senado e da Câmara. O governo precisará mobilizar a base e tem contra si o péssimo ambiente político que se instalou no Congresso depois da prisão do senador Delcídio Amaral. Mas como o recesso só começa no dia 22, ainda poderá ser feita nova tentativa, embora o governo ainda tenha que aprovar a DRU, a LDO e a lei orçamentária de 2016 neste curto espaço de tempo.
O segundo evento mais importante do dia é a votação, pelo Conselho de Ética, do parecer favorável ao prosseguimento do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Como visto hoje, ele adiou o anúncio de decisão sobre os processos de impeachment alegando não querer misturá-la com a nova suspeita do Ministério Público, que ele negou com veemência, de que tenha recebido R$ 45 milhões do BTG Pactual, cujo ex-controlador André Esteves está preso, para inserir dispositivo numa medida provisória favorecendo o banco.
Nem por isso tem sido menor a pressão sobre os três deputados petistas que integram o conselho. O que todo mundo sabe mas não foi dito por Cunha é que se o PT não colaborar com sua salvação ele pode abrir o processo contra Dilma. No paradão do dia, nenhuma notícia das movimentações petistas sobre este dilema.
Uma crise chega ao ponto crítico quando começa a imobilizar os atores. Vamos ver se amanhã eles reagem e enfrentam o dia e seus desafios.
Uma paz de cemitérios domina Brasília na véspera de um dia D para a crise econômico-política. Há um feriado de araque na cidade, do Dia do Evangélico, mas nem o comércio o respeitou. A administração federal funcionou normalmente, mas na área política não houve qualquer reunião de líderes da base governista, nenhuma ação palaciana visível. A presidente Dilma desembarca de madrugada na base aérea, procedente de Paris, e fará uma reunião de coordenação política pela manhã. Mas nesta altura será curto o tempo para executar a estratégia.
O ponto mais importante do dia para o governo é a votação do projeto que reduz a meta de superávit primário de 1,15% para 0,7% do PIB. Com o rombo nas contas de outubro, o problema ficou ainda mais premente. Para não incorrer no descumprimento da meta e em crime de responsabilidade, a presidente só tem duas alternativas. Ou aprova a redução da meta ou segue fazendo cortes brutais nos gastos públicos, ao ponto de comprometer as mais rotineiras atividades administrativas.
O corte de R$ 10 bilhões, que ela determinou na sexta-feira e foi publicado hoje, não será suficiente. A matéria tem votação prevista para a noite em sessão conjunta do Senado e da Câmara. O governo precisará mobilizar a base e tem contra si o péssimo ambiente político que se instalou no Congresso depois da prisão do senador Delcídio Amaral. Mas como o recesso só começa no dia 22, ainda poderá ser feita nova tentativa, embora o governo ainda tenha que aprovar a DRU, a LDO e a lei orçamentária de 2016 neste curto espaço de tempo.
O segundo evento mais importante do dia é a votação, pelo Conselho de Ética, do parecer favorável ao prosseguimento do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Como visto hoje, ele adiou o anúncio de decisão sobre os processos de impeachment alegando não querer misturá-la com a nova suspeita do Ministério Público, que ele negou com veemência, de que tenha recebido R$ 45 milhões do BTG Pactual, cujo ex-controlador André Esteves está preso, para inserir dispositivo numa medida provisória favorecendo o banco.
Nem por isso tem sido menor a pressão sobre os três deputados petistas que integram o conselho. O que todo mundo sabe mas não foi dito por Cunha é que se o PT não colaborar com sua salvação ele pode abrir o processo contra Dilma. No paradão do dia, nenhuma notícia das movimentações petistas sobre este dilema.
Uma crise chega ao ponto crítico quando começa a imobilizar os atores. Vamos ver se amanhã eles reagem e enfrentam o dia e seus desafios.
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