Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Com pressa para chegar à TV Record, no final da tarde de quarta-feira, depois de Eduardo Cunha detonar a bomba do impeachment, o transito parou de uma vez: perto da avenida Rebouças, carros de polícia com sirenes ligadas e policiais a pé com armas nas mãos corriam atrás de estudantes em fuga carregando cadeiras em direção à avenida Paulista. Fazia tempo que não me assustava com uma cena como essa, muito comum nos tempos do regime militar.
Durante toda a semana em São Paulo, estes confrontos entre a PM e jovens rebelados contra mudanças no ensino público se repetiram em diferentes pontos da cidade, transtornando a vida dos paulistanos que precisam trabalhar. A pancadaria correu solta, com bombas de gás lacrimogêneo pipocando, estudantes e professores sendo arrastados por policiais, spray de pimenta no ar, enormes congestionamentos. Apesar disso, quase 200 escolas estaduais continuam ocupadas pelos alunos.
O caos já estava anunciado desde domingo quando o governo paulista resolveu transformar a "reorganização escolar" num caso de polícia. "Temos que ganhar a guerra final. E vamos ganhar!", proclamou o chefe de gabinete da Secretaria da Educação do Estado, Fernando Padula Novaes, em encontro com 40 dirigentes de ensino, "todos de confiança do governo", segundo suas palavras.
O resultado desta insanidade está estampado no resultado da pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira: "Popularidade de Alckmin despenca". Pela primeira vez, a avaliação de ruim/péssimo (30%) superou a de ótimo/bom (28%) do governador tucano.
Demorou, mas caiu a máscara de bom moço de Geraldo Alckmin, no final do primeiro ano do seu quarto mandato no Tucanistão, onde reina impávido desde 2001, sempre sob a proteção da mídia amiga. Quem melhor definiu o cenário foi o filósofo Vladimir Safatle em sua coluna na Folha de hoje, sob o título "Guerra contra a educação", que começa assim:
"O governador Geraldo Alckmin governa São Paulo como se aqui fosse um imenso cafezal adquirido por herança. Sua lógica não é muito diferente daquela própria aos antigos barões do café que tomavam decisões sobre a província de São Paulo em salões fechados, viam manifestações e greves como crime produzido por "arruaceiros" a quem a única resposta era o porrete da polícia e estavam mais preocupados sobre o que saia nos jornais do que como a população, de fato, recebia suas medidas administrativas. O governador pode vestir trajes de barão de café porque é beneficiário da "malemolência midiática" vinda de certos setores da imprensa".
De quase todos os setores da imprensa, eu acrescentaria, beneficiados por generosas verbas publicitárias e compra de publicações para as escolas, além da afinidade ideológica. O muro de proteção da mídia erguido em torno do Palácio dos Bandeirantes começou a ruir, no ano passado, quando já não dava para esconder a crise no abastecimento de água que atingia boa parte da população, por conta da incúria e da soberba da Sabesp. Desde as eleições do ano passado, quando camuflaram a crise da água, não para de descer a curva de aprovação de Alckmin e de subir a de reprovação.
O maior problema do governador tucano, no entanto, é que a maioria da população já não acredita no que ele fala. Segundo o Datafolha, "de cada dez paulistas, oito estão convencidos de que o governo Alckmin só fornece informações a respeito de assuntos que interessam ao próprio governo". Mesmo assim, seis de cada dez eleitores paulistas são contra as mudanças anunciadas no ensino público que levarão ao fechamento de 92 colégios e à transferência de 311 mil alunos. Mais da metade da população (55%) apoia as ocupações das escolas feitas pelos estudantes.
O governador Geraldo Alckmin corre o risco de perder não só a guerra da educação, mas também a da comunicação, que sempre foi o grande trunfo dos seus múltiplos mandatos.
Com pressa para chegar à TV Record, no final da tarde de quarta-feira, depois de Eduardo Cunha detonar a bomba do impeachment, o transito parou de uma vez: perto da avenida Rebouças, carros de polícia com sirenes ligadas e policiais a pé com armas nas mãos corriam atrás de estudantes em fuga carregando cadeiras em direção à avenida Paulista. Fazia tempo que não me assustava com uma cena como essa, muito comum nos tempos do regime militar.
Durante toda a semana em São Paulo, estes confrontos entre a PM e jovens rebelados contra mudanças no ensino público se repetiram em diferentes pontos da cidade, transtornando a vida dos paulistanos que precisam trabalhar. A pancadaria correu solta, com bombas de gás lacrimogêneo pipocando, estudantes e professores sendo arrastados por policiais, spray de pimenta no ar, enormes congestionamentos. Apesar disso, quase 200 escolas estaduais continuam ocupadas pelos alunos.
O caos já estava anunciado desde domingo quando o governo paulista resolveu transformar a "reorganização escolar" num caso de polícia. "Temos que ganhar a guerra final. E vamos ganhar!", proclamou o chefe de gabinete da Secretaria da Educação do Estado, Fernando Padula Novaes, em encontro com 40 dirigentes de ensino, "todos de confiança do governo", segundo suas palavras.
O resultado desta insanidade está estampado no resultado da pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira: "Popularidade de Alckmin despenca". Pela primeira vez, a avaliação de ruim/péssimo (30%) superou a de ótimo/bom (28%) do governador tucano.
Demorou, mas caiu a máscara de bom moço de Geraldo Alckmin, no final do primeiro ano do seu quarto mandato no Tucanistão, onde reina impávido desde 2001, sempre sob a proteção da mídia amiga. Quem melhor definiu o cenário foi o filósofo Vladimir Safatle em sua coluna na Folha de hoje, sob o título "Guerra contra a educação", que começa assim:
"O governador Geraldo Alckmin governa São Paulo como se aqui fosse um imenso cafezal adquirido por herança. Sua lógica não é muito diferente daquela própria aos antigos barões do café que tomavam decisões sobre a província de São Paulo em salões fechados, viam manifestações e greves como crime produzido por "arruaceiros" a quem a única resposta era o porrete da polícia e estavam mais preocupados sobre o que saia nos jornais do que como a população, de fato, recebia suas medidas administrativas. O governador pode vestir trajes de barão de café porque é beneficiário da "malemolência midiática" vinda de certos setores da imprensa".
De quase todos os setores da imprensa, eu acrescentaria, beneficiados por generosas verbas publicitárias e compra de publicações para as escolas, além da afinidade ideológica. O muro de proteção da mídia erguido em torno do Palácio dos Bandeirantes começou a ruir, no ano passado, quando já não dava para esconder a crise no abastecimento de água que atingia boa parte da população, por conta da incúria e da soberba da Sabesp. Desde as eleições do ano passado, quando camuflaram a crise da água, não para de descer a curva de aprovação de Alckmin e de subir a de reprovação.
O maior problema do governador tucano, no entanto, é que a maioria da população já não acredita no que ele fala. Segundo o Datafolha, "de cada dez paulistas, oito estão convencidos de que o governo Alckmin só fornece informações a respeito de assuntos que interessam ao próprio governo". Mesmo assim, seis de cada dez eleitores paulistas são contra as mudanças anunciadas no ensino público que levarão ao fechamento de 92 colégios e à transferência de 311 mil alunos. Mais da metade da população (55%) apoia as ocupações das escolas feitas pelos estudantes.
O governador Geraldo Alckmin corre o risco de perder não só a guerra da educação, mas também a da comunicação, que sempre foi o grande trunfo dos seus múltiplos mandatos.
alckmin criou uma nova geraçao de lideres ofuturo vai nos mostrar talvez nao estejamos aqui para ve-los brigar pelos seus direitos e lutar para que tenhamos um país com menas corrupçao e corruptos declarados presos e fora da politica
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