quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O IDH e as manipulações da mídia

Por Altamiro Borges

No início desta semana foram divulgados os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). A mídia tucana, que está em guerra fratricida contra o governo Dilma – incentivando a onda de ódio que contagia setores da sociedade –, fez questão de destacar apenas o item negativo do estudo. Pelas manchetes dos jornalões e comentários da rádio e tevê os “midiotas” ficaram sabendo que o Brasil caiu uma posição no ranking mundial do IDH. A informação relevante de que o país melhorou em vários quesitos da ONU ficou escondida ou simplesmente foi suprimida. Não também foi contextualizada a razão da perda de uma posição no ranking internacional, como se a única culpada fosse a presidenta Dilma.

O Jornal do Brasil, que nos últimos tempos tem adotado uma linha editorial menos partidarizada e mais independente, foi um dos poucos que apontou as contradições verificadas no relatório da ONU. Conforme destacou já no título da reportagem, “Brasil melhora IDH em 2014, mas cai uma posição no ranking mundial”. Os avanços verificados no período são significativos. “O Pnud mostra que o IDH passou de 0,752 em 2013 para 0,755 em 2014. O índice mede o desenvolvimento humano por meio de três componentes: a expectativa de vida, educação e renda. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento”. Nestes três quesitos fundamentais, o Brasil continuou dando passos positivos, embora ainda tímidos.

O estudo mostra que a esperança de vida ao nascer aumentou de 74.2 em 2013 para 74.5 em 2014 e que a média de anos de estudo passou de 7,4 para 7,7 neste período. Já a renda média teve queda de 0,74% na comparação com 2013, passando de US$ 15.288 para US$ 15.175. Foi a primeira retração desde 1990, o que confirma a gravidade da crise econômica. Ele ainda confirma que as políticas públicas adotadas nos últimos anos foram decisivas para evitar maiores estragos. “O relatório reconhece os programas de proteção social e de transferência de renda como importantes para aumentar o desenvolvimento humano”.

A perda de uma posição no IDH decorreu da prolongada crise que afeta a economia mundial, em especial os chamados países em desenvolvimento. “O país foi ultrapassado pelo Sri Lanka, que estava empatado com o Brasil no ano anterior, e teve crescimento acelerado em 2014. A coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional, Andréa Bolzon, explicou que a diferença no ritmo de crescimento dos países causou a queda do Brasil. ‘Apesar de o Brasil ter crescido no IDH, outro país cresceu em ritmo um pouco mais acelerado que o nosso. A isso se deve nossa queda’”. Mas, como observa o JB, “o Brasil acumula trajetória constante de crescimento do IDH... Em relação à posição no ranking mundial, de 2009 a 2014 o país avançou três posições”.

Esta análise mais multilateral e ponderada – que não ofusca as dificuldades vividas pelo país e nem a sua crônica desigualdade social – não foi compartilhada pela mídia oposicionista. Ela preferiu destacar somente o aspecto negativo da pesquisa e tratou os seus leitores, ouvintes e telespectadores como autênticos “midiotas”. A Folha tucana, por exemplo, estampou mais uma de suas manchetes terroristas: “Brasil cai em ranking de IDH e fica atrás de Sri Lanka”. Já um de seus colunistas, Fernando Canzian, até observa que “após 13 anos de PT, a renda dos pobres subiu 129%”. Mas, como um “urubólogo”, garante que o futuro será um desastre. Não fica nítido se o autor faz um prognóstico ou uma aposta no quanto pior, melhor... para os rentistas e a oposição neoliberal.

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