Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Prezado senhor,
Quem lhe escreve é apenas e tão-somente uma das cerca de duas mil pessoas que, no dia 9 de dezembro do ano passado, tiveram a honra de, no Blog que edito, tornarem-se signatárias de pedido à Procuradoria Geral da República, via representação popular, para que o senhor seja retirado da Presidência da Câmara dos Deputados.
Como se o senhor não soubesse…
Uma semana depois, senhor Cunha – e não me darei ao desfrute de usar a forma de tratamento que o seu mandato e o seu cargo concedem porque o senhor não os respeita -, exatamente no dia 16 de dezembro, estava eu em Brasília, prestes a protocolar na Procuradoria a representação em tela, quando tive a notícia de que a Polícia Federal vasculhou a sua residência em busca dos elementos necessários a livrar o país de um deboche, de uma agressão a cada um de seus cidadãos, ou seja, da sua Presidência na Câmara.
Mais três dias se passaram e o procurador-geral da República, doutor Rodrigo Janot, emitiu medida cautelar, interposta no Supremo Tribunal Federal, cujo teor fala por si mesmo.
As razões expostas pelo PGR nessa medida cautelar para o pedido de seu afastamento, senhor Cunha, são quase tão estarrecedoras quanto a sua postura inaceitável de permanecer no cargo que ocupa.
1 – PRÁTICA DE VÁRIOS CRIMES.
2 – PROMOÇÃO E INTEGRAÇÃO DE ORGANIZAÇÃOCRIMINOSA.
3 – OBSTRUÇÃO E EMBARAÇAMENTO DE INVESTIGAÇÕES.
O mais grave de todos esses elementos é a obstrução e o embaraçamento das investigações que o senhor, mancomunado com grande parcela do PMDB, com a totalidade do PSDB e com outros partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff estão praticando ao proporem um golpe parlamentar contra uma mandatária legitimamente eleita e contra quem não pesa uma só das provas testemunhais e materiais que pesam contra si.
O pedido de impeachment que o senhor acolheu e que cerca de metade da Câmara dos Deputados apoia nada mais é do que uma tentativa de tirar a presidente do cargo para que o seu colega de partido, Michel Temer, interrompa as investigações da Polícia Federal, as quais ela apoiou desde o início mesmo contra seus próprios interesses políticos e os de seu partido.
Não é por outra razão, senhor Eduardo Cunha, que o procurador-geral da República, na peça que dirigiu ao STF, chama o senhor e os seus comparsas de “delinquentes”, como mostra o trecho do documento reproduzido abaixo:
“EDUARDO CUNHA, diretamente ou por meio de seus aliados, vem se valendo das prerrogativas do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados para pressionar testemunhas e, assim, tentar evitarque as investigações que correm contra si e outros delinquentes se desenvolvam segundo o devido processo”
Se juntarmos as palavras grifadas no trecho da representação do PGR reproduzidas acima, ficaria assim:
“Eduardo Cunha vem se valendo das prerrogativas do cargo para pressionar testemunhas e tentar evitar investigações contra si e outros delinquentes“
E mesmo assim o senhor não deixa o cargo.
Há, portanto, que usar a lei para conseguir aquilo que o senhor não tem o bom senso de fazer. E o cerco está se fechando, senhor Cunha.
Na última quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal autorizou a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal, de sua mulher, Cláudia Cruz, de sua filha, Danielle Dytz da Cunha, além de pelo menos três empresas ligadas à sua família.
O senhor está prestes a ser indiciado pelo Supremo por suspeita de ter mantido contas secretas no exterior com recursos desviados de negócios da Petrobras na África.
Parte dos dados fiscais já foram enviados pela Receita Federal aos procuradores que atuam na Lava Jato e embasaram o pedido de busca e apreensão na sua residência no último dia 15 de dezembro, na residência oficial do presidente da Câmara, o que envergonha este país diante do mundo, senhor Eduardo Cunha.
E o senhor não tem o bom senso de renunciar.
Receita Federal já identificou indícios de aumento patrimonial do senhor que é incompatível com os rendimentos da sua família, senhor Cunha. Rendimentos que totalizam R$1,8 milhão entre 2011 e 2014.
E o senhor não tem o bom senso de renunciar.
O pior não é isso, senhor Cunha. O pior é que existam tantos parlamentares que o apoiam porque acreditam que se o senhor permanecer no cargo conseguirá derrubar a presidente Dilma Rousseff para que seu colega de partido e vice-presidente da República ponha termo às investigações.
Concluo esta missiva, meu senhor, manifestando confiança em que o seu “reinado” nefasto está no limiar do fim. O cerco se aperta e o senhor sabe muito bem que as decisões que o STF está tomando ao lhe ter dado 10 dias para se defender e ao determinar a quebra dos seus sigilos prenunciam que seu afastamento será determinado.
Uma vez fora da Presidência da Câmara, meu senhor, estará frente a frente com a lei da qual o senhor debochou, à qual o senhor afrontou, a qual o senhor tentou barrar. Acabou, senhor Eduardo Cunha.
Por que lhe escrevo tudo isso, então? Por que não posso deixar de lhe dizer que o senhor enfrentaria com uma réstia de dignidade tudo que tem pela frente se, pelo menos a esta altura, tivesse o bom senso de reununciar antes que seja “renunciado” pelo STF. Talvez o senhor não acredite no que estou afirmando, mas, em breve, irá acreditar.
Prezado senhor,
Quem lhe escreve é apenas e tão-somente uma das cerca de duas mil pessoas que, no dia 9 de dezembro do ano passado, tiveram a honra de, no Blog que edito, tornarem-se signatárias de pedido à Procuradoria Geral da República, via representação popular, para que o senhor seja retirado da Presidência da Câmara dos Deputados.
Como se o senhor não soubesse…
Uma semana depois, senhor Cunha – e não me darei ao desfrute de usar a forma de tratamento que o seu mandato e o seu cargo concedem porque o senhor não os respeita -, exatamente no dia 16 de dezembro, estava eu em Brasília, prestes a protocolar na Procuradoria a representação em tela, quando tive a notícia de que a Polícia Federal vasculhou a sua residência em busca dos elementos necessários a livrar o país de um deboche, de uma agressão a cada um de seus cidadãos, ou seja, da sua Presidência na Câmara.
Mais três dias se passaram e o procurador-geral da República, doutor Rodrigo Janot, emitiu medida cautelar, interposta no Supremo Tribunal Federal, cujo teor fala por si mesmo.
As razões expostas pelo PGR nessa medida cautelar para o pedido de seu afastamento, senhor Cunha, são quase tão estarrecedoras quanto a sua postura inaceitável de permanecer no cargo que ocupa.
1 – PRÁTICA DE VÁRIOS CRIMES.
2 – PROMOÇÃO E INTEGRAÇÃO DE ORGANIZAÇÃOCRIMINOSA.
3 – OBSTRUÇÃO E EMBARAÇAMENTO DE INVESTIGAÇÕES.
O mais grave de todos esses elementos é a obstrução e o embaraçamento das investigações que o senhor, mancomunado com grande parcela do PMDB, com a totalidade do PSDB e com outros partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff estão praticando ao proporem um golpe parlamentar contra uma mandatária legitimamente eleita e contra quem não pesa uma só das provas testemunhais e materiais que pesam contra si.
O pedido de impeachment que o senhor acolheu e que cerca de metade da Câmara dos Deputados apoia nada mais é do que uma tentativa de tirar a presidente do cargo para que o seu colega de partido, Michel Temer, interrompa as investigações da Polícia Federal, as quais ela apoiou desde o início mesmo contra seus próprios interesses políticos e os de seu partido.
Não é por outra razão, senhor Eduardo Cunha, que o procurador-geral da República, na peça que dirigiu ao STF, chama o senhor e os seus comparsas de “delinquentes”, como mostra o trecho do documento reproduzido abaixo:
“EDUARDO CUNHA, diretamente ou por meio de seus aliados, vem se valendo das prerrogativas do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados para pressionar testemunhas e, assim, tentar evitarque as investigações que correm contra si e outros delinquentes se desenvolvam segundo o devido processo”
Se juntarmos as palavras grifadas no trecho da representação do PGR reproduzidas acima, ficaria assim:
“Eduardo Cunha vem se valendo das prerrogativas do cargo para pressionar testemunhas e tentar evitar investigações contra si e outros delinquentes“
E mesmo assim o senhor não deixa o cargo.
Há, portanto, que usar a lei para conseguir aquilo que o senhor não tem o bom senso de fazer. E o cerco está se fechando, senhor Cunha.
Na última quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal autorizou a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal, de sua mulher, Cláudia Cruz, de sua filha, Danielle Dytz da Cunha, além de pelo menos três empresas ligadas à sua família.
O senhor está prestes a ser indiciado pelo Supremo por suspeita de ter mantido contas secretas no exterior com recursos desviados de negócios da Petrobras na África.
Parte dos dados fiscais já foram enviados pela Receita Federal aos procuradores que atuam na Lava Jato e embasaram o pedido de busca e apreensão na sua residência no último dia 15 de dezembro, na residência oficial do presidente da Câmara, o que envergonha este país diante do mundo, senhor Eduardo Cunha.
E o senhor não tem o bom senso de renunciar.
Receita Federal já identificou indícios de aumento patrimonial do senhor que é incompatível com os rendimentos da sua família, senhor Cunha. Rendimentos que totalizam R$1,8 milhão entre 2011 e 2014.
E o senhor não tem o bom senso de renunciar.
O pior não é isso, senhor Cunha. O pior é que existam tantos parlamentares que o apoiam porque acreditam que se o senhor permanecer no cargo conseguirá derrubar a presidente Dilma Rousseff para que seu colega de partido e vice-presidente da República ponha termo às investigações.
Concluo esta missiva, meu senhor, manifestando confiança em que o seu “reinado” nefasto está no limiar do fim. O cerco se aperta e o senhor sabe muito bem que as decisões que o STF está tomando ao lhe ter dado 10 dias para se defender e ao determinar a quebra dos seus sigilos prenunciam que seu afastamento será determinado.
Uma vez fora da Presidência da Câmara, meu senhor, estará frente a frente com a lei da qual o senhor debochou, à qual o senhor afrontou, a qual o senhor tentou barrar. Acabou, senhor Eduardo Cunha.
Por que lhe escrevo tudo isso, então? Por que não posso deixar de lhe dizer que o senhor enfrentaria com uma réstia de dignidade tudo que tem pela frente se, pelo menos a esta altura, tivesse o bom senso de reununciar antes que seja “renunciado” pelo STF. Talvez o senhor não acredite no que estou afirmando, mas, em breve, irá acreditar.
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