Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:
Para o jornalista Fernando Morais e para Venício Lima, sociólogo e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), não há nada de surpreendente na opção do jornal Folha de S. Paulo de “adquirir o passe” do ativista de direita Kim Kataguiri para seu time de colunistas, embora o espaço dado ao ativista do Movimento Brasil Livre (MBL) nas páginas do jornal tenha sido recebido por muitos com surpresa.
“O rol de colunistas da Folha está muito mais para lá do que para cá”, ironiza Morais. “Não me espanta. Quando tem Reinaldo Azevedo, (o filósofo) Luiz Felipe Pondé, é natural que chamem um cara como ele (Kataguiri). Não me espanta como não me espantaria se eles chamassem o (também filósofo) Olavo de Carvalho para escrever lá”, diz.
“Não me surpreende nem um pouco, num jornal que tem Reinaldo Azevedo e outros. A Folha é o que é e não vai deixar de ser. Não me surpreende absolutamente que um porta-voz do golpe seja colunista, como outros que também têm espaço na Folha. O próprio Aécio escreve lá”, lembra Lima.
Em sua coluna de estreia, publicada hoje (19) e intitulada “Passe livre para o terrorismo”, Kataguiri usa o trocadilho para atacar as manifestações do Movimento Passe Livre (MPL) e usa esse pretexto para defender a lei antiterrorismo que tramita no Congresso e “é duramente combatida pelas esquerdas”. “Dá para entender por quê. Querem continuar a jogar coquetel molotov em estação do metrô ‘em nome de um outro mundo possível’, diz o ativista do MBL. Segundo ele, “não há espaço para eufemismo quando tratamos desse tipo de criminoso.”
Para Venício Lima, o jornal da família Frias reflete (assim como outros veículos da chamada “grande imprensa” brasileira) a ausência de pluralidade do sistema de mídia como um todo e também incorpora a falta de pluralidade em suas páginas. "Na história da imprensa escrita, antigamente havia um jornal que defendia uma posição, outro que defendia outra posição. A pluralidade pode ser também adotada internamente num veículo, na cobertura ou na composição de seus colunistas, com uma multiplicidade democrática de opiniões. Mas o que acontece no Brasil é que nós sabemos que isso não ocorre, nossa imprensa é partidária. Não é plural, nem de uma forma nem de outra”, diz.
Para ele, a Folha às vezes contempla um colunista progressista ou uma matéria com aparente pluralidade. “Mas na sua posição editorial, na ênfase com que cobre determinados assuntos, e omite outros, ela é um veículo partidário como são todos os principais da nossa mídia.”
Na opinião de Fernando Morais, essa realidade é inerente ao sistema. “Fazer imprensa em sociedade capitalista é isso. O jornal é deles, por mais que os jornalistas conscientes tenham noção de que jornal, mesmo sendo propriedade privada, tem um papel social. Mas eu, pessoalmente, não leio Pondé, não leio esses caras, ou esses economistas como Alexandre Schwartsman.”
Venício Lima também diz que, em seu caso, a Folha publicar ou não colunistas como Kataguiri, é indiferente. “No âmbito pessoal, para mim não altera nada, porque não vou ler.”
Mas, para ele, a hegemonia dos grupos de mídia que controlam a informação no Brasil poderia ter sido minimizada, se os governos populares de Lula e Dilma tivessem atuado para corrigir essa grave distorção do sistema de comunicações no país. “Temos que conviver com essa realidade e tentar construir uma mídia alternativa a essa, o que os governos populares não conseguiram fazer. Nem a regulação mínima da área foi feita. Ou então vai ser sempre isso aí”, afirma.
O sociólogo também aponta uma espécie de dependência injustificável, por parte de setores progressistas, das informações partidarizadas da grande imprensa. “Eu acho um erro grave, há muitos anos, que o campo popular, e os progressistas continuem prestando atenção na grande mídia. É um equívoco. Na época em que trabalhei numa instância de governo, eu me revoltava diariamente porque as pessoas não faziam nada sem primeiro fazer o clipping do que estava no Globo, na Folha e no Estadão”, conta Venício Lima, que foi consultor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculado ao Ministério da Educação, e assessor de parlamentares no Congresso.
“O rol de colunistas da Folha está muito mais para lá do que para cá”, ironiza Morais. “Não me espanta. Quando tem Reinaldo Azevedo, (o filósofo) Luiz Felipe Pondé, é natural que chamem um cara como ele (Kataguiri). Não me espanta como não me espantaria se eles chamassem o (também filósofo) Olavo de Carvalho para escrever lá”, diz.
“Não me surpreende nem um pouco, num jornal que tem Reinaldo Azevedo e outros. A Folha é o que é e não vai deixar de ser. Não me surpreende absolutamente que um porta-voz do golpe seja colunista, como outros que também têm espaço na Folha. O próprio Aécio escreve lá”, lembra Lima.
Em sua coluna de estreia, publicada hoje (19) e intitulada “Passe livre para o terrorismo”, Kataguiri usa o trocadilho para atacar as manifestações do Movimento Passe Livre (MPL) e usa esse pretexto para defender a lei antiterrorismo que tramita no Congresso e “é duramente combatida pelas esquerdas”. “Dá para entender por quê. Querem continuar a jogar coquetel molotov em estação do metrô ‘em nome de um outro mundo possível’, diz o ativista do MBL. Segundo ele, “não há espaço para eufemismo quando tratamos desse tipo de criminoso.”
Para Venício Lima, o jornal da família Frias reflete (assim como outros veículos da chamada “grande imprensa” brasileira) a ausência de pluralidade do sistema de mídia como um todo e também incorpora a falta de pluralidade em suas páginas. "Na história da imprensa escrita, antigamente havia um jornal que defendia uma posição, outro que defendia outra posição. A pluralidade pode ser também adotada internamente num veículo, na cobertura ou na composição de seus colunistas, com uma multiplicidade democrática de opiniões. Mas o que acontece no Brasil é que nós sabemos que isso não ocorre, nossa imprensa é partidária. Não é plural, nem de uma forma nem de outra”, diz.
Para ele, a Folha às vezes contempla um colunista progressista ou uma matéria com aparente pluralidade. “Mas na sua posição editorial, na ênfase com que cobre determinados assuntos, e omite outros, ela é um veículo partidário como são todos os principais da nossa mídia.”
Na opinião de Fernando Morais, essa realidade é inerente ao sistema. “Fazer imprensa em sociedade capitalista é isso. O jornal é deles, por mais que os jornalistas conscientes tenham noção de que jornal, mesmo sendo propriedade privada, tem um papel social. Mas eu, pessoalmente, não leio Pondé, não leio esses caras, ou esses economistas como Alexandre Schwartsman.”
Venício Lima também diz que, em seu caso, a Folha publicar ou não colunistas como Kataguiri, é indiferente. “No âmbito pessoal, para mim não altera nada, porque não vou ler.”
Mas, para ele, a hegemonia dos grupos de mídia que controlam a informação no Brasil poderia ter sido minimizada, se os governos populares de Lula e Dilma tivessem atuado para corrigir essa grave distorção do sistema de comunicações no país. “Temos que conviver com essa realidade e tentar construir uma mídia alternativa a essa, o que os governos populares não conseguiram fazer. Nem a regulação mínima da área foi feita. Ou então vai ser sempre isso aí”, afirma.
O sociólogo também aponta uma espécie de dependência injustificável, por parte de setores progressistas, das informações partidarizadas da grande imprensa. “Eu acho um erro grave, há muitos anos, que o campo popular, e os progressistas continuem prestando atenção na grande mídia. É um equívoco. Na época em que trabalhei numa instância de governo, eu me revoltava diariamente porque as pessoas não faziam nada sem primeiro fazer o clipping do que estava no Globo, na Folha e no Estadão”, conta Venício Lima, que foi consultor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculado ao Ministério da Educação, e assessor de parlamentares no Congresso.
A imprensa é bastante pluralista: tem espaço para fascista, nazista, franquista, pinochetista, integralista...
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