Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
O último Datafolha explica por que, a depender do juiz Sergio Moro, da força-tarefa do Ministério Público e da mídia grande, a Operação Lava Jato não irá terminar tão cedo.
Embora já tenha produzido um massacre jurídico-midiático como nunca houve na política brasileira, realizando prisões cinematográficas em ritmo semanal por dois anos consecutivos, seguidas de vazamentos espetaculares destinadas a manter o país com a respiração em suspenso, do ponto de vista do seu alvo político a Lava Jato é um fracasso relativo.
Deixando de lado eufemismos morais e proclamações de tom messiânico, a operação ainda não deu conta de sua missão principal: eliminar o Partido dos Trabalhadores da cena política e, para isso, destruir a personalidade pública de Luiz Inácio Lula da Silva.
Programada para “deslegitimar a classe política”, como Sergio Moro deixa claro no artigo sobre As Mãos Limpas Italiana, a Lava Jato se encontra na metade do caminho, ainda que tenha realizado um desastre político enorme, em grande medida injusto, sem fundamentos jurídicos apropriados pelo Estado Democrático de Direito.
Desse ponto de vista, e imaginando que o país poderá cumprir o calendário eleitoral sem atropelos golpistas, nem Lula nem o PT deveriam ter direito de chegar a 2018 como uma força política-eleitoral expressiva. Mesmo que não seja capaz de vencer a eleição presidencial, este condomínio construído em volta de Lula também poderia reunir r condições de polarizar a resistência a um novo governo, voltado para revogar as conquistas da última década e meia.
Problema: para 37% dos brasileiros, informa Data Folha, Lula continua sendo o melhor presidente que o país já teve, um patamar sem comparação que se encontra a anos-luz de outros antecessores.
É um número ainda mais notável quando se recorda que Lula obteve essa aprovação dias depois da prisão do publicitário João Santana, da retomada de investigações sobre o tríplex, o sítio em Atibaia e outras notícias negativas. É bom sublinhar também que, do ponto de vista técnico, este desempenho – altamente competitivo por qualquer critério político – foi obtido numa pesquisa onde a avaliação era rebaixada artificialmente por um questionário no qual as perguntas se limitavam a apontar pontos negativos.
Como sabe qualquer calouro de sociologia, se o objetivo era apurar como Lula é visto pela maioria dos brasileiros, teria sido indispensável incluir, para uma avaliação mais isenta e adequada, os pontos positivos cumpridos em seus dois mandatos.
Os 37% mostram que a luta não terminou. Neste patamar, nenhum eventual candidato presidencial pode ser desprezado. Nem se pode assegurar que seja porta-voz de um projeto político extinto, que o eleitor não reconhece, não valoriza nem pode reavaliar positivamente em futuro próximo, quando tiver condições de olhar para fatos e argumentos com alguma frieza e liberdade de raciocínio.
É por essa razão, que é possível prever novos ataques, até porque a oposição mostra-se tão frágil, tão carente de raízes reais junto ao eleitorado, que todo cuidado é pouco. Seus principais concorrentes conseguem perder intenções de voto mesmo quando são tratados a pão de ló – o que também se vê no Data Folha.
Não me parece absurdo constatar uma diferença importante. Lula tem caído com ajuda da mídia, da Lava Jato – e também da crise econômica – mas os líderes da oposição são derrubados por méritos próprios.
Pode-se prever não só novas cargas diretas contra Lula e seu círculo mais próximo, mas também contra empresários que, de uma forma ou de outra, integraram o tripé socioeconômico que deu sustentação as mudanças ocorridas a partir de 2003, alimentado pela “perspectiva de ganhos mútuos com a ampliação de um mercado de massas – vantajosa para as empresas, para a sustentação eleitoral dos governos Lula-Dilma e para os assalariados em geral, em especial para a parcela superexplorada dos brasileiros,” como argumento na página 19 do livro A Outra História da Lava Jato.
Essa situação contém uma advertência para o governo e seus aliados, também. Os 37% de Lula se explicam por uma identidade política construída a partir de 2003, que a população reconhece e aprova, ainda que, em 2016, esteja enfrentando uma das mais graves recessões de nossa história econômica. Mais do que nunca, cabe ao governo preservar e fortalecer essa identidade, mostrando lealdade as conquistas e direitos obtidos no período.
O último Datafolha explica por que, a depender do juiz Sergio Moro, da força-tarefa do Ministério Público e da mídia grande, a Operação Lava Jato não irá terminar tão cedo.
Embora já tenha produzido um massacre jurídico-midiático como nunca houve na política brasileira, realizando prisões cinematográficas em ritmo semanal por dois anos consecutivos, seguidas de vazamentos espetaculares destinadas a manter o país com a respiração em suspenso, do ponto de vista do seu alvo político a Lava Jato é um fracasso relativo.
Deixando de lado eufemismos morais e proclamações de tom messiânico, a operação ainda não deu conta de sua missão principal: eliminar o Partido dos Trabalhadores da cena política e, para isso, destruir a personalidade pública de Luiz Inácio Lula da Silva.
Programada para “deslegitimar a classe política”, como Sergio Moro deixa claro no artigo sobre As Mãos Limpas Italiana, a Lava Jato se encontra na metade do caminho, ainda que tenha realizado um desastre político enorme, em grande medida injusto, sem fundamentos jurídicos apropriados pelo Estado Democrático de Direito.
Desse ponto de vista, e imaginando que o país poderá cumprir o calendário eleitoral sem atropelos golpistas, nem Lula nem o PT deveriam ter direito de chegar a 2018 como uma força política-eleitoral expressiva. Mesmo que não seja capaz de vencer a eleição presidencial, este condomínio construído em volta de Lula também poderia reunir r condições de polarizar a resistência a um novo governo, voltado para revogar as conquistas da última década e meia.
Problema: para 37% dos brasileiros, informa Data Folha, Lula continua sendo o melhor presidente que o país já teve, um patamar sem comparação que se encontra a anos-luz de outros antecessores.
É um número ainda mais notável quando se recorda que Lula obteve essa aprovação dias depois da prisão do publicitário João Santana, da retomada de investigações sobre o tríplex, o sítio em Atibaia e outras notícias negativas. É bom sublinhar também que, do ponto de vista técnico, este desempenho – altamente competitivo por qualquer critério político – foi obtido numa pesquisa onde a avaliação era rebaixada artificialmente por um questionário no qual as perguntas se limitavam a apontar pontos negativos.
Como sabe qualquer calouro de sociologia, se o objetivo era apurar como Lula é visto pela maioria dos brasileiros, teria sido indispensável incluir, para uma avaliação mais isenta e adequada, os pontos positivos cumpridos em seus dois mandatos.
Os 37% mostram que a luta não terminou. Neste patamar, nenhum eventual candidato presidencial pode ser desprezado. Nem se pode assegurar que seja porta-voz de um projeto político extinto, que o eleitor não reconhece, não valoriza nem pode reavaliar positivamente em futuro próximo, quando tiver condições de olhar para fatos e argumentos com alguma frieza e liberdade de raciocínio.
É por essa razão, que é possível prever novos ataques, até porque a oposição mostra-se tão frágil, tão carente de raízes reais junto ao eleitorado, que todo cuidado é pouco. Seus principais concorrentes conseguem perder intenções de voto mesmo quando são tratados a pão de ló – o que também se vê no Data Folha.
Não me parece absurdo constatar uma diferença importante. Lula tem caído com ajuda da mídia, da Lava Jato – e também da crise econômica – mas os líderes da oposição são derrubados por méritos próprios.
Pode-se prever não só novas cargas diretas contra Lula e seu círculo mais próximo, mas também contra empresários que, de uma forma ou de outra, integraram o tripé socioeconômico que deu sustentação as mudanças ocorridas a partir de 2003, alimentado pela “perspectiva de ganhos mútuos com a ampliação de um mercado de massas – vantajosa para as empresas, para a sustentação eleitoral dos governos Lula-Dilma e para os assalariados em geral, em especial para a parcela superexplorada dos brasileiros,” como argumento na página 19 do livro A Outra História da Lava Jato.
Essa situação contém uma advertência para o governo e seus aliados, também. Os 37% de Lula se explicam por uma identidade política construída a partir de 2003, que a população reconhece e aprova, ainda que, em 2016, esteja enfrentando uma das mais graves recessões de nossa história econômica. Mais do que nunca, cabe ao governo preservar e fortalecer essa identidade, mostrando lealdade as conquistas e direitos obtidos no período.
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