Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Sérgio Moro, o juiz das camisas negras, age com a precisão de um marqueteiro da oposição.
Nas duas últimas semanas, o quadro foi extremamente desfavorável às forças que lutam para inviabilizar Dilma e para enxotar Lula e o PT da vida pública. A derrota de Cunha na votação para liderança do PMDB (com atuação política do Palácio do Planalto, em favor do vitorioso Picciani), a inclusão do processo contra Eduardo Cunha na pauta do STF para julgamento nas próximas semanas e, por fim, o vergonhoso caso Miriam Dutra/FHC/fantasma do Serra : foram três episódios a demonstrar que a oposição tucana não tem forças para derrubar o lulismo.
O impeachment, na Câmara, está morto. E o PSDB sofre um processo acelerado de desgaste, ao ganhar a pecha de oposição fraca e hipócrita.
Na última sexta, alguns mais empolgados no lado governista comemoravam a “virada”. Os mais experientes, no entanto, diziam: quantos dias serão necessários para Moro lançar uma bóia que sirva para salvar FHC e dar novo alento ao golpe?
Moro agiu rápido.
A “Operação Acarajé”, deflagrada nesta segunda (22/fevereiro), mira em João Santana. O juiz das camisas negras pede a prisão do ex-marqueteiro petista.
Não farei a defesa de Santana. Não sei que tipos de acertos ele fez com grandes empresários e com a cúpula petista. Sei que ele é uma figura um tanto arrogante e que, em 2010, fingiu ter sido a campanha de TV conduzida por ele a única responsável pela vitória (quando, na reta final do primeiro turno, a campanha nefasta de Serra mostrou que era nas redes sociais e nos boatos nas igrejas que a eleição poderia ser decidida; Santana jamais entendeu a internet).
Minha análise aqui é política.
Alguns fatos chamam atenção…
1- Claro que a PF, o MPF e o juiz sabiam que Santana estava fora do país. Qual sentido de decretar a prisão do sujeito no exterior, se seria mais fácil tê-lo feito quando o marqueteiro estivesse em território brasileiro?
A resposta é: o timing político e midiático.
Durante dias, se não semanas, o debate será: Santana tinha contas no exterior? Elas serviam para que o PT pagasse por fora?
Santana terá que provar que é inocente, porque no Brasil de Moro a inversão do ônus da prova se consolidou. Cabe ao réu, já condenado previamente pela mídia, provar que não é culpado. Enquanto isso, mofa na cadeia.
Haverá também outro debate: a Interpol pode prendê-lo? A Globo e a Folha mandarão enviados especiais para a América Central, para acompanhar cada respiro de Santana.
Ou seja, Moro oferece à oposição um novo enredo, para sufocar a pauta FHC e para jogar o governo de novo nas cordas (enquanto isso, os tucanos e a Globo mandarão emissários (ou petardos) para Mirian Dutra encerrar as denúncias).
2- Moro também oferece a Gilmar Mendes o combustível para tentar cassar a chapa Dilma/Temer no TSE.
A justificativa: o marqueteiro da campanha recebia “por fora”, de empresas investigadas na Lava-Jato. É um alinhamento completo do juiz das camisas negras com a oposição.
Na teoria jurídica, Moro não pode investigar Dilma. Mas ele o faz por vias tortas. Oficialmente, investiga o marqueteiro. Prende Santana. E exige dados, informações, qualquer coisa que permita a Gilmar desfechar um golpe judicial no TSE.
Lembremos que Moro não fez o mesmo com a mulher de Cunha, por exemplo. Não prendeu nem investigou Cláudia Cruz. Poderia ter feito, para municiar o STF com informações. Mas aí fugiria do script oposicionista da Lava-Jato.
Há só um detalhe: ao contrário do impeachment na Câmara, o golpe via TSE coloca PMDB e boa parte da base governista unidos contra a tentativa de cassar Dilma/Temer.
Se Dilma caísse pelas mãos de Cunha, Temer seria o capitão do golpe em parceria com o PSDB de São Paulo. Agora, não. A resistência contra Aécio/Gilmar/Moro/Globo pode unir PT/PMDB e parcelas dos outros partidos governistas.
A não ser que surja uma bomba indefensável a comprometer a chapa Dilma/Temer.
3- O mais grave da nova Operação, entretanto, é mostrar que não haverá trégua econômica. A Lava-Jato estrangula o país.
Em suas andanças por Brasília, Aécio Neves diz abertamente a quem queira ouvir: “já avisamos aos empresários que, quando Dilma cair, a PF não vai mais barbarizar nem humilhar ninguém; tudo volta ao normal”.
Essa é a parceria de Moro/Aécio: a chantagem econômica.
Podem escrever, esse será mais um mote para o golpe: é preciso arrancar Dilma do poder, com ou sem provas consistentes, porque enquanto ela não sair de lá a economia seguirá estrangulada pela Justiça.
Por fim, um fato inescapável: Dilma, mais que nunca, precisará de apoio popular para resistir. No entanto, decidiu adotar em 2016 a pauta que desarticula seus apoiadores: Reforma da Previdência (com a faca no pescoço) e até alterações no Salário Mínimo são pontos que interessam àqueles que pretendem derrubá-la.
O governo, no momento em que se sentiu um pouquinho mais forte, já começava a dar as costas de novo para o que restou de sua base popular.
Dilma e o PT, se quiserem resistir, não podem se dar ao luxo de caminhar por essa trilha.
Moro é o marqueteiro da oposição e o pauteiro da mídia. Pretende, ainda, ser o coveiro da centro-esquerda no Brasil.
Estamos em meio a uma guerra total. Não está escrito que a direita midiática e judicial vai ganhar. Mas uma coisa é certa: quando adota o programa econômico dos inimigos, Dilma só facilita o trabalho do juiz das camisas negras.
Sérgio Moro, o juiz das camisas negras, age com a precisão de um marqueteiro da oposição.
Nas duas últimas semanas, o quadro foi extremamente desfavorável às forças que lutam para inviabilizar Dilma e para enxotar Lula e o PT da vida pública. A derrota de Cunha na votação para liderança do PMDB (com atuação política do Palácio do Planalto, em favor do vitorioso Picciani), a inclusão do processo contra Eduardo Cunha na pauta do STF para julgamento nas próximas semanas e, por fim, o vergonhoso caso Miriam Dutra/FHC/fantasma do Serra : foram três episódios a demonstrar que a oposição tucana não tem forças para derrubar o lulismo.
O impeachment, na Câmara, está morto. E o PSDB sofre um processo acelerado de desgaste, ao ganhar a pecha de oposição fraca e hipócrita.
Na última sexta, alguns mais empolgados no lado governista comemoravam a “virada”. Os mais experientes, no entanto, diziam: quantos dias serão necessários para Moro lançar uma bóia que sirva para salvar FHC e dar novo alento ao golpe?
Moro agiu rápido.
A “Operação Acarajé”, deflagrada nesta segunda (22/fevereiro), mira em João Santana. O juiz das camisas negras pede a prisão do ex-marqueteiro petista.
Não farei a defesa de Santana. Não sei que tipos de acertos ele fez com grandes empresários e com a cúpula petista. Sei que ele é uma figura um tanto arrogante e que, em 2010, fingiu ter sido a campanha de TV conduzida por ele a única responsável pela vitória (quando, na reta final do primeiro turno, a campanha nefasta de Serra mostrou que era nas redes sociais e nos boatos nas igrejas que a eleição poderia ser decidida; Santana jamais entendeu a internet).
Minha análise aqui é política.
Alguns fatos chamam atenção…
1- Claro que a PF, o MPF e o juiz sabiam que Santana estava fora do país. Qual sentido de decretar a prisão do sujeito no exterior, se seria mais fácil tê-lo feito quando o marqueteiro estivesse em território brasileiro?
A resposta é: o timing político e midiático.
Durante dias, se não semanas, o debate será: Santana tinha contas no exterior? Elas serviam para que o PT pagasse por fora?
Santana terá que provar que é inocente, porque no Brasil de Moro a inversão do ônus da prova se consolidou. Cabe ao réu, já condenado previamente pela mídia, provar que não é culpado. Enquanto isso, mofa na cadeia.
Haverá também outro debate: a Interpol pode prendê-lo? A Globo e a Folha mandarão enviados especiais para a América Central, para acompanhar cada respiro de Santana.
Ou seja, Moro oferece à oposição um novo enredo, para sufocar a pauta FHC e para jogar o governo de novo nas cordas (enquanto isso, os tucanos e a Globo mandarão emissários (ou petardos) para Mirian Dutra encerrar as denúncias).
2- Moro também oferece a Gilmar Mendes o combustível para tentar cassar a chapa Dilma/Temer no TSE.
A justificativa: o marqueteiro da campanha recebia “por fora”, de empresas investigadas na Lava-Jato. É um alinhamento completo do juiz das camisas negras com a oposição.
Na teoria jurídica, Moro não pode investigar Dilma. Mas ele o faz por vias tortas. Oficialmente, investiga o marqueteiro. Prende Santana. E exige dados, informações, qualquer coisa que permita a Gilmar desfechar um golpe judicial no TSE.
Lembremos que Moro não fez o mesmo com a mulher de Cunha, por exemplo. Não prendeu nem investigou Cláudia Cruz. Poderia ter feito, para municiar o STF com informações. Mas aí fugiria do script oposicionista da Lava-Jato.
Há só um detalhe: ao contrário do impeachment na Câmara, o golpe via TSE coloca PMDB e boa parte da base governista unidos contra a tentativa de cassar Dilma/Temer.
Se Dilma caísse pelas mãos de Cunha, Temer seria o capitão do golpe em parceria com o PSDB de São Paulo. Agora, não. A resistência contra Aécio/Gilmar/Moro/Globo pode unir PT/PMDB e parcelas dos outros partidos governistas.
A não ser que surja uma bomba indefensável a comprometer a chapa Dilma/Temer.
3- O mais grave da nova Operação, entretanto, é mostrar que não haverá trégua econômica. A Lava-Jato estrangula o país.
Em suas andanças por Brasília, Aécio Neves diz abertamente a quem queira ouvir: “já avisamos aos empresários que, quando Dilma cair, a PF não vai mais barbarizar nem humilhar ninguém; tudo volta ao normal”.
Essa é a parceria de Moro/Aécio: a chantagem econômica.
Podem escrever, esse será mais um mote para o golpe: é preciso arrancar Dilma do poder, com ou sem provas consistentes, porque enquanto ela não sair de lá a economia seguirá estrangulada pela Justiça.
Por fim, um fato inescapável: Dilma, mais que nunca, precisará de apoio popular para resistir. No entanto, decidiu adotar em 2016 a pauta que desarticula seus apoiadores: Reforma da Previdência (com a faca no pescoço) e até alterações no Salário Mínimo são pontos que interessam àqueles que pretendem derrubá-la.
O governo, no momento em que se sentiu um pouquinho mais forte, já começava a dar as costas de novo para o que restou de sua base popular.
Dilma e o PT, se quiserem resistir, não podem se dar ao luxo de caminhar por essa trilha.
Moro é o marqueteiro da oposição e o pauteiro da mídia. Pretende, ainda, ser o coveiro da centro-esquerda no Brasil.
Estamos em meio a uma guerra total. Não está escrito que a direita midiática e judicial vai ganhar. Mas uma coisa é certa: quando adota o programa econômico dos inimigos, Dilma só facilita o trabalho do juiz das camisas negras.
Moro e o MPF comprovam a força de Lula
ResponderExcluirAlguns comentaristas torceram narizes diante de minha avaliação sobre a vantagem de Lula na campanha de 2018. Talvez, com certa razão, achem cedo para tecer prognósticos, especialmente os favoráveis ao PT.
Mas será tão difícil reconhecer que a perseguição a Lula reflete o poder propagandístico do seu legado administrativo? Até a direita parece admiti-lo. Se Lula será candidato ou, caso afirmativo, se conseguirá vencer, permanecem questões esotéricas, para as quais cada facção adapta suas respostas preferidas.
As lucubrações em torno da tentativa de destruir o“mito lulista” não me parecem equivocadas, mas resultam simbólicas demais num combate aberto. E, no final das contas, apenas corroboram aquele raciocínio, sem traduzi-lo nas poucas e boas palavras que a situação pede.
Sérgio Moro, orgulhosamente pragmático, não se dedicaria a desconstruções imaginárias sem uma finalidade muito precisa. Conforme aponto desde o início da Lava Jato, seu alvo principal sempre foi Lula, e não Dilma Rousseff, porque é nele que reside o projeto de continuidade do PT no poder.
Isso não tem nada a ver com mitologias, sonhos, esperanças ou mesmo programas de governo. O objetivo do Ministério Público é destruir o petista com maiores chances de vencer as eleições presidenciais de 2018. Se Lula não as tivesse, jamais estaria sendo atacado por motivos tão frágeis e risíveis.
Quanto mais desesperada e apelativa for a sanha punitiva contra Lula, mais evidente fica o temor que ele inspira no antipetismo judiciário. A militância progressista deveria usar isso como estímulo, em vez de ignorar a natureza eleitoral dos ataques. Seus adversários não cometem o mesmo equívoco.
http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/
Miro,
ResponderExcluirVocê precisa entrevistar a MARIA LUCIA FATTORELLI da Auditoria Cidadã da Dívida Pública.
Este pessoal que debateu ontem, não entende nada da Dívida.
Eles acham que o Banco Central é honesto e que a Dívida é real.
Esta Dívida é a ESPINHA DORSAL DA CORRUPÇÃO INSTITUCIONALIZADA e vale quase R$ 1.000.000.000.000,00 (1 TRILHÃO) por ano. Só !!!
Como disse o saudoso Millor Fernades:
"Todo ECONOMISTA deveria ser FUZILADO" !!!
Também e possível que se o pt deixar o golpismo livre e solto a sensação de incertezas para a vida do eleitor faça este procurar botar ordem na casa por conta própria votando em quem lhe ofereça um dia tranquilo no shopping com a família mandando a consciência politica pros infernos.
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