Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:
A dinâmica favorável de uma economia que crescia gerando empregos, diminuindo a informalidade e aumentando os salários foi severamente revertida em 2015. O travamento da atividade econômica colocou o país em recessão, capitaneado pela forte elevação dos juros básicos e favorecido por um ajuste fiscal que agravou as restrições ao crescimento, ampliando a queda dos investimentos produtivos e em infraestrutura, ambos extremamente debilitados pelos efeitos da operação Lava Jato.
As consequências são percebidas pelos trabalhadores no emprego. Diminui a demanda por contratações e desaparecem os anúncios de “precisa-se”. Férias e compensação de banco de horas antecedem demissões que crescem ao longo do ano. Inicialmente puxado pela indústria e construção civil, o desemprego chegou ao setor de serviços e ao comércio.
Os jovens de hoje não viveram o drama do desemprego estrutural, pois entraram na vida profissional em uma economia que expandia as ofertas de emprego. Os jovens nos anos 1990 experimentaram o obstáculo que a falta de experiência representa à entrada no mercado de trabalho, restando o caminho da ocupação precária, a incerteza sobre o futuro e a desilusão com o presente.
Os jovens de hoje viverão pela primeira vez uma onda de desemprego, sofrendo com a incerteza, o corte dos salários, as disputas por vagas ruins e os salários baixos. A situação se agravará por causa da duração da recessão.
Está em curso uma mudança estrutural de queda na proporção de jovens (16 e 24 anos) no total da população. Em São Paulo, eles representavam, em 2010, cerca de 18% da população e passaram para 17% em 2015. Na mesma faixa etária, o contingente que estava no mercado de trabalho vinha caindo, de 76%, em 2010, para 71%, em 2015, na mesma região. Isso ocorre porque cresce, de forma contínua, a parcela de jovens que somente estuda (14% para 18%).
Esse é um bom resultado social do crescimento econômico, pois as famílias e os jovens passaram a poder optar pelo investimento no estudo, retardando a entrada no mercado de trabalho.
Mesmo assim, o desemprego entre os jovens, segundo a PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego (SEADE-DIEESE), é sempre mais alto do que para as demais faixas etárias e, no último ano, cresceu. Em São Paulo, a taxa de desemprego dos jovens, em 2014, foi de 23%. Em 2015, subiu para 28% (em Salvador, está na casa dos 38%!).
Uma hipótese para esse aumento era o crescimento da procura de emprego pelos jovens, que procurariam ajudar a recompor a renda familiar. Os dados, porém, não confirmam essa hipótese, pois a taxa de participação inclusive caiu. O que está de fato ocorrendo é que o “facão” do desemprego está atingindo os jovens, muitos sem o direito de acesso ao seguro-desemprego.
É fundamental que o movimento sindical pressione os governos a desenvolver políticas voltadas para gerar alternativas de manutenção dos jovens na escola e de geração de renda por meio de ocupações especialmente vinculadas às atividades educacionais e formativas, que combinem, por exemplo, trabalhos comunitários nos quais possam aplicar e desenvolver os conhecimentos adquiridos.
Gerar oportunidade para que os jovens se mobilizem para preservar os investimentos em formação, opção que interessa a toda sociedade e ao país, é uma tarefa sindical de organização de base e faz parte da formação política que poderá ser usada pelos jovens por toda a vida. É também uma ótima oportunidade de aproximá-los da vida sindical e de renová-la.
A dinâmica favorável de uma economia que crescia gerando empregos, diminuindo a informalidade e aumentando os salários foi severamente revertida em 2015. O travamento da atividade econômica colocou o país em recessão, capitaneado pela forte elevação dos juros básicos e favorecido por um ajuste fiscal que agravou as restrições ao crescimento, ampliando a queda dos investimentos produtivos e em infraestrutura, ambos extremamente debilitados pelos efeitos da operação Lava Jato.
As consequências são percebidas pelos trabalhadores no emprego. Diminui a demanda por contratações e desaparecem os anúncios de “precisa-se”. Férias e compensação de banco de horas antecedem demissões que crescem ao longo do ano. Inicialmente puxado pela indústria e construção civil, o desemprego chegou ao setor de serviços e ao comércio.
Os jovens de hoje não viveram o drama do desemprego estrutural, pois entraram na vida profissional em uma economia que expandia as ofertas de emprego. Os jovens nos anos 1990 experimentaram o obstáculo que a falta de experiência representa à entrada no mercado de trabalho, restando o caminho da ocupação precária, a incerteza sobre o futuro e a desilusão com o presente.
Os jovens de hoje viverão pela primeira vez uma onda de desemprego, sofrendo com a incerteza, o corte dos salários, as disputas por vagas ruins e os salários baixos. A situação se agravará por causa da duração da recessão.
Está em curso uma mudança estrutural de queda na proporção de jovens (16 e 24 anos) no total da população. Em São Paulo, eles representavam, em 2010, cerca de 18% da população e passaram para 17% em 2015. Na mesma faixa etária, o contingente que estava no mercado de trabalho vinha caindo, de 76%, em 2010, para 71%, em 2015, na mesma região. Isso ocorre porque cresce, de forma contínua, a parcela de jovens que somente estuda (14% para 18%).
Esse é um bom resultado social do crescimento econômico, pois as famílias e os jovens passaram a poder optar pelo investimento no estudo, retardando a entrada no mercado de trabalho.
Mesmo assim, o desemprego entre os jovens, segundo a PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego (SEADE-DIEESE), é sempre mais alto do que para as demais faixas etárias e, no último ano, cresceu. Em São Paulo, a taxa de desemprego dos jovens, em 2014, foi de 23%. Em 2015, subiu para 28% (em Salvador, está na casa dos 38%!).
Uma hipótese para esse aumento era o crescimento da procura de emprego pelos jovens, que procurariam ajudar a recompor a renda familiar. Os dados, porém, não confirmam essa hipótese, pois a taxa de participação inclusive caiu. O que está de fato ocorrendo é que o “facão” do desemprego está atingindo os jovens, muitos sem o direito de acesso ao seguro-desemprego.
É fundamental que o movimento sindical pressione os governos a desenvolver políticas voltadas para gerar alternativas de manutenção dos jovens na escola e de geração de renda por meio de ocupações especialmente vinculadas às atividades educacionais e formativas, que combinem, por exemplo, trabalhos comunitários nos quais possam aplicar e desenvolver os conhecimentos adquiridos.
Gerar oportunidade para que os jovens se mobilizem para preservar os investimentos em formação, opção que interessa a toda sociedade e ao país, é uma tarefa sindical de organização de base e faz parte da formação política que poderá ser usada pelos jovens por toda a vida. É também uma ótima oportunidade de aproximá-los da vida sindical e de renová-la.
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