segunda-feira, 4 de abril de 2016

A capitã do mato da revista IstoÉ

Por Nathali Macedo, no blog Diário do Centro do Mundo:

Estão fazendo gaslighting com Dilma. E a quem isso surpreende?

Um parêntese: gaslighting é uma forma de abuso psicológico que consiste em distorcer informações para fazer com que a vítima duvide de sua própria sanidade. Em outras palavras, é o ato de associar as atitudes femininas à loucura ou descontrole emocional como forma de mascarar o abuso.

A essa altura, ler uma matéria em que chamam a Presidenta de louca beira o clichê: é exatamente o que se espera de uma mídia desesperada. Que meta os pés pelas mãos e seja incapaz de disfarçar o sexismo embutido no discurso pró-golpe.

Afinal, temos uma direita que manda a Presidenta da República tomar no c* em um estádio de futebol lotado, em que xingamentos como “vagabunda” e “sapa gorda” são proferidos sem cerimônia e a mídia discute as roupas, o estilo pessoal e a sexualidade de Dilma como se isso de fato importasse.

O que assusta – embora não exatamente surpreenda – é que uma mulher protagonize e fortaleça esse discurso.

Estou falando de Débora Bergamasco, que, recentemente, sentiu na pele os efeitos do machismo quando internautas associaram o furo de reportagem de sua matéria sobre a delação de Delcídio Amaral à sua vida pessoal e, agora, compara Dilma a “Maria I, a Louca”, ao dizer que a Presidenta tem agido de maneira “ensandecida” diante da eminência de perder o poder, tal qual a dita primeira rainha do Brasil.

Fortalecer um discurso opressor e sexista não é privilégio de Débora: como ela, muitas mulheres oprimem suas semelhantes, muito embora reconheçam – e incomodem-se – com a opressão sofrida por elas próprias.

Eu diria, não sem algum pesar, que este não é apenas um paradoxo ideológico: é o mais odioso mau-caratismo intelectual.

Débora Bergamasco tem a exata noção do que configura um abuso – tanto que não se quedou quando doeu o seu próprio calo – mas se coloca na posição de abusadora na primeira oportunidade.

Esta não é, infelizmente, apenas uma mulher consciente da opressão de gênero, mas confusa e turvada pela alienação patriarcal: ela sabe o que está fazendo. Ela é uma amostra das tantas mulheres que utilizam um discurso de igualdade apenas ao próprio favor, e esquecem-se de que a luta por igualdade de gênero exige, antes de tudo, empatia.

É apenas mais uma que pensa lutar contra o abuso – pelo simples fato de conhecê-lo – mas trata – ardilosa e conscientemente – de promovê-lo quando lhe parece conveniente.

Débora B é apenas mais uma capitã-do-mato que violenta os próprios semelhantes a mando de seu Senhor.

4 comentários:

  1. Esse povo (oposição) quando enche a boca e diz que a "sociedade" não aguenta mais a Dilma deve ser a sociedade entre eles.São cegos para não ver o que acontece nas ruas? Essa bandida porcalhista sabe de nada! Mas que é desespero é! Dilma fica!

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  2. Realmente a reporcagem da LixoÉ é lamentável. Como professora de História, durante quarenta anos ensinei para meus alunos que na fuga da família real portuguesa, quando da invasão das tropas napoleônicas, a pessoa mais sensata era a rainha. Dona Maria I, a Louca, dizia, segundo alguns historiadores, :"Não corram! Vão pensar que estamos fugindo!
    A capitão-do-mato (muito boa a definição) decerto não consegue ver que nossa presidenta -dela também- não demonstra nenhuma disposição para a fuga. Pelo contrário, apoiada pelas ruas e por todos os grandes nomes em todas as artes desse país, diz alto e bom som" NÃO VAI TER GOLPE!

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  3. Deprimente. E o nível vai baixar mais ainda. Vejam o discurso da Paschoal. Quem é louca? Ela ou a Dilma? Aquilo mais parecia uma sessão do descarrego. E ainda falou em Deus. Os coxinhas estão enlouquecendo. Freud neles!

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  4. É realmente muito preocupante. Tenho deixado de comentar certas coisas com conhecidos para não ouvir esse tipo de comentários injuriosos contra a pessoa da Dilma. Dia desses tive que "descer do salto" e indignada defendi a minha conterrânea numa roda de homens e mulheres onde o comentário maldoso partiu de uma mulher. Inadmissível.

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