Por José Carlos Ruy, no site Vermelho:
O repórter Murilo Ramos escreveu no site da revista Época, neste domingo (24), que o PSDB parece não querer associar-se às medidas impopulares que um eventual governo Temer venha a tomar.
Temer, desde que o impeachment tomou impulso na Câmara dos Deputados, sob o comando de um réu no STF, o deputado Eduardo Cunha, tenta montar seu ministério golpista. Fala em “governo de conciliação nacional", que queria formado por "notáveis" da área financeira, claro. E aceitáveis para ela. Mas seu êxito tem sido escasso, como é revelado primeiro pelas divisões no campo golpista, em torno da divisão do botim.
Muitos entre os tais “notáveis” (banqueiros, juristas, economistas, empresários etc.), sondados por Temer, não aceitaram a incumbência. Mesmo políticos - desde os conservadores mais tradicionais até a nova direita (do DEM ao PPS, SD e mesmo o PSB) – entraram em luta aberta e não se entendem em torno da partilha ansiada por eles. O próprio PSDB chegou a vacilar em participar de um eventual – e, se houver, contestado pelo país e, tudo indica, breve – governo Temer.
O movimento social, os brasileiros, as forças que se mobilizam hoje contra o golpe, não darão trégua nem sossego a um eventual governo golpista. Mesmo porque a tarefa principal desse governo ilegítimo será implantar as tais medidas “impopulares” e reverter os ganhos alcançados desde a posse de Luís Inácio Lula da Silva, em 2003.
Falam, abertamente, em aumentar o tempo para que o trabalhador possa se aposentar, flexibilizar as leis trabalhistas, acabar com a política de valorização do salário mínimo e reduzir drasticamente os gastos públicos. Cortarão em programas sociais como o "Bolsa Família" (que um economista ligado aos golpistas já declarou ser muito “generoso”!) e o "Minha Casa Minha Vida". Querem também eliminar a obrigatoriedade dos gastos fixos (pela Constituição) mas áreas da saúde e da educação, e por aí segue o remédio amargo que os conservadores, sempre que controlam o governo federal, enfiam goela abaixo do povo e dos trabalhadores.
Temer “é o que temos”, disse Fernando Henrique Cardoso em entrevista publicada hoje (26) na golpista Folha de S. Paulo.
Dificilmente seu eventual governo será de “conciliação nacional”, nem trará estabilidade ao país.
Isto ajuda a entender a posição do ex-presidente neoliberal nessa entrevista. Sendo um dos capitães do time golpista, ele reconhece que a presidenta Dilma Rousseff "não é criminosa. O processo é político. Com base jurídica, mas é político”. Como se, no Brasil, vigorasse um regime parlamentarista e não presidencialista! Mas ele vai adiante nesse mesmo tom mistificador: “Quando você perde a capacidade de agregar e de dar direção ao país, fica numa posição frágil", disse.
Ao reconhecer que Dilma está sendo atacada em um processo “político”, FHC deixa em segundo plano os aspetos jurídicos essenciais e exigidos pela lei para caracterizar crime de responsabilidade.
Mais importante, contudo, é a defesa que ele faz da participação de seu partido, o PSDB, num eventual governo golpista. Disse que o partido tem obrigação de aderir ao eventual governo de Michel Temer porque ajudou a derrubar Dilma. Mesmo que fique a reboque do PMDB, disse -e este talvez seja o ponto que explique a entrevista.
O cardeal emplumado manifesta insegurança quanto à estabilidade – e mesmo continuidade – de um governo sem legitimidade e repudiado pela nação. Tergiversa em torno dessa questão fundamental. Disse ainda, de forma manipuladora, que Temer "tem a legitimidade democrática, porque teve tantos votos quanto a Dilma, embora muitas pessoas não saibam" – como se os votos dados à cabeça de chapa, Dilma Rousseff, indicassem automática aprovação eleitoral ao vice!
O sucesso do governo golpista, disse, “depende, em grande medida, da capacidade que tem em aglutinar” – isto é, depende do “charme” e do carisma de Temer – coisas que estão em falta, como o vice traiçoeiro demonstra na articulação do golpe contra Dilma e contra os mais de 54 milhões de brasileiros que votaram nela.
Fernando Henrique Cardoso revela um segredo de Polichinelo – os golpistas não terão vida fácil no governo. E dá uma de espertalhão, de vivaldino: no governo caberá a Temer fazer o trabalho sujo de impor as tais “medidas impopulares”, de tentar fazer o país tomar o remédio amargo do retrocesso.
E o PSDB fica resguardado, à sombra do PMDB para, em seguida, poder se apresentar como uma opção não tão radical, não tão “liberal”. Falando do programa do PMDB (Ponte Para o Futuro), o espertalhão adotou um tom hipocritamente crítico e disse que ele “é mais liberal”, e “depende de que venha outro da área social”.
Isto é, o programa de Temer seria mais “liberal” e, assim, mais à direita em relação ao PSDB!
Um governo golpista será dirigido por um consórcio de acusados perante o STF. E também de espertalhões. De bons de bico, como se dizia antigamente. Tudo indica o desejo de FHC de usar Temer e o PMDB para fazer o trabalho sujo e permitir que o PSDB retorne, na eleição de 2018, como um partido de preocupações “sociais”, por mais ambíguas e frágeis que sejam.
É a ilusão de um falastrão golpista! Que não reconhece nem percebe que a compreensão dos brasileiros avançou, e avança ainda mais neste momento de ameaça à democracia.
O repórter Murilo Ramos escreveu no site da revista Época, neste domingo (24), que o PSDB parece não querer associar-se às medidas impopulares que um eventual governo Temer venha a tomar.
Temer, desde que o impeachment tomou impulso na Câmara dos Deputados, sob o comando de um réu no STF, o deputado Eduardo Cunha, tenta montar seu ministério golpista. Fala em “governo de conciliação nacional", que queria formado por "notáveis" da área financeira, claro. E aceitáveis para ela. Mas seu êxito tem sido escasso, como é revelado primeiro pelas divisões no campo golpista, em torno da divisão do botim.
Muitos entre os tais “notáveis” (banqueiros, juristas, economistas, empresários etc.), sondados por Temer, não aceitaram a incumbência. Mesmo políticos - desde os conservadores mais tradicionais até a nova direita (do DEM ao PPS, SD e mesmo o PSB) – entraram em luta aberta e não se entendem em torno da partilha ansiada por eles. O próprio PSDB chegou a vacilar em participar de um eventual – e, se houver, contestado pelo país e, tudo indica, breve – governo Temer.
O movimento social, os brasileiros, as forças que se mobilizam hoje contra o golpe, não darão trégua nem sossego a um eventual governo golpista. Mesmo porque a tarefa principal desse governo ilegítimo será implantar as tais medidas “impopulares” e reverter os ganhos alcançados desde a posse de Luís Inácio Lula da Silva, em 2003.
Falam, abertamente, em aumentar o tempo para que o trabalhador possa se aposentar, flexibilizar as leis trabalhistas, acabar com a política de valorização do salário mínimo e reduzir drasticamente os gastos públicos. Cortarão em programas sociais como o "Bolsa Família" (que um economista ligado aos golpistas já declarou ser muito “generoso”!) e o "Minha Casa Minha Vida". Querem também eliminar a obrigatoriedade dos gastos fixos (pela Constituição) mas áreas da saúde e da educação, e por aí segue o remédio amargo que os conservadores, sempre que controlam o governo federal, enfiam goela abaixo do povo e dos trabalhadores.
Temer “é o que temos”, disse Fernando Henrique Cardoso em entrevista publicada hoje (26) na golpista Folha de S. Paulo.
Dificilmente seu eventual governo será de “conciliação nacional”, nem trará estabilidade ao país.
Isto ajuda a entender a posição do ex-presidente neoliberal nessa entrevista. Sendo um dos capitães do time golpista, ele reconhece que a presidenta Dilma Rousseff "não é criminosa. O processo é político. Com base jurídica, mas é político”. Como se, no Brasil, vigorasse um regime parlamentarista e não presidencialista! Mas ele vai adiante nesse mesmo tom mistificador: “Quando você perde a capacidade de agregar e de dar direção ao país, fica numa posição frágil", disse.
Ao reconhecer que Dilma está sendo atacada em um processo “político”, FHC deixa em segundo plano os aspetos jurídicos essenciais e exigidos pela lei para caracterizar crime de responsabilidade.
Mais importante, contudo, é a defesa que ele faz da participação de seu partido, o PSDB, num eventual governo golpista. Disse que o partido tem obrigação de aderir ao eventual governo de Michel Temer porque ajudou a derrubar Dilma. Mesmo que fique a reboque do PMDB, disse -e este talvez seja o ponto que explique a entrevista.
O cardeal emplumado manifesta insegurança quanto à estabilidade – e mesmo continuidade – de um governo sem legitimidade e repudiado pela nação. Tergiversa em torno dessa questão fundamental. Disse ainda, de forma manipuladora, que Temer "tem a legitimidade democrática, porque teve tantos votos quanto a Dilma, embora muitas pessoas não saibam" – como se os votos dados à cabeça de chapa, Dilma Rousseff, indicassem automática aprovação eleitoral ao vice!
O sucesso do governo golpista, disse, “depende, em grande medida, da capacidade que tem em aglutinar” – isto é, depende do “charme” e do carisma de Temer – coisas que estão em falta, como o vice traiçoeiro demonstra na articulação do golpe contra Dilma e contra os mais de 54 milhões de brasileiros que votaram nela.
Fernando Henrique Cardoso revela um segredo de Polichinelo – os golpistas não terão vida fácil no governo. E dá uma de espertalhão, de vivaldino: no governo caberá a Temer fazer o trabalho sujo de impor as tais “medidas impopulares”, de tentar fazer o país tomar o remédio amargo do retrocesso.
E o PSDB fica resguardado, à sombra do PMDB para, em seguida, poder se apresentar como uma opção não tão radical, não tão “liberal”. Falando do programa do PMDB (Ponte Para o Futuro), o espertalhão adotou um tom hipocritamente crítico e disse que ele “é mais liberal”, e “depende de que venha outro da área social”.
Isto é, o programa de Temer seria mais “liberal” e, assim, mais à direita em relação ao PSDB!
Um governo golpista será dirigido por um consórcio de acusados perante o STF. E também de espertalhões. De bons de bico, como se dizia antigamente. Tudo indica o desejo de FHC de usar Temer e o PMDB para fazer o trabalho sujo e permitir que o PSDB retorne, na eleição de 2018, como um partido de preocupações “sociais”, por mais ambíguas e frágeis que sejam.
É a ilusão de um falastrão golpista! Que não reconhece nem percebe que a compreensão dos brasileiros avançou, e avança ainda mais neste momento de ameaça à democracia.
FHC é um cínico golpista . Autêntico representante do neo-libelê . Uma lástima !!
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