Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
Depois do Globo, agora é a vez da Folha tentar falsear a realidade. Estão desesperados. O golpe midiático faz jus a seu próprio nome: tem de manter os zumbis em estado de alienação até o fim.
É muito louco. Nem Philip Dick, o famoso escritor de ficção científica, imaginaria uma trama tão sinistra.
A matéria menciona várias reportagens que denunciam o golpe no Brasil, e dá um título que inverte o sentido dos próprios textos apontados: "Imprensa internacional não chama impeachment de golpe".
Apenas como exemplo, leia os dois últimos parágrafos da matéria: eles dizem exatamente o contrário do título.
O correspondente do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" foi o que chegou mais próximo de classificar o impeachment de "golpe". Em artigo de opinião intitulado "Quase um golpe: o processo contra a presidente é errado", Boris Herrmann afirma que a palavra golpe não é "necessária nem adequada", mas que o processo tem "contornos golpistas". "A tentativa de se livrar de uma presidente eleita" não é "processo democrático".
Outro correspondente no Brasil de veículo alemão, Jens Glüsing da revista "Der Spiegel", diz: "Partidários de Lula alertam para um 'golpe não tradicional' contra a democracia. Não dá para dizer que essa preocupação seja totalmente descabida", declara.
Ou seja, o jornal alemão diz que o impeachment tem "contornos golpistas", "não é um processo democrático", a outra revista publica um artigo (a matéria na Folha esconde isso) com o título "Crise de Estado no Brasil: o golpe frio", e a Folha publica uma matéria dizendo exatamente o contrário, que a imprensa internacional não chama o impeachment de golpe...
Além de ser um desrespeito à inteligência do leitor, é um atestado de que não apenas estamos diante de um golpe, mas de um golpe eminentemente midiático, que tenta desesperadamente enganar a opinião pública brasileira para que seja consumado.
Todo o texto é surreal.
Um case clássico de inversão de sentido.
Repare nesse outro trecho, que fala do Miami Herald:
O "Miami Herald" também critica a possível destituição."...Impeachment é uma punição exagerada para quebra de regras na administração do orçamento", diz o diário. "Persigam os corruptos e deixem os eleitores decidirem o destino de políticos incompetentes."
Dá vontade de rir. Se a matéria diz que o impeachment não pode ser punição para irregularidades menores de gestão de orçamento, e se insiste que o destino de políticos deve ser julgado pelas urnas, então está dado o recado, né?
O recado do Miami Herald é o seguinte: é golpe!
Com o golpe, a ditadura midiática entrou numa fase de negação primária da realidade.
É uma crise epistemológica radical. O leitor vê um cão, acaricia o cão, ouve-o latir, e aí pega os jornais brasileiros e se depara com a manchete: Eis um gato!
O mais ridículo é que, abaixo da manchete, está a foto de um cão!
Aí o leitor, irritado, vai à imprensa estrangeira. As reportagens da imprensa internacional estampam a foto de um cachorro, os textos falam que é um cachorro, e ainda acusam a imprensa brasileira de tentar enganar seus leitores dizendo que se trata de um gato.
O leitor então, sentindo-se vingado, publica em seu blog, em sua página no facebook, manda para os amigos via whatsapp, as matérias da imprensa estrangeira, acrescentando alguns comentários triunfantes: não falei que era um cachorro? Todos os jornais do mundo confirmam o que eu vi com meus próprios olhos! É um cachorro, ponto final!
E o que faz a imprensa brasileira? Escreve uma matéria dizendo que "a imprensa internacional não diz que é um cachorro", e recorta pedaços de texto em que mostra que tal matéria falou que o bicho late, é provavelmente um buldogue, ou um hotweiiler, mas não usa a palavra "cachorro"...
No fundo, tudo isso é uma grande palhaçada. Um joguinho terminológico infantil e perigoso, porque mesmo que a imprensa no mundo inteiro dissesse que não é golpe, mesmo que nos esfregassem na cara enormes editoriais do New York Times, Le Monde, Guardian, Spiegel, Miami Herald, editorais e reportagens que afirmassem que o impeachment é perfeitamente democrático, aconselhável até, que não é golpe, que as centenas de milhares de brasileiros que saíram às ruas denunciando o golpe estão loucos, mesmo assim, a gente precisaria acreditar em nossos próprios olhos: é um golpe, é um golpe, é um golpe. Porque impeachment precisa apontar crime de responsabilidade, e não há crime de responsabilidade. Ponto. É preciso que se prove "dolo" por parte da presidente, que ela tenha tido a intenção de cometer um crime. O que não aconteceu, nem sequer há qualquer coisa parecida no relatório do impeachment. Então é um golpe!
A imprensa nega que uma parte importante da opinião pública brasileira considera o impeachment um golpe. A própria Folha, há algumas semanas, entrevistou vários intelectuais, e 70% disseram que se trata de um golpe. Oito mil escritores, inclusive vários estrangeiros, assinaram manifesto denunciando o golpe. Outros tanto milhares de juristas brasileiros idem.
O prêmio Nobel da Paz acaba de visitar a presidenta Dilma e ir ao Senado e denunciar: "é um golpe".
Chico Buarque, Wanderley Guilherme dos Santos, Wagner Moura, Gregorio Duvivier, Jean Wyllys, todos denunciam o golpe. Nas capitais, nas semanas que antecederam a votação na Câmara dos Deputados, centenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas com cartazes e cantorias contra o golpe.
No próprio dia da votação, Brasília estava ocupada por manifestantes de todo país (muito mais gente, aliás, que os golpistas), todos portando algum tipo de cartaz ou faixa contra o golpe, denunciando o golpe, cantando refrões contra o golpe - nada disso existe ou tem importância para a imprensa brasileira?
No Rio, os movimentos pró-democracia botaram muito mais gente na rua, com mais frequência, mais organização, mais densidade e qualidade, do que os golpistas, e a imprensa brasileira insiste em falsear a realidade!
É um golpe e quiçá um dos golpes mais sórdidos já vistos no mundo, justamente por essa insuportável tentativa de manipular consciências, de deturpar a realidade!
Não à toa, o fotógrafo brasileiro que acabou de ganhar o Pulitzer, Mauricio Lima, protestou contra o golpe no Brasil e denunciou que a liberdade de expressão está sendo violada em nosso país, mostrando um cartaz contra a Globo.
Maurício Lima é um louco? Ele existe? Segundo a Globo e a Folha, Mauricio Lima, ganhador do Pulitzer, não existe, sua opinião não tem importância.
Talvez um desses jornais faça uma matéria amanhã com o título: "Maurício Lima não denunciou o golpe no Brasil". No texto, assinado por um pistoleiro qualquer, virá escrito que Maurício usou a palavra coup, e não golpe...
Existe várias maneiras de se violar a liberdade de expressão: uma delas é censurando; a outra é usando o monopólio da mídia para fazer prevalecer uma mentira; é usar o monopólio para enganar o povo e violar o processo democrático.
Essa é a denúncia de Maurício Lima. Essa é a nossa denúncia, por isso chamamos o golpe de "jurídico-midiático".
A mídia brasileira está fazendo um trabalho sórdido, de enganar a opinião pública nacional, tentando mostrar o impeachment como um processo democrático, o que não é.
O impeachment foi um processo urdido por setores golpistas da imprensa e do Judiciário, mancomunados com Eduardo Cunha, cujo nome dispensa qualificações.
Este impeachment, como foi conduzido, é um golpe.
É muito louco. Nem Philip Dick, o famoso escritor de ficção científica, imaginaria uma trama tão sinistra.
A matéria menciona várias reportagens que denunciam o golpe no Brasil, e dá um título que inverte o sentido dos próprios textos apontados: "Imprensa internacional não chama impeachment de golpe".
Apenas como exemplo, leia os dois últimos parágrafos da matéria: eles dizem exatamente o contrário do título.
O correspondente do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" foi o que chegou mais próximo de classificar o impeachment de "golpe". Em artigo de opinião intitulado "Quase um golpe: o processo contra a presidente é errado", Boris Herrmann afirma que a palavra golpe não é "necessária nem adequada", mas que o processo tem "contornos golpistas". "A tentativa de se livrar de uma presidente eleita" não é "processo democrático".
Outro correspondente no Brasil de veículo alemão, Jens Glüsing da revista "Der Spiegel", diz: "Partidários de Lula alertam para um 'golpe não tradicional' contra a democracia. Não dá para dizer que essa preocupação seja totalmente descabida", declara.
Ou seja, o jornal alemão diz que o impeachment tem "contornos golpistas", "não é um processo democrático", a outra revista publica um artigo (a matéria na Folha esconde isso) com o título "Crise de Estado no Brasil: o golpe frio", e a Folha publica uma matéria dizendo exatamente o contrário, que a imprensa internacional não chama o impeachment de golpe...
Além de ser um desrespeito à inteligência do leitor, é um atestado de que não apenas estamos diante de um golpe, mas de um golpe eminentemente midiático, que tenta desesperadamente enganar a opinião pública brasileira para que seja consumado.
Todo o texto é surreal.
Um case clássico de inversão de sentido.
Repare nesse outro trecho, que fala do Miami Herald:
O "Miami Herald" também critica a possível destituição."...Impeachment é uma punição exagerada para quebra de regras na administração do orçamento", diz o diário. "Persigam os corruptos e deixem os eleitores decidirem o destino de políticos incompetentes."
Dá vontade de rir. Se a matéria diz que o impeachment não pode ser punição para irregularidades menores de gestão de orçamento, e se insiste que o destino de políticos deve ser julgado pelas urnas, então está dado o recado, né?
O recado do Miami Herald é o seguinte: é golpe!
Com o golpe, a ditadura midiática entrou numa fase de negação primária da realidade.
É uma crise epistemológica radical. O leitor vê um cão, acaricia o cão, ouve-o latir, e aí pega os jornais brasileiros e se depara com a manchete: Eis um gato!
O mais ridículo é que, abaixo da manchete, está a foto de um cão!
Aí o leitor, irritado, vai à imprensa estrangeira. As reportagens da imprensa internacional estampam a foto de um cachorro, os textos falam que é um cachorro, e ainda acusam a imprensa brasileira de tentar enganar seus leitores dizendo que se trata de um gato.
O leitor então, sentindo-se vingado, publica em seu blog, em sua página no facebook, manda para os amigos via whatsapp, as matérias da imprensa estrangeira, acrescentando alguns comentários triunfantes: não falei que era um cachorro? Todos os jornais do mundo confirmam o que eu vi com meus próprios olhos! É um cachorro, ponto final!
E o que faz a imprensa brasileira? Escreve uma matéria dizendo que "a imprensa internacional não diz que é um cachorro", e recorta pedaços de texto em que mostra que tal matéria falou que o bicho late, é provavelmente um buldogue, ou um hotweiiler, mas não usa a palavra "cachorro"...
No fundo, tudo isso é uma grande palhaçada. Um joguinho terminológico infantil e perigoso, porque mesmo que a imprensa no mundo inteiro dissesse que não é golpe, mesmo que nos esfregassem na cara enormes editoriais do New York Times, Le Monde, Guardian, Spiegel, Miami Herald, editorais e reportagens que afirmassem que o impeachment é perfeitamente democrático, aconselhável até, que não é golpe, que as centenas de milhares de brasileiros que saíram às ruas denunciando o golpe estão loucos, mesmo assim, a gente precisaria acreditar em nossos próprios olhos: é um golpe, é um golpe, é um golpe. Porque impeachment precisa apontar crime de responsabilidade, e não há crime de responsabilidade. Ponto. É preciso que se prove "dolo" por parte da presidente, que ela tenha tido a intenção de cometer um crime. O que não aconteceu, nem sequer há qualquer coisa parecida no relatório do impeachment. Então é um golpe!
A imprensa nega que uma parte importante da opinião pública brasileira considera o impeachment um golpe. A própria Folha, há algumas semanas, entrevistou vários intelectuais, e 70% disseram que se trata de um golpe. Oito mil escritores, inclusive vários estrangeiros, assinaram manifesto denunciando o golpe. Outros tanto milhares de juristas brasileiros idem.
O prêmio Nobel da Paz acaba de visitar a presidenta Dilma e ir ao Senado e denunciar: "é um golpe".
Chico Buarque, Wanderley Guilherme dos Santos, Wagner Moura, Gregorio Duvivier, Jean Wyllys, todos denunciam o golpe. Nas capitais, nas semanas que antecederam a votação na Câmara dos Deputados, centenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas com cartazes e cantorias contra o golpe.
No próprio dia da votação, Brasília estava ocupada por manifestantes de todo país (muito mais gente, aliás, que os golpistas), todos portando algum tipo de cartaz ou faixa contra o golpe, denunciando o golpe, cantando refrões contra o golpe - nada disso existe ou tem importância para a imprensa brasileira?
No Rio, os movimentos pró-democracia botaram muito mais gente na rua, com mais frequência, mais organização, mais densidade e qualidade, do que os golpistas, e a imprensa brasileira insiste em falsear a realidade!
É um golpe e quiçá um dos golpes mais sórdidos já vistos no mundo, justamente por essa insuportável tentativa de manipular consciências, de deturpar a realidade!
Não à toa, o fotógrafo brasileiro que acabou de ganhar o Pulitzer, Mauricio Lima, protestou contra o golpe no Brasil e denunciou que a liberdade de expressão está sendo violada em nosso país, mostrando um cartaz contra a Globo.
Maurício Lima é um louco? Ele existe? Segundo a Globo e a Folha, Mauricio Lima, ganhador do Pulitzer, não existe, sua opinião não tem importância.
Talvez um desses jornais faça uma matéria amanhã com o título: "Maurício Lima não denunciou o golpe no Brasil". No texto, assinado por um pistoleiro qualquer, virá escrito que Maurício usou a palavra coup, e não golpe...
Existe várias maneiras de se violar a liberdade de expressão: uma delas é censurando; a outra é usando o monopólio da mídia para fazer prevalecer uma mentira; é usar o monopólio para enganar o povo e violar o processo democrático.
Essa é a denúncia de Maurício Lima. Essa é a nossa denúncia, por isso chamamos o golpe de "jurídico-midiático".
A mídia brasileira está fazendo um trabalho sórdido, de enganar a opinião pública nacional, tentando mostrar o impeachment como um processo democrático, o que não é.
O impeachment foi um processo urdido por setores golpistas da imprensa e do Judiciário, mancomunados com Eduardo Cunha, cujo nome dispensa qualificações.
Este impeachment, como foi conduzido, é um golpe.
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